Stephen Bannon diz que os católicos “precisam de estrangeiros ilegais para encher as igrejas”

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08 Setembro 2017

O ex-estrategista-chefe da Casa Branca Stephen K. Bannon acredita que a Igreja Católica vem sendo “terrível” para Trump no tocante à imigração, acusando os bispos de apoiarem imigrantes com base em “interesse econômico” e porque são “incapazes de realmente entender e lidar com os problemas da Igreja”.

A reportagem é de Michael J. O’Loughlin, publicada por America, 07-09-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Em resposta a uma pergunta de Charlie Rose, do canal CBS News sobre a decisão de Trump de suspender o programa governamental DACA, Bannon, que deixou a Casa Branca mês passado e voltou para o sítio eletrônico conservador Breitbart, disse que não concorda com a decisão do presidente, mas que entende “o quanto Trump vem tendo de problemas a partir da decisão tomada”.

Rose perguntou a Bannon o que ele, na qualidade de “um bom católico”, achava da oposição anunciada pelo Cardeal Timothy Dolan à decisão do presidente. Dolan encontrou-se com Trump e sua esposa Melania durante o período de campanha e rezou no juramento presidencial em janeiro. Todavia, o religioso vem repetidas vezes condenando a retórica do governante a respeito da imigração assim como o fez quanto à decisão de suspender o DACA.

“A Igreja Católica está sendo terrível nesse caso. Os bispos estão sendo terríveis a este respeito”, disse Bannon.

Rose mostrou-se surpreso com a franqueza do entrevistado, dizendo: “Uau, isso é uma coisa dura de se dizer sobre a própria Igreja”.

Bannon continuou e disse que os bispos estão adentrando o terreno político – e se afastando do ensinamento católico – quando falam sobre o tema da imigração.

“Em se tratando de doutrina, eu respeito muito o Cardeal Dolan e os bispos, mas isso daqui não é doutrina. Não é doutrina, de forma alguma”, disse.

A Igreja Católica ensina que as nações têm o direito de assegurar as suas fronteiras, mas também que os países mais ricos devem apoiar os migrantes de modo que respeitem a família e permitam a oportunidade econômica. Este ensinamento foi promulgado repetidas vezes pela Igreja, inclusive na “Populorum Progressio”, encíclica papal de 1967, e encontra o seu fundamento nos evangelhos.

“Eu respeito totalmente o papa, e respeito totalmente os bispos e cardeais no que diz respeito à doutrina, [mas] isso daí não tem a ver com doutrina”, explicou Bannon. “Tem a ver com a soberania de uma nação. E, a este respeito, eles são apenas mais um alguém com opinião”.

Bannon foi assunto de um artigo amplamente discutido recentemente, escrito por duas pessoas próximas ao Papa Francisco. Nele, os autores condenam o que consideram uma relação cada vez mais forte entre fundamentalistas católicos e evangélicos nos EUA.

Após a decisão de Trump terça-feira, em que rescindiu um programa que pode afetar até 800 mil jovens atualmente vivendo nos EUA, os bispos reagiram energicamente. A Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos chamou a decisão de “repreensível”.

“Os bispos estão sendo terríveis nesse caso. Aliás, vocês sabem por quê? Sabem por quê? Porque incapazes de realmente (...) entender e lidar com os problemas da Igreja, eles precisam de estrangeiros ilegais, precisam de estrangeiros ilegais para encher as igrejas”, disse Bannon, segundo uma transcrição publicada pelo CBS News. “Isso fica óbvio em face do problema. É isso o que todos os bispos condenam nele [o presidente]. Eles têm um interesse econômico. Têm um interesse econômico na imigração ilimitada, na imigração ilegal ilimitada”.

Embora grande parte da América Latina continue esmagadoramente católica, os latinos que vivem nos EUA apresentam uma configuração mais complicada no quesito religioso. Um relatório de 2014 produzido pelo Centro de Pesquisas Pew (Pew Research Center) descobriu que só 55% dos latinos que vivem no país se identificam como católicos. Mesmo assim, um relatório divulgado esta semana pelo Public Religion Research Institute – PRRI mostra que o centro do catolicismo americano se moveu para a região sudoeste e que a Igreja está cada vez mais hispânica.

O apoio católico à migração é também um fenômeno mais complexo do que dá a entender Stephen Bannon. Por exemplo, o Papa Francisco vem falando repetidamente sobre a necessidade de a Igreja acolher os refugiados vindos de países de maioria muçulmana, chegando ao ponto de trazer famílias muçulmanas à Itália com ele num voo papal.

Os comentários do ex-estrategista-chefe foram postados um dia depois que alguns católicos expressaram descontentamento com a maneira que uma indicada católica para um cargo de juiz federal foi questionada pela senadora Dianne Feinstein, que a acusou de não ter condições de reger com justiça na questão do aborto por causa da fé católica que professa.

“Quando lemos os seus discursos, a conclusão que tiramos é que os dogmas tomam conta de você”, declarou Feinstein a Amy Coney Barrett, professora da Universidade de Notre Dame. “E isso é uma preocupação quando se tratar de importantes temas que um grande número de pessoas vem defendendo há anos neste país”.

A entrevista completa de Bannon irá ao ar domingo no programa 60 Minutes, no CBS News.

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