São Leopoldo: Debate sobre a realidade que temos e a que queremos

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Por: Carolina Lima e Marilene Maia | 22 Agosto 2016

Na última terça-feira, dia 23, a realidade de São Leopoldo foi objeto de análise de organizações e profissionais com atuação no município, com enfoque sobre o papel da “in-formação” e o acesso às bases de dados públicas.

Existe o entendimento de que a informação é poder, logo proporcionar a população o acesso à informação é capaz de gerar grandes mudanças. Para Paulo Mohnsam essa mudança não é de interesse das gestões públicas. “Assessorar e produzir conhecimento junto com a população não é interessante para os governos, porque mexe com as oligarquias e altera as relações de poder”, apontou.

O assunto foi abordado durante uma reunião entre trabalhadores, representantes de projetos sociais da Unisinos, lideranças políticas e o ObservaSinos, na terça-feira, dia 23-08-2016. O encontro teve o propósito de reunir dados sobre a realidade do município de São Leopoldo, como também fazer o cruzamento dessas realidades com o Diagnóstico Socioterritorial do município. O Diagnóstico teve como responsável técnico Paulo Mohnsam, graduado em sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e também sociólogo da Prefeitura Municipal de São Leopoldo.

Foto: Carolina Lima

Aproximação com a realidade de São Leopoldo

São Leopoldo é um dos 14 municípios que compõem a Região do Vale do Rio dos Sinos. Na região, a cidade capilé é uma das mais populosas, atrás apenas de Canoas e Novo Hamburgo. Segundo o IBGE, o município representa 2,07% da população do estado do Rio Grande do Sul, 5,3% da população da Região Metropolitana de Porto Alegre e 16,45% da população da Região do Vale do Sinos.

Além disso, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, 38,49% do eleitorado do município não possui ensino fundamental completo, enquanto o índice da Região do Vale do Sinos é de 35,4%. Em relação aos dados de saúde e segurança, 79,41% dos óbitos de adolescentes em São Leopoldo foram por causas externas; no contraste, o Vale do Sinos apresenta um indicador de 68%, segundo o Sistema de Informações sobre Mortalidade –SIM. No âmbito das doenças, em 2014 São Leopoldo apresentou um óbito por HIV a cada nove dias. Já sobre a situação do trabalho, a cidade teve 2.973 postos de empregos formais reduzidos no último ano, pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – CAGED. Desses, 255 postos eram ocupados por jovens de 15 a 29 anos.

Desafios do acesso à informação

Esses e outros indicadores foram debatidos durante a reunião da terça-feira, com o intuito de aproximar as realidades sobre São Leopoldo. A iniciativa foi do Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, a partir dos princípios de disponibilizar e publicizar dados que subsidiem o debate. Para Marilene Maia, coordenadora do observatório, a busca é que os dados sejam colhidos de plataformas abertas. “Temos como conceito o princípio de acessar bases de dados públicas que todos e todas tenham acesso, na busca de fortalecer a ideia que os dados sejam cada vez mais visíveis e fáceis de serem acessados pela população”, apontou.

Para Suzana Marino, do Centro de Cidadania e Ação Social – CCIAS, os dados são interessantes, pois apontam caminhos. “Os indicadores servem para embasar nossas políticas em cima de prioridades, servem para pensarmos estratégias”, afirmou. Ela ainda enfatizou que os dados têm o papel de provocar a sociedade civil sobre a realidade. Na mesma linha, Paulo Mohnsam destacou a importância dos dados para pensar a política de planejamento. “Quando não se tem informação, não se planeja. Sem planejamento, não temos nenhum lugar comum para se chegar”, destacou.

Para Tiago Silveira, fisioterapeuta e servidor público da área da saúde, não é apenas a falta de informação que impede avanços. “Na minha atuação na saúde, eu vejo o quanto não se prepara a sociedade para receber a informação, para a população não ficar dependente da gestão pública”, refletiu. Para Rodrigo Castilhos, do Fórum Municipal da Criança e do Adolescente de São Leopoldo, debater sobre os desafios da assistência social é essencial. “Nas minhas experiências com Assistência Social, a demanda sempre foi por atendimento. Assessoria, formação, controle social, não conseguíamos dar conta de fazer”, desabafou.

A partir dos desafios encontrados durante o debate, os participantes encaminharam um Seminário sobre dados de São Leopoldo para o dia 4 de outubro, no intuito de reunir informações sobre organizações e entidades que favoreçam o acesso aos dados, assessoramento, formação e controle social. “Vamos fazer um chamamento aberto para reunir quem faz assessoria, quem tem dados e quem está interessado no fortalecimento das políticas públicas”, apresentou Marilene Maia.

Também estiveram presentes no encontro Tatiana Lima, do Projeto Cidadania.com, e Matheus Nienow, acadêmico de Ciências Contábeis e membro da Equipe do ObservaSinos.

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