Trump pede ao México que impeça a entrada de três mil migrantes hondurenhos que estão a caminho do seu país

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20 Outubro 2018

EUA ameaça mandar tropas à fronteira.

Uma caravana com milhares de migrantes saiu de Honduras no sábado e está no limite da Guatemala e do México. Esse último enviou 200 oficiais da Polícia Federal à fronteira. Trump lançou duras advertências ao seu vizinho do sul.

A reportagem é publicada por Página|12, 19-10-2018. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

O presidente norte-americano Donald Trump, na quinta-feira, 18-10-2018, ameaçou o México com o envio do Exército à fronteira comum e fechá-la, caso o México não impeça a entrada dos três mil migrantes hondurenhos que estão próximos a chegar ao país azteca, para depois seguir até os Estados Unidos. “Devo, em termos mais firmes, pedir ao México que detenha esse avanço, e se não conseguir fazê-lo, chamarei os militares e fecharei nossa fronteira sul!”, tuitou o mandatário que também lançou críticas contra seus homólogos centro-americanos e contra os democratas.

O líder republicano, afeito às redes sociais, continuou: “vejo o ataque liderado pelo Partido Democrata (porque quer fronteiras abertas e as débeis leis existentes) contra nosso país da Guatemala, Honduras e El Salvador, cujos líderes fazem pouco para deter esse grande fluxo de pessoas, incluindo muitos criminais”, arremeteu o mandatário republicano a menos de três semanas de celebrar-se das eleições legislativas.

México, por sua parte, se prepara à iminente chegada dos milhares de hondurenhos que deixaram seu país no sábado passado, com intenção de ir até os Estados Unidos, e recentemente na quarta-feira chegaram à fronteira da Guatemala. O país azteca já advertiu que deportará aqueles que entrarem de forma ilegal, ainda que atenda aos que solicitem refúgio. “O tema vai ser muito complexo pelo elevado volume de migrantes que se está falando”, apontou o título do Instituto Nacional de Migração (INM), Gerardo Elias Garcia Benavente que também recordou que existem vias legais para que os migrantes sejam atendidos pelas autoridades mexicanas. “Haverá quem solicite um visto por razões humanitárias (...) e quem solicite refúgio, gente que não pode estar em seu país e tem a necessidade de abandoná-lo”, explicou Benavente.

Interrogado pela ameaça de Trump, o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) do México, Luis Raul González, declarou que a força, a violência e a ameaça nunca foram a resposta a necessidades de proteção de pessoas que não migram por gosto, mas sim por necessidade. “Migram porque não tem o que comer ou preservando a vida, e o México tem que ser congruente de rechaçar essa política de ódio, xenofóbica e racista dos Estados Unidos”, manifestou, interpelando os mexicanos. “Devemos antepor a dignidade nacional rechaçando essas condutas, não cair na provocação de contestar da mesma forma, mas sim com a razão, com o direito e aplicando o princípio da congruência, que significa o mesmo trato que queremos para os nacionais dos Estados Unidos, daremos aos centroamericanos”, recomendou.

Uma parte das três mil pessoas que formam a caravana, está abrigada na Casa do Migrante de Tecún Umán, localidade que está separada do país mexicano pelo rio Suchiate. Os restantes ainda estão mais longe do passo fronteiriço, e outros 200 decidiram retornar a Honduras. O governo hondurenho ofereceu para eles um retorno assistido para que possam ser transportados aos seus lares em condições seguras.

O presidente guatemalteco, Jimmy Morales, criticou ontem a entrada massiva de hondurenhos no seu país, alertando sobre o risco que implicaria uma entrada sem controle. “A caravana de migrantes pode ter motivos equivocados, não vou discuti-los nesse momento. Possivelmente possam ser reais ou provocados”, afirmou durante a inauguração da X Conferência Iberoamericana de Ministros do Trabalho, Emprego e Seguridade.

No seu discurso, o presidente admitiu que a Guatemala está vivendo uma experiência complexa há alguns dias, com uma migração “muito, muito forte e muito importante”. Diante disso, Morales exigiu políticas mais profundas na região. “Temos que fazer mudanças realmente importantes para que seja inclusiva e sustentável essa criação de emprego” na região, limitou”.

Do mesmo modo, as autoridades hondurenhas rechaçaram a mobilização assegurando que está motivada por fins políticos e partidários. Uma acusação que foi rechaçada pelo coletivo migrante. Enquanto isso e em vistas de encontrar uma solução política à crise migratória, os chanceleres e vice-chanceleres de Honduras, Guatemala e El Salvador se reuniram na quarta-feira em Tegucigalpa para analisar possíveis soluções. Também participou um enviado especial do presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador. “Culminamos com êxito a importante reunião, com o fim de criar uma estratégia de desenvolvimento conjunto entre países do Triângulo Norte (da América Central) e México, com acompanhamento do próximo chanceler do México (...) buscando alternativas para alcançar o bem-estar ao povo”, assegurou a ministra hondurenha de Relações Exteriores, Maria Aguero. Ademais, informou que a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL) acompanhará o esforço de desenhar uma estratégia regional em harmonia com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. O comunicado emitido por Honduras destaca que os ministros acordaram formular um documento de projeto, que estabeleça ações orientadas a propiciar o mais alto nível de desenvolvimento e bem-estar dos quatro países.

No caso de que os migrantes peçam refúgio ao México, a Comissão Mexicana de Ajuda a Refugiados (Comar) será o órgão encarregado de realizar o trâmite. A lei migratória estabelece que as autoridades deverão dar respostas em um prazo máximo de 45 dias. Durante esse tempo, os migrantes deverão permanecer em uma estação migratória.

Enquanto isso, o México enviou 200 oficiais da Polícia Federal à fronteira com a Guatemala. “Nossa presença é a aposta por uma migração segura e regular”, disse a Foro TV, o comissário da tropa, Manelich Castilla. Os agentes federais que foram enviados aos pontos por onde entrarão os migrantes, não têm armas e conhecem o protocolo para evitar o uso excessivo da força, assegurou Castilla.

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