Espanha. Bergoglio "ausente" e o clero dividido

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

05 Abril 2019

"Por que o papa ainda não pôs os pés na Espanha?", questiona o jornal El Pais, que dá uma resposta com as palavras do próprio Pontífice em sua viagem ao Marrocos: "Eu irei quando houver paz. Primeiro, vocês têm que chegar a um acordo entre vocês.” A que Bergoglio estava se referindo? À crise catalã, talvez? Ou a polêmica exumação do ditador Francisco Franco? Ou - hipótese mais provável, também de acordo com o próprio jornal – o que trava a visita do Papa, duas vezes convidado, seria a luta entre facções dentro da Conferência Episcopal Espanhola, que vê contrapor-se duas visões não só da Igreja, mas também da sociedade em um momento histórico muito delicado.

A reportagem é de Alessia Grossi, publicada por il Fatto Quotidiano, 04-04-2019. A tradução é de Luisa Rabolini

Apesar da nomeação nos últimos três anos de cerca de vinte de "seus" bispos, na verdade, na CEE ainda é vencedora a facção "anti-Francisco", em temas sensíveis como: a pedofilia no clero, os bens eclesiásticos e, não menos importante, a questão da memória histórica, desejada pelos socialistas de Pedro Sanchez para restabelecer a verdade sobre as valas franquistas. Também sobre isso o Papa não quer se intrometer, mas, vindo de uma ditadura - aquela argentina - "culpada pelo desaparecimento de 30 mil pessoas, só pode apoiar a busca pelos 100 mil desaparecidos da Guerra Civil Espanhola", escreve El Pais.

Mas, acima de tudo, o que cria atritos com o Pontífice é aquela parte do clero espanhol bem representado pelo arcebispo de Alcalá de Henares, Juan Antonio Reig, sobre o qual outro jornal, El diario.es, desencavou o escândalo dos cursos de "cura gay", inclusive para menores de idade. Cursos ilegais para a lei de proteção das pessoas LGBTQ na Espanha, e certamente mal vistos pelo Papa Bergoglio.

Como se isso não bastasse, o mesmo jornal - que por sua investigação atraiu as críticas do grupo de pseudoterapia - também revela a ligação entre Reig e o líder do partido homofóbico e xenófobo espanhol Vox. Reig, de fato, é também o padre que em 2012 oficiou uma missa no centro de Madri em que auspiciava "o inferno para os homossexuais", uma das manifestações que se tornou um evento anual desde 2007, contra o governo socialista de José Luis Zapatero, empenhado em fazer leis para o casamento igualitário e os direitos dos homossexuais. Foram organizados pela associação HazteOir, que "defende as vítimas da ideologia de gênero", apoiada pela ala mais à direita dos Populares, como Santiago Abascal, na época político do PP e hoje líder do Vox, justamente. Um documento interno da Conferência já em 2011 pedia aos bispos para dissolver o vínculo com a associação homofóbica, porém hoje o trio HazteOir, Reig e Vox não só está no topo na Europa - a primeira é uma costela do CitizenGo, entre os organizadores do evento de Verona - mas também é o protagonista da campanha eleitoral para as eleições de 28 de abril, graças aos membros do Vox espalhados nas associações ultracatólicas.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Espanha. Bergoglio "ausente" e o clero dividido - Instituto Humanitas Unisinos - IHU