“Nem todos os trabalhos são dignos”, denuncia cardeal Turkson

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04 Agosto 2018

Em algumas declarações para a revista católica italiana mais antiga, Civiltà Cattolica, fundada em 1859 e pertencente à Companhia de Jesus, o cardeal Turkson afirmou que só se pode falar de ‘trabalho digno e humano”, “se a dignidade da pessoa é respeitada no contexto trabalhista”.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 03-08-2018. A tradução é do Cepat.

“Nem todos os trabalhos são dignos”, disse Turkson, pois o trabalho “que humilha a dignidade das pessoas, incluídos os que alimentam as guerras com a construção de armas, que vendem o valor do corpo com o tráfico da prostituição e exploram as crianças: são indignos”. E além de ser indignos, “ofendem a dignidade do trabalho” – acrescentou o cardeal –, “inclusive o trabalho obscuro, os trabalhos que discriminam as mulheres e aqueles que não incluem os deficientes”.

O Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral recorda que as consequências da grave crise econômica e financeira “foram muito fortes no mundo do trabalho” e geraram “um aumento da taxa de desemprego juvenil e das pessoas de mais de 50 anos”.

Frente a este grande problema de desemprego, Turkson destaca que as eleições políticas devem ser dirigidas “a devolver a dignidade da pessoa humana ao centro do mundo trabalhista”, optando pelo fomento da inovação empresarial, a alternância entre o trabalho e a escola, os investimentos em infraestruturas e por um sistema financeiro chamado a apoiar a economia real e não a empreender transações financeiras arriscadas.

Além disso, o Cardeal afirma que “o homem não pode viver sem trabalho, porque é o trabalho que lhe permite se dar conta da plenitude de sua dignidade humana” e explica que é por este motivo que no magistério social dos Papas “o trabalho é tratado como uma parte integral da dignidade do homem”.

E, neste sentido, a Igreja desempenha um papel importante: o de doadora. A Igreja Católica promove o trabalho digno e tem como função “denunciar contextos ocupacionais nos quais não existem condições de trabalho dignas”, destaca Turkson.

Centrando-se na relação entre o trabalho e a justiça, o cardeal Turkson observou que a remuneração é indubitavelmente uma ferramenta importante a se levar em consideração: “todo trabalhador deveria desfrutar de uma remuneração que, para além de seu próprio sustento, também lhe permitisse investir em seu desenvolvimento humano integral”. E no caso de uma família, o Cardeal enfatizou que tal remuneração deveria sustentar também a todos os seus membros: “Para um pai e uma mãe, o salário adequado deveria conferir também os meios econômicos para promover o desenvolvimento integral das crianças, garantindo-lhes a possibilidade de estudar e se formar como pessoas e como trabalhadores”.

Além disso, o Cardeal explica que a entrada ao mercado de trabalho de imigrantes, dispostos a aceitar salários mais baixos, “levou a uma desvalorização dos custos trabalhistas”. “As empresas – diz Turkson –, com a finalidade de maximizar os lucros, foram em busca de mão de obra barata nos países mais pobres e realocaram suas atividades ali, ou parte delas, para explorar a vantagem comparativa da mão de obra menos custosa”, algo que teve “clara repercussões” no emprego nos países europeus. Frente a isto, o Cardeal apresenta como solução: “melhorar as condições de vida dos trabalhadores de baixo custo nos países em desenvolvimento e dos imigrantes em nossos países, com um salário justo”.

Por fim, o cardeal Turkson expressa proximidade “a todos os jovens desempregados, àqueles que não estudam e àqueles que não procuram trabalho porque perderam a confiança na possibilidade de encontrar um” e lhes exorta a “não se dar por vencidos, a continuar se comprometendo, a estudar, a se sacrificar, a estimular seu espírito de iniciativa e colaboração” e que desta maneira – aponta – “desenvolvem novas ideias e novos projetos de trabalho”. “Jovens – conclui o cardeal Turkson – sejam fortes e perseverantes na busca de trabalho e não se deixem desanimar”.

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