Terremoto no “ministério social” do Vaticano pela renúncia do padre argentino que estava a cargo da luta contra a covid-19

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27 Agosto 2021

 

Augusto Zampini havia sido designado pelo Papa Francisco em abril de 2020 para o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral; será substituído pela irmã salesiana Alessandra Smerilli, a primeira mulher que ocupa um cargo deste nível na Santa Sé, ainda que como inteirina.

A reportagem é de Elisabetta Piqué, publicada por La Nación, 26-08-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

O que significou um choque para o “ministério social” do Vaticano, o sacerdote argentino Augusto Zampini, que em abril de 2020 havia sido nomeado pelo Papa Francisco como secretário adjunto do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano e Integral e colocado à frente de uma força-tarefa sem precedentes para responder com urgência à pandemia e pós-pandemia do coronavírus, mas agora deixou seu cargo.

A Sala de Imprensa do Vaticano informou hoje que, para substituí-lo, o Papa nomeou “ad interim” a religiosa salesiana Alessandra Smerilli, uma economista que já trabalhava no dicastério, e que também substituirá o padre francês Bruno Marie Duffé, até então secretário da pasta. Os dois substituídos voltarão às suas dioceses, que no caso de Zampini é a de San Isidro. Embora “ad interim”, irmã Smerilli será a primeira mulher a ocupar um cargo deste nível no Vaticano.

“O Santo Padre, portanto, dispôs que a liderança da Comissão Covid-19 do Vaticano fosse formada por Sua Eminência o cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério, pela irmã Alessandra Smerilli, secretária 'ad interim', e pelo reverendo Fabio Baggio, subsecretário da Seção de Migrantes e Refugiados”, também indicou o Vaticano.

A saída de Zampini, de 52 anos, que antes de descobrir sua vocação sacerdotal era advogado na UCA e como tal trabalhava em bancos e multinacionais, causou muito barulho. Ele representou ar puro no Vaticano, onde se destacou por seu grande dinamismo e carisma que, segundo algumas fontes, provavelmente colidiu com um sistema ainda lento e burocrático. A substituição de Zampini veio depois que o Papa ordenou ao cardeal americano Blase Cupich, arcebispo de Chicago, uma investigação sobre o funcionamento de um dicastério relativamente novo, onde trabalham cerca de 70 pessoas, marcado pela existência de cinco subsecretários.

O Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral foi criado por Francisco em agosto de 2016 e foi o resultado da fusão de quatro Conselhos Pontifícios: o Conselho Pontifício para a Justiça e a Paz, o Conselho Pontifício “Cor unum”, o Conselho Pontifício para a Pastoral Assistência aos Migrantes e Itinerantes e Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde.

 

Despedida

 

Ordenado sacerdote na diocese de San Isidro em 2004, depois de se formar em teologia moral no Colegio Máximo, Zampini continuou seus estudos nas melhores universidades do mundo: obteve o título de mestre em Desenvolvimento Internacional na na Universidade de Bath, e o de doutor em Teologia Universidade de Roehampton, concluiu estágio pós-doutoral em Cambridge. Especialista em teologia moral ligada à economia e à ética ambiental, lecionou em várias universidades da Argentina e do Reino Unido. Com experiência na área de Ebola, desde 2017 trabalhou no Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral junto com o cardeal ganês Peter Turkson e foi um dos especialistas durante o Sínodo Pan-Amazônico. Foi nesse momento que se aproximou de Francisco, com quem concordou em deixar o seu cargo no Vaticano e regressar ao seu país, como ele próprio deu a conhecer aos seus colaboradores, como soube La Nación.

“O livro de Eclesiastes mostra que 'há um tempo para tudo... um tempo para plantar e um tempo para arrancar o que foi plantado'. Hoje, depois de um profundo discernimento, e de acordo e comunhão com meu bispo e com o Papa Francisco, é chegado o momento de deixar de abraçar minha missão em Roma, procurando fincar raízes em outro lugar”, anunciou Zampini há poucos dias.

“Estou infinitamente grato a Deus, ao Santo Padre, ao cardeal Turkson e a todos vocês por terem me dado a oportunidade de servi-los durante esses anos. Em particular, foi uma verdadeira honra ter participado da preparação para o futuro diante de um mundo doente, dilacerado e ferido por múltiplas crises. Juntos construímos algo criativo, ágil e profissional, com uma base evangélica e pastoral. Agora teremos que cultivar aquele terreno fértil que o Papa nos pediu para irmos, ajudando os outros, de baixo, a produzir frutos e frutos em abundância”, continuou. “Obrigado pela vossa fome e sede de promover o desenvolvimento e uma ecologia integral, onde os mais pobres e o lar comum tenham a preferência que merecem. Nunca os esquecerei e sempre estarão em minhas orações. E como diz o Papa, não se esqueçam de rezar por mim”, concluiu.

 

 

 

Imagem: Cadernos IHU Ideias N° 275

 

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