À margem de um discurso sobre a família

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27 Junho 2018

"As palavras de Francisco assumem, no final, um viés de pungente sensibilidade, olhando para os componentes mais fracos e frágeis da família: crianças e avós. À sua fraqueza e fragilidade são confiadas às futuras sortes das famílias, chamadas pelas inevitáveis urgências sociais a uma experiência de acolhimento cada vez mais aberta e sempre menos nuclear e autorreferencial", escreve Mario Corbo, em artigo publicado por Settimana News, 25-06-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

No sábado, 16 de junho de 2018 - quase simultaneamente com a publicação da última edição de Micromega - O papa Francisco recebeu no Vaticano, na Sala Clementina, uma delegação do Fórum de Associações Familiares. Como é do conhecimento de todos, a respeitada revista dedicou ao pontífice um dossiê muito crítico (4/2018), intitulado “A falsa revolução do Papa Bergoglio", há algumas horas nas bancas quando Francisco, em um discurso de improviso, fazia algumas declarações sobre o valor e o sentido de família, que logo acenderiam ainda mais a polêmica inerente à natureza de seu pontificado, polêmica ainda em plena fase de expansão.

Para dizer a verdade, nos dias imediatamente sucessivos ao seu discurso na Sala Clementina, a imprensa reproduziu trechos das declarações do Papa, com aspas, por vezes incongruentes entre si e com comentários frequentemente fugazes e superficiais, a ponto de gerar confusão, consternação ou imediata e explícita condenação, de acordo com a atitude interior e predisposição de ânimo do leitor. Refiro-me, naturalmente, ao leitor crítico, representante da chamada "esquerda eclesial", enquanto imagino que, ao contrário, por parte dos cristãos fundamentalistas tenha havido um coro de consentimentos às supostas afirmações papais sobre as famílias arco-íris, que teriam sido totalmente "apagadas" pelas suas palavras fortes e discriminatórias, pronunciadas de forma desvairada, sobre o aborto, que teria sido comparado, sic et sempliciter, às práticas adotadas pelo nazismo e, finalmente, sobre as mulheres, convidadas a ficar em casa para esperar em silêncio o retorno de maridos infiéis, como foi relatado pela maioria dos jornais, confirmando a mentalidade conservadora de um homem que veio de uma terra nos confins do mundo, mentalidade que finalmente estaria se revelando em toda a sua irreprimível veemência.

Antes de expressar julgamentos precipitados e fazer processos sumários pareceu-me apropriado tentar compreender melhor, lendo as declarações integrais de Bergoglio, colocadas no contexto em que foram faladas. Eu procurei na web e nos principais órgãos de imprensa o famigerado texto do discurso de 16 de junho, o texto que teria finalmente trazido a público o verdadeiro espírito deste pontífice, até agora um hábil dissimulador de sua verdadeira natureza. Certamente, por minha incapacidade, não encontrei em nenhum lugar o discurso completo de 16 de junho, mas apenas trechos desorganizados e, portanto, pensei em me dirigir à fonte oficial, o site da Santa Sé (vatican.va). Ao entrar no site, foi fácil encontrar o que me interessava. Quanto ao encontro do Santo Padre Francisco com a delegação do Fórum das Associações Familiares, realizada em 16 de junho, são transcritos dois discursos: "Discurso do Santo Padre improvisado" e, depois, "Discurso do Santo Padre preparado" . Em suma, há um discurso oficial, publicado, mas não proferido publicamente, e, um discurso não-oficial (se não se tratasse do papa, poderíamos dizer, "privado"), improvisado e proferido de improviso no encontro com a delegação do Fórum das Associações Familiares, à qual, obviamente, o papa quis se dirigir usando tons e palavras familiares (falava-se, aliás, de família e o que poderia ser mais familiar do que a família!).

Impulsionado por uma incontrolável curiosidade, em primeiro lugar, eu li de ponta a ponta o discurso oficial, aquele escrito e preparado, mas nunca proferido, em busca das famigeradas afirmações que, fruto de meditação e elaboração, constituem doutrina e teriam finalmente mostrado a verdadeira natureza desse homem, acusado de ser ancorado a posições obscurantistas no que diz respeito à família e às problemáticas a esta ligadas. Eu li, reli, mas não encontrei nem mesmo a sombra das tais declarações irresponsáveis, nem mesmo um aceno. Em suma, no plano oficial, no texto que havia preparado para a ocasião, o papa fala sobre a família coisas compartilháveis, na esteira de documentos já promulgados, movendo-se, é claro, em uma ótica em que é forte a referência aos valores fundadores do cristianismo (mas, por outro lado, como poderia ser de outra forma!).

