16 Fevereiro 2019
Ele se recusou a suceder ao cardeal George Pell na cúpula da Secretaria da Economia, para permanecer Prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, o cardeal Kevin Joseph Farrell, que na última quinta-feira o Papa nomeou novo Camerlengo da Santa Igreja Romana, ou seja, aquele que gerencia a "Sede Vacante", que corresponde a todas as práticas que se seguem à morte ou à renúncia de um Pontífice.
A reportagem é de M.A. Calabrò, publicada por Huffington Post, 14-02-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
O escritório não se destina a práticas cerimoniais (tanto assim que, com seu brasão, são cunhadas as preciosas moedas da Sede Vacante). O escritório ficou vago após a morte do cardeal Jean Louis Tauran, em 5 de julho de 2018. Para a nomeação, foram necessários, portanto, sete meses. E isso se explica com a explosão do caso do "Comunicado" do ex-núncio nos Estados Unidos, Carlo Maria Viganò, deflagrado justamente durante o Encontro Mundial das Famílias, que foi realizado no final de agosto, em Dublin (evento organizado e executado por Farrell).
A escolha de Farrell é importante por várias razões. Primeiro de tudo, ele é norte-americano (apesar de ter nascido em Dublin), aliás, a partir de agora será o norte-americano mais importante na Cúria. E é, podemos dizer, um "conservador", considerando que iniciou sua trajetória eclesiástica na congregação dos Legionários de Cristo em 1966 (a congregação que tinha sido dirigida pelo pedófilo serial Maciel, condenado apenas em 2006), e foi ordenado sacerdote em 24 de dezembro de 1978 pelo cardeal Eduardo Francisco Pironio, arcebispo argentino com viés de santidade. Em 28 de dezembro do mesmo ano, Farrell foi nomeado por João Paulo II bispo auxiliar de Washington, recebendo a ordenação episcopal em 11 de fevereiro de 2002 pelo Cardeal Arcebispo Theodore Edgar McCarrick.
Como suposto "protegido" de McCarrick, o novo Camerlengo foi atacado pelo "dossiê Viganò". Farrell defendeu-se contra as acusações do ex-núncio, inclusive publicamente, alegando nunca ter sabido nada sobre os abusos do ex-cardeal de Washington. Desse ponto de vista, é significativo que sua nomeação como Camerlengo ocorra na véspera da publicação da Decisão da Congregação para a Doutrina da Fé em relação a McCarrick (quase certamente a laicização). Depois disso, evidentemente foram realizadas investigações minuciosas a seu respeito. Uma escolha que mostra uma boa dose de coragem por parte do Papa, já que o novo camerlengo esteve ligado a dois eclesiásticos condenados Santa Sé por pedofilia: Maciel e McCarrick.
A mensagem parece clara: cada um deve ser responsável por suas ações e não deve ser incriminado com base em rumores ou acusações infundadas.
Finalmente, há outro aspecto. Durante o ministério episcopal, Farrell foi responsável por vários cargos: chanceler da Universidade de Dallas; membro do conselho de administração da Universidade Católica da América, e da Papal Fundation, e moderador episcopal da consulta para a gestão financeira diocesana. Dentro da Conferência episcopal dos EUA ocupou as funções de tesoureiro, presidente da Comissão de Orçamento e Finanças e das coletas nacionais. Tem uma marcada competência econômica, portanto. Isso poderá ser usado em sua função como Camerlengo (pois vai preparar para os cardeais eleitores um resumo detalhado da situação econômica da Santa Sé). Como Camerlengo também poderia entrar, como seus antecessores, no conselho de administração do chamado Banco do Vaticano, ou seja, o IOR, o Instituto para as Obras de Religião.
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O novo camerlengo é norte-americano. De Francisco uma mensagem aos bispos dos EUA - Instituto Humanitas Unisinos - IHU