Morre o padre jesuíta Rayan: teologia pioneira com uma perspectiva asiática

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07 Janeiro 2019

O padre jesuíta Samuel Rayan, pioneiro da teologia de perspectiva asiática, considerada por colegas e líderes religiosos uma “interpretação radical da Bíblia", faleceu, aos 98 anos, no dia 2 de janeiro.

A informação é publicada por Catholic News Service, 03-01-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Samuel Rayan estava aposentado e sofria de demência. O padre jesuíta M.K. George, provincial de Kerala, disse ao ucanews.com que Rayan estava recebendo cuidados para doenças geriátricas há vários anos.

"O padre Rayan foi um pioneiro que fazia teologia a partir de uma perspectiva asiática ou de terceiro mundo", disse George.

O padre foi professor do seminário de teologia dos jesuítas do Vidyajyoti College, em Nova Deli, desde 1972. Também foi diretor de 1972 a 1976. Após mais de três décadas de docência, retornou para Kerala em 2010.

"Até a ascensão do padre Rayan como teólogo, as preocupações do povo na Índia não se encontravam na teologia da Europa Ocidental", disse P.T. Mathew, teólogo e colega.

O bispo Paul Mullassery, de Quilon, Índia, disse que a Igreja na Índia "jamais o esquecerá por sua interpretação radical da Bíblia e por ser um homem preocupado com os pobres e marginalizados".

Mullassery disse que a interpretação de Rayan da Bíblia poderia ser amplamente classificada como parte da teologia da libertação, que tem sido considerada controversa por suas ligações com o marxismo.

"Mas a versão dele não era a versão militante da teologia da libertação. Sua teologia vinha de sua profunda reflexão sobre o Evangelho”, disse Mullassery.

Segundo o bispo, Rayan defendia os pobres e o meio ambiente, e sua teologia era profundamente baseada nos valores do Evangelho.

Em uma entrevista ao ucanews.com em 1999, Rayan disse que fazer teologia na Índia é “colocar a fé cristã e a realidade indiana frente a frente. ... Faz com que a fé cristã e as situações da vida do povo se encontrem, interajam e interpretem mutuamente.

"O arroz deve ser compartilhado, o pão, partido e dividido. Cada prato e cada barriga ficarão cheios. Deixar um prato vazio é roubar a história de seu significado; pegar um prato só para mim é esvaziar a história de Deus", dizia.

P.K. Michael Tharakan, presidente do Conselho de Kerala para a Pesquisa Histórica, lembra o padre falecido por sua simplicidade.

Tharakan disse que em uma visita o príncipe Charles perguntou a Rayan como os indianos conseguiam coexistir pacificamente apesar das diferentes crenças. Rayan teria dito que "Deus não pode ser entendido com uma única religião, é um fenômeno compreendido por diferentes experiências religiosas".

Rayan nasceu no dia 23 de julho de 1920, em uma vila no distrito de Kollam. Ele era o quarto filho dentre seis meninos e duas meninas.

Ingressou no noviciado jesuíta em 1939 e foi ordenado sacerdote em 1955. Começou o doutorado em Roma em 1960.

Além disso, Rayan foi membro fundador da Associação Ecumênica de Teólogos e Teólogas do Terceiro Mundo.

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