Nesse ponto eu passei para a leitura do “Discurso do Santo Padre improvisado”, como é definido no site da Santa Sé a intervenção do Papa Francisco em 16 de junho, que não poderia não conter as controversas declarações. Vou tentar traçar as linhas de argumentação desenvolvida nele e, especialmente, vou me esforçar para apreender o espírito que move esse homem quando fala, ciente de sua grandeza e de minha pequenez, que tornarão extremamente árdua a tarefa.

As palavras de abertura do papa são verdadeiramente 'revolucionárias' em relação a qualquer protocolo e costume, não no sentido de uma aparente revolução, mas de forma real e concreta. Francisco imediatamente se descentraliza, colocando-se idealmente às margens da assembleia e colocando no centro um dos participantes, um tal Gianluigi, que tinha tomado a palavra antes de sua intervenção. As palavras de Gianluigi sobre a família impressionaram profundamente o ânimo de Francisco, por serem imbuídas de paixão, ao ponto de induzir o papa a mudar todo o programa, e dizer: "Eu preparei um discurso. Mas depois do fervor com que ele falou, achei que o meu parece frio. Entrego-o para que seja distribuído, e depois o publicarei". O Papa, mais uma vez surpreende a todos e propõe um modus agendi já implementado em outras ocasiões, mas que, apesar disso, nunca deixa de surpreender pela radical contra-tendência em relação aos cânones de comportamento sedimentados na pluri-milenar história da Igreja e do papado.

Francisco considera inadequado seu discurso bem preparado, mas frio, e decide falar com o coração, assim como fez Gianluigi: "Ele falou com o coração, e todos vós quereis falar assim. Inspirar-me-ei no que ele disse e também eu gostaria de falar com o coração, e dizer o que senti no coração enquanto ele falava." A intenção expressa pelo Papa é clara: abandonar todo formalismo racional e convencional e dar espaço para as emoções profundas que um tema como a família desperta na alma de qualquer um, por tocar cordas íntimas e inacessíveis, âmbitos não transitáveis através do rigor da lógica e da pureza da razão: "Enquanto ele falava, vinham à minha mente e ao coração muitas coisas, muitas realidades sobre a família, coisas que não se dizem, não são ditas normalmente ou, se se dizem, são ditas de maneira bem educada." Em suma - parece estar dizendo Francisco - a família é um tema tão delicado e importante que é certo confrontar-se com ele, não só do ponto de vista racional, mas também da própria vivência, daquelas memórias que ficam indeléveis em cantos remotos da consciência e da não-consciência, para colocá-las juntos e compartilhá-las, mesmo correndo o risco de perder a lucidez formal e dizer "muitas coisas que não se dizem, não são normalmente ditas." O resultado é um discurso intenso e comovente que revela plenamente, talvez ainda mais que os pronunciamentos canônicos e oficiais, a sensibilidade de um homem já idoso que fala seguindo o fluxo ininterrupto da consciência, em que palavras aparentemente insignificantes ou simples gestos ligados a uma vida muito distante desencadeiam memórias e emoções que não são facilmente transferíveis no discurso escrito. Assim, gradualmente toma forma um texto de ritmo nem sempre fluido, típico da linguagem oral, construído através de palavras que denotam estados de ânimo, situações, desejos, valores, palavras faladas e compartilhadas com os ouvintes, sem qualquer mediação ou censura na certeza de ser compreendido e amado. Um texto que revela, por parte de Francisco, absoluta confiança nos outros, aos quais decide confiar o que de mais profundo reside na alma, sem qualquer hesitação. Parece que Francisco diga: o outro não pode me trair, eu posso dizer-lhe tudo, absolutamente tudo, porque eu amo quem está na minha frente e eu estou certo de ser também amado.

Agora vejamos quais são essas "palavras" ou "conceitos" significativos, inerentes à família, que partem do coração de Francisco e são confiados ao coração de quem escuta e lê. Por necessidades de síntese vou enumerá-los, tentando reconstruir brevemente o contexto significativo em que vieram à luz durante o discurso papal:

Olhar-se nos olhos: quem se ama de verdade olha-se nos olhos, não pode evitá-lo. Francisco, a este respeito, conta uma anedota sobre um casal que estava comemorando o sexagésimo aniversário de casamento, e que, durante o encontro com ele, continuava a olhar-se nos olhos, dizendo: "Estamos apaixonados." Ele diz: "Nunca esquecerei isto. "Depois de sessenta anos estamos apaixonados." O calor da família que cresce, o amor que não é um amor de romance. É um amor verdadeiro. Permanecer apaixonados por toda a vida, com tantos problemas que surgem... Mas apaixonados.. "

Paciência: palavra-chave nas dinâmicas da vida familiar "a paciência de se suportar reciprocamente", em nome do amor. A centralidade deste valor é demonstrada emblematicamente por casais mais velhos com muitos anos de casamento. Para os casais jovens, muitas vezes bastante impaciente, Francisco recomenda: "é normal que se discuta, porque somos pessoas livres, e se houver um problema devemos esclarecê-lo. Mas não terminar o dia sem fazer as pazes. Por quê? Porque a ‘guerra fria’ do dia seguinte é muito perigosa".

Sacrifício: "A vida de família: é um sacrifício, mas um bom sacrifício. [...] O amor no matrimônio é um desafio, para o homem e para a mulher. Qual é o maior desafio do homem? Tornar mais mulher a sua esposa. Mais mulher. Que cresça como mulher. E qual é o desafio da mulher? Tornar mais homem o seu marido. E assim ambos vão em frente. Prosseguem." A família, lugar de liberdade, onde cada um dos protagonistas aperfeiçoa e melhora o seu ser, tornando-se, em relação libertadora com o outro, cada vez mais si mesmo. Esta é a tese de Francisco, que não me parece absolutamente misógina.

Neste contexto de argumentação, Francisco volta novamente ao conceito de paciência, citado na fase inicial do discurso, e o utiliza para abordar com extrema delicadeza, o tema da infidelidade, que obviamente diz respeito a ambos os cônjuges. Ele se dirige principalmente às mulheres, só porque ele pensa (com ou sem razão?) que os homens infiéis são quantitativamente mais numerosos que as mulheres, por nenhuma outra razão ou por misoginia, como foi afirmado de forma inadequada, distorcendo substancialmente o seu pensamento. Francisco não dá conselhos sobre como se comportar em tal contingência, mas limita-se a descrever um dado de realidade, um comportamento tantas vezes assumido pelas mulheres (e no caso de partes invertidas, também pelos homens: "Muitas mulheres [...] mas também às vezes até o homem o faz", que tiveram paciência, souberam esperar, perdoando e "salvando", desta forma, o casamento.

O Papa não justifica em absoluto - como sugeriram muitas sínteses “de divulgação” propostas nos últimos dias pela mídia - a traição por um cônjuge (marido) e a espera passiva por parte do outro (a esposa), mas focaliza o discurso sobre o poder de resolução do perdão. A paciência "que tudo perdoa porque ama" é uma forma de "santidade", capaz de proteger a família das forças desagregadoras e centrífugas, que de outra forma – deixa entender o papa – a investiriam facilmente e fatalmente, orientando-a com frequência para um fim precoce. Amor, paciência e perdão é a linha argumentativa, onde o amor é a raiz da qual pode brotar o fruto do perdão. Na ótica de Francisco, o amor paciente que sabe perdoar, não é uma forma de passividade, fraqueza ou admissão de subalternidade, mas a condição psicológica de alguém que está consciente da própria força e do poder decisivo do amor que perdoa, garantia da possibilidade para instaurar relações inter-humanas não autorreferenciais, mas sinceramente abertas à escuta do outro.

Consigo perceber. Esses podem parecer valores morais antiquados inerentes a uma moral já obsoleta, mas são os valores fundamentais da fé cristã, imprescindíveis para sentir-se ou definir-se como tal. Francisco não se coloca com a postura dogmática do defensor fidei, não os apresenta como prescritivos e como os únicos possíveis ("Pode ser que um homem e uma mulher não sejam crentes: mas se se amarem e se unirem em matrimônio, são imagem e semelhança de Deus, mesmo que não acreditem"), não aventa penalidades ou punições divinas para aqueles que, eventualmente, decidam não segui-los, mas apresenta-os somente como preferíveis, como opcionais para alma que queira sair dos os limites estreitos do próprio eu para ir realmente ao encontro do outro.

Com licença, desculpa, obrigado: pedir permissão, saber pedir desculpa e agradecer são três "palavras mágicas" no casamento, expressão de uma "grandeza de coração", assim pensa Francisco.

A educação dos filhos: responsabilidade difícil e muito exigente. O tema dos filhos e de sua educação desloca por um momento, inevitavelmente, o eixo do discurso. A família, como lugar em que se realiza a formação primária da prole e, portanto, a perpetuação da espécie, é chamada a desempenhar tarefas que exigem escolhas ponderadas e maduras pelos cônjuges. O papa lembra que o próprio Jesus, quando fala do matrimônio, diz: “’O homem deixará