Um delegado pontifício é nomeado para os Memores Domini, fundado por Luigi Giussani, de Comunhão e Libertação

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03 Julho 2020

"Durante o encontro, o cardeal Farrell também falou, sobretudo para expressar gratidão pelo carisma que a partir de Dom Luigi Giussani originou os Memores Domini. “O carisma que lhes foi confiado - disse o cardeal prefeito - é verdadeiramente um dom providencial do Espírito para o cumprimento da missão eclesial. Todos vocês que aderiram a esse carisma em resposta a um chamado divino encontram na fiel adesão a esse chamado um caminho de santidade reconhecido como tal pela Igreja", escreve Aldo Maria Valli, jornalista e escritor italiano, em artigo publicado em seu blog, 01-07-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo. 

Duc in altum pode publicar o texto do decreto com o qual o Dicastério para os leigos, a família e a vida nomeou um delegado pontifício, na pessoa do padre jesuíta Gianfranco Ghirlanda (professor emérito da faculdade de direito canônico da Universidade Gregoriana), a fim de orientar o processo de revisão do estatuto e diretório da associação leiga Memores Domini, composta por pessoas da Fraternidade de Comunhão e Libertação que seguem uma vocação de dedicação total a Deus, vivendo no mundo e praticando os conselhos evangélicos assumidos com compromisso pessoal e privado.

Hoje existem cerca de 1600 Memores Domini, presentes em trinta e dois países distribuídos da seguinte forma: treze na Europa, sete na América do Sul, quatro na África, quatro na América do Norte, três na Ásia e um no Oriente Médio.

O encontro durante a qual foi lido e entregue o decreto de nomeação do delegado pontifício ocorreu em 26 de junho, na presença do cardeal Kevin Farrell, prefeito do dicastério, de Antonella Frongillo, presidente dos Memores Domini, de membros do conselho de administração. da associação e responsáveis de algumas casas dos Memores. O próprio padre Ghirlanda estava presente, que, como veremos, especificou imediatamente alguns pontos que serão a linha inspiradora de sua ação.

Durante o encontro, o cardeal Farrell também falou, sobretudo para expressar gratidão pelo carisma que a partir de Dom Luigi Giussani originou os Memores Domini. “O carisma que lhes foi confiado - disse o cardeal prefeito - é verdadeiramente um dom providencial do Espírito para o cumprimento da missão eclesial. Todos vocês que aderiram a esse carisma em resposta a um chamado divino encontram na fiel adesão a esse chamado um caminho de santidade reconhecido como tal pela Igreja".

Mas, por que a convocação?

"O dicastério - explicou Farrell – convocou vocês hoje porque, ao exercer sua competência a serviço da associação dos fiéis, solicitou repetidamente à presidente, a partir de 29 de maio de 2018, que proceda à modificação de algumas regras contidas no diretório e a uma reforma do estatuto", mas como nenhuma proposta de revisão chegou ao Vaticano, o dicastério, em entendimento com o papa, decidiu justamente nomear o padre Ghirlanda como delegado pontifício da associação "para que a oriente no processo de revisão do diretório e do estatuto e contextualmente na solução de alguns problemas de associação já relatados ao dicastério".

Farrell, que mencionou a "preocupante suspensão da vida associativa", convidou todos os Memores Domini", como o Santo Padre já queria fazer por meio de sua carta de 2 de janeiro de 2020, endereçada à presidente, para receber de forma dócil e com espírito eclesial é a voz da Igreja à qual compete zelar sobre o bom exercício dos carismas".

Com as mesmas palavras usadas pelo papa na audiência pelos sessenta anos da fundação da Comunhão e Libertação (7 de março de 2015), Farrell pediu para evitar o risco de autorreferencialidade, "aquele se olhar no espelho que nos leva a ficar desorientados e nos transformar em meros empresários de uma ONG ".

Naquele duro discurso, o papa disse que fidelidade à tradição "significa manter vivo o fogo e não adorar as cinzas" e acrescentou: "Dom Giussani nunca perdoaria você por ter perdido a liberdade e se transformarem em guias de museus ou adoradores de cinzas. Mantenham vivo o fogo da memória daquele primeiro encontro e sejam livres! ". Mas, evidentemente, do ponto de vista da Santa Sé, os problemas não foram resolvidos e, portanto, eis a decisão oficial de enviar um delegado pontifício.

Durante o encontro, o padre Ghirlanda tomou a palavra e, depois de agradecer ao cardeal Farrell "pela confiança que me mostra ao confiar-me essa tarefa de acompanhamento e orientação no processo de revisão do estatuto e do regulamento" , explicou que “toda solicitação para rever os próprios textos normativos é considerada uma solicitação para aprofundar o carisma que deu origem a uma associação da qual se participa. Portanto, é hora de assumir a responsabilidade. O carisma é dado pelo Espírito à Igreja e não apenas aos membros de uma associação; portanto, a obra a que os membros são chamados pela Igreja no momento da revisão dos estatutos é cheia de responsabilidade em relação à própria Igreja".

Além de Cristo e da Igreja, disse o padre jesuíta, “dois outros devem ser os pontos de referência nesta jornada. Certamente, um ponto de referência só pode ser o fundador, mas o outro, igualmente fundamental, é a experiência espiritual que os membros da associação viveram e estão vivendo. De fato, é isso que orna vivo o carisma e o torna capaz de responder às variadas situações da sociedade e da Igreja. E é somente através dos membros que o carisma continua a viver no tempo".

"O fundador - disse ainda Ghirlanda - foi o instrumento através do qual a ação do Espírito passou, mas o Espírito continuou e continua ainda a agir através dos membros da associação, de modo que os depositários do carisma não são apenas os fundador ou apenas alguns membros da associação, mas todos são membros dela".

“Portanto, o momento atual deve ser compreendido em toda a sua positividade como momento de responsabilização para todos os membros, do qual somente poderá resultar um benefício para toda a associação. Certamente cada carisma tem sua própria especificidade. Deve haver uma clareza de identidade e deve ser nutrida. No entanto, isso não deve se tornar autorreferencialidade, como o Papa alertou, porque a associação morreria de asfixia e, mais cedo ou mais tarde, correria o risco de não receber alimentos da vida da Igreja".

“A experiência que faremos - concluiu o padre Ghirlanda - exige docilidade para ouvir os outros. Isso requer muita humildade. É uma questão de aprender a discernir o que vem do Espírito bom e o que vem do Espírito mau, que muitas vezes se esconde sob as aparências, como anjo de luz. E quanto mais se avança no caminho espiritual, mais o Maligno, inimigo da natureza humana, se esconde para puxar para o seu lado”.

As questões com as quais o delegado pontifício terá que se confrontar são numerosas e complexas. No centro está a figura do padre Julián Carrón, que é presidente da Comunhão e Libertação desde 2005, após a morte do padre Giussani, mas também é conselheiro eclesiástico dos Memores Domini: um papel duplo que coloca problemas do ponto de vista da democracia interna e a liberdade dos membros da associação.

De maneira mais geral, há a questão da crise de identidade que está marcando a CL, com uma consequente divisão dentro dela e o sofrimento daqueles na linha de Carrón que não reconhecem mais o movimento como foi preconizado e construído por Dom Giussani.

A íntegra do decreto, em italiano, pode ser lida aqui.

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