Instituições sob ataque

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04 Março 2021

"É paradoxal vermos deputados conspirando contra o próprio Congresso! No prédio ao lado, o Presidente da República em postura nada republicana, tem afrontado os outros Poderes, animando os seus fanáticos seguidores. A democracia no mundo corre sério perigo. O inimigo não está no bosque! Ele já entrou em casa", escreve Pe. Manuel Joaquim R. dos Santos, presbítero de Londrina – PR

Eis o artigo.

Entre as maiores queixas do momento, estão as que dão conta de incertezas sobre as Instituições e a sua autoridade. Isso vale para o Estado de Direito, constantemente posto em xeque por agentes com perfis autoritários e fascistas, mas também se aplica aos fiéis de Igrejas mais tradicionais. No que diz respeito às Instituições Democráticas, vemos um perverso uso delas para ascensão ao poder, de pessoas que no fundo, as abominam e desejam encerrar! São raríssimos no mundo os golpes miliares à l`ancienne! Jipes e cabos são metáforas de um tempo que não se repete.

Por outro lado, em várias regiões do Planeta, candidatos conseguem driblar as defesas naturais da democracia e serem empossados com pompa e circunstância, jurando defender as respectivas constituições! Uma vez lá, fazem de tudo para se perpetuar no poder eliminando todos os “obstáculos”, na sua ótica! Assim, acoplam o Parlamento, implodem o Supremo (com nomeações “adequadas”) e enquadram as Forças Armadas (geralmente elas, também sedentas de poder).

Hugo Chavez e Nicolás Maduro são mestres, mas têm, até entre os seus críticos, vários seguidores! O Cavalo de Tróia, é hoje o método mais sofisticado para golpear a Democracia e as suas Instituições. Questiona-se a validade delas, geralmente apontando para os altos custos e para posicionamentos inadequados à sua função. Explora-se a vida pessoal dos seus membros e denigre-se intensa e explicitamente nas Mídias Sociais, a imagem dessa Instituição.

É paradoxal vermos deputados conspirando contra o próprio Congresso! No prédio ao lado, o Presidente da República em postura nada republicana, tem afrontado os outros Poderes, animando os seus fanáticos seguidores. A democracia no mundo corre sério perigo. O inimigo não está no bosque! Ele já entrou em casa!

As Igrejas passam por um processo semelhante. E, pessoalmente, acredito que haja uma conexão entre esta e a situação anterior. Membros “filiados” questionam cada vez com mais frequência, as autoridades constituídas e o que é pior, líderes também o fazem, jogando para a plateia posições doutrinárias e teológicas eivadas de potencial confusão e cumprindo apenas o papel de deslegitimar a própria Instituição!

A CNBB recebe nos últimos anos a maior afronta, vinda exatamente de fiéis, padres e bispos que com seus posicionamentos ditos “conservadores”, visam desconstruir a história da mesma. Não existe mais pudor, ao trazer para a raia da discussão, ideias retrógadas que abominam o legítimo aggiornamento da fé. Como no denunciado método que possibilitou aos gregos conquistar Tróia, assim a Instituição católica se vê atacada internamente por gente, que ao abrigo do novo modus operandi de Francisco, extremamente tolerante com a oposição, avança como horda de bárbaros destruindo a harmonia que devia existir entre gente que pensa diferente.

O ataque às Instituições, embora revele a priori, um senso de liberdade de expressão e movimento dentro das mesmas, não tem coerência e não se coaduna com a lógica do debate desinteressado em busca da verdade. Não são democráticos os que procuram destruir as Instituições de Estado e não são católicos os que visam denegrir e destruir a sua Instituição, em nome da “conservação do patrimônio da fé”! Nada há a conservar quando esse termo se restringe à manutenção doutrinária e ao medo de se expor aos desafios que cada época traz. Políticos eleitos democraticamente que desejam virar ditadores, são golpistas.

Fiéis que questionam as boas intenções das suas Igrejas, sem provocar debates sérios (em Sínodos, Concílios etc) não prestam nenhum serviço profícuo à missão que a instituição se propõe. Enfim, a maioria das incertezas apregoadas como sinal do nosso tempo, são criadas em laboratório com objetivos bem específicos, como sejam, criar condições favoráveis a um caos, génesis de novas formas de poder. Lá como cá, o século XXI é pródigo a nos revelar um passado não tão distante. “Não há nada de novo debaixo do céu”! (Ecle 1,9)

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