O sucesso do Papa Francisco. Artigo de José María Castillo

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14 Novembro 2017

“O sucesso do Papa Francisco – e também seu fracasso – se explica e se entende a partir do momento em que, com o Evangelho nas mãos, percebemos que estamos testemunhando uma reprodução (tão tímida e pálida quanto se queira) do sucesso e do fracasso de Jesus”. A reflexão é de José María Castillo, teólogo espanhol, em artigo publicado por Religión Digital, 13-11-2017. A tradução é de André Langer.

Eis o artigo.

É um fato que o Papa Francisco está dando muito que falar. Alguns, a favor. E outros, contra, como sabemos. Mas o fato em si é indiscutível. Basta entrar nas redes sociais. E imediatamente, mais cedo ou mais tarde, aparece o papa. Este papa, não os anteriores. Qual é a explicação para esta inesgotável atualidade do Papa Bergoglio?

Cada um terá, sem dúvida, sua própria explicação. E é claro que haverá aqueles que dizem que tudo isso não tem nenhuma importância para eles. Mas, independentemente do que cada um estiver dizendo, o fato está aí. Por quê?

Não sei com certeza se estou certo. Em todo caso, tenho a intuição de que talvez possa oferecer alguma luz sobre este assunto a proposta que há alguns anos vem fazendo o famoso filósofo italiano Gianni Vattimo. Refiro-me ao tema do "pensamento fraco", sobre o qual tem sido dito com razão que essa maneira de pensar é logicamente o "pensamento dos fracos".

Eu não quero agora (nem se trata disso aqui) deter-me a explicar em que consiste a contribuição de Vattimo quando explicou em que consiste o chamado "pensamento fraco". Teríamos que falar sobre a crise da metafísica, sobre a contribuição que a este respeito deram Nietzsche, Heidegger ou Derrida, por exemplo. Não. Não é disso que se trata.

O que quero enfatizar é que o Papa Francisco atrai tanto a atenção pela simples razão de que fala para as pessoas simples e fracas de forma que todos se interessam e todos o entendem. Um fato que se acentua e se nota especialmente quando este papa abandona os textos, que seus teólogos certamente escrevem, e se coloca ele mesmo, espontaneamente, a dizer aos ouvintes o que lhe vem à mente e como lhe brota.

Por outro lado, insisto em que Bergoglio tem tanto mais sucesso, quanto mais simples e humildes são as pessoas que o escutam. É então que fica claro que, afetivamente, o "pensamento fraco" é justamente o "pensamento dos fracos". E é com eles que mais e melhor este papa está em sintonia.

Onde está o segredo desta sintonia? O professor Julio Moreno-Dávila explicou acertadamente a conexão que, obviamente, existe entre o "pensamento fraco" e a "fraqueza" do Deus "kenótico" (esvaziado), assim como o apóstolo Paulo apresenta o Deus do cristianismo, que se “despojou de sua condição” e apareceu em nossa terra “como um de nós”. Ou, mais exatamente, "sob a forma de escravo" (Fl 2, 6-8). É o Deus sem grandeza, humanizado na fraqueza de um modesto galileu, assim como foi, viveu e falou Jesus de Nazaré.

O sucesso do Papa Francisco – e também seu fracasso – se explica e se entende a partir do momento em que, com o Evangelho nas mãos, percebemos que estamos testemunhando uma reprodução (tão tímida e pálida quanto se queira) do sucesso e do fracasso de Jesus. E se, de fato, o Papa Francisco está reproduzindo o que acabei de apontar, não é isso que justifica o papa na Igreja e no mundo?

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