O Cardeal Marx acusa o Vaticano: destruídos dossiês sobre padres pedófilos, abolir o segredo pontifício

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24 Fevereiro 2019

Pela primeira vez um Cardeal denuncia publicamente a administração central da Santa Sé acusando-a de ter destruído dossiês sobre padres pedófilos. Sob alguns aspectos, é um “segredo de polichinelo” que na manhã do último sábado foi revelado pelo cardeal alemão Reinhard Marx, membro da C9 (o conselho que ajuda Papa Francisco a reformar a cúria) e relator no encontro sobre os abusos que se realizou no Vaticano. A apresentação feita por ele colou em foco dois pontos principais da justiça do Vaticano, a falta de transparência e a falta de rastreabilidade nos processos canônicos contra os padres abusadores.

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 23-02-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

"Os abusos sexuais contra crianças e jovens são em razoável medida devidos ao abuso de poder no âmbito da administração. A esse respeito - disse Marx - a administração não contribuiu para cumprir a missão da Igreja, mas, pelo contrário, a obscureceu, desacreditou e a tornou impossível. Os dossiês que poderiam ter documentado as terríveis ações e indicado o nome dos responsáveis foram destruídos ou nem mesmo criados. Em vez dos culpados, as vítimas foram repreendidas e o silêncio foi imposto a elas. As práticas e os procedimentos estabelecidos para julgar os crimes foram deliberadamente desatendidos ou, aliás, apagados ou desconsiderados. Os direitos das vítimas foram, de fato, pisoteados e deixados a critério dos indivíduos. São todos eventos em flagrante contradição com o que a Igreja deveria representar. A maneira em que a administração da Igreja foi estruturada e executada não tem contribuído para unir toda a humanidade e aproximar mais os homens de Deus, mas, ao contrário, violou tais objetivos."

O cardeal explicou que os procedimentos administrativos só se tornam transparentes se for "compreensível e rastreável quem fez o quê, quando, porquê e para quê, e o que foi decidido, rejeitado ou atribuído. Assim, as pessoas que dispõem de uma administração transparente podem trazer à luz erros e equívocos nas ações administrativas e se defender contra tais ações. Podem tornar, de forma vinculante, seu ponto de vista conhecido, e saber que será levado em conta. As pessoas que buscam a administração não devem se confrontar com uma estrutura de poder anônima, incompreensível, mas podem exercer um controle autodeterminado sobre as práticas administrativas. Sua análise se refere ao fato que às vítimas - nos processos canônicos - não é dada oportunidade de testemunhar em tribunal, não são informados dos resultados do processo e as sentenças permanecem secretas para o público. Marx acrescentou: "Não há alternativas à rastreabilidade e à transparência".

Por fim, último ponto sobre o qual a assembleia dentro da cúpula sobre os abusos pareceria dividida, diz respeito à revogação do segredo pontifício sobre os processos. "Qualquer objeção com base no segredo pontifício seria relevante apenas se pudessem ser indicados os motivos pelos quais o segredo pontifício deveria ser aplicado à repressão de crimes relativos aos abusos de menores. No atual estado das coisas, eu não tenho conhecimento de nenhum desses motivos".

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