Ernesto Cardenal. Não é um filho pródigo da Igreja

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18 Fevereiro 2019

“Hoje, o Papa Francisco, a quem interessa mais o Evangelho que o Direito Canônico, recebe Cardenal em seus braços de bom pastor, na Igreja que o havia rejeitado”, escreve Juan Arias, jornalista, em artigo publicado por El País, 17-02-2019. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

Em 1984, o Vaticano suspendeu a divinis o sacerdote e poeta Ernesto Cardenal. Roma não aceitou que colaborasse com o Governo de Nicarágua, do qual foi ministro. Hoje, o Papa Francisco, a quem interessa mais o Evangelho que o Direito Canônico, recebe-o em seus braços de bom pastor, na Igreja que o havia rejeitado.

Não é, no entanto, a volta do filho pródigo da parábola à casa de seu pai, porque até os guerrilheiros sandinistas chamavam Cardenal de “padre”. Viveu sempre a essência do sacerdócio primitivo. Não foi ele quem saiu. Expulsaram-lhe. Hoje, pediu, por humildade, retornar, mas sempre esteve dentro, como cristão e como sacerdote. Não é uma conversão sua. Foi o Papa Francisco e sua Igreja dos excluídos, que foi a de Cardenal, a que parece ter se convertido. A absolvição que o Papa Francisco lhe concedeu, ao final de sua longa vida, revela que se a Igreja não tivesse se colocado um dia ao lado dos opressores, mais que dos oprimidos, o poeta da vida e da fé nunca teria saído da Igreja.

A notícia de hoje adquire, se cabe, um maior simbolismo dada a crise de credibilidade que vive boa parte da Igreja enlameada em escândalos de pedofilia. Teria sido doloroso e injusto que em uma Igreja onde desde sacerdotes a cardeais, passando por bispos, são acusados de um pecado que ofende a crentes e agnósticos, um sacerdote como Ernesto Cardenal morresse com o estigma de ter sido expulso do sacerdócio.

A notícia é evangélica, já que evangelho significa “boa notícia”. Revela, por um lado, a profunda humildade de Cardenal e, por outro, a visão cristã e humana do Papa Francisco, que soube entender, melhor que seus antecessores que condenaram Cardenal, a identidade da Igreja das origens. Nela, o expulso cabia melhor e com maior credibilidade que tantos que seguem dentro e deveriam estar fora.

Se no Evangelho se diz que deveria haver maior alegria pela ovelha que volta ao rebanho, que pelas 100 que estavam dentro, hoje os cristãos deveriam sentir essa alegria de ver Cardenal novamente em seu seio. Com uma diferença. Os que estão dentro deveriam lhe pedir perdão, porque ele não se foi, nem se perdeu. Foi distanciado de seu rebanho por uma Igreja que parecia ter se esquecido de seu legado original.

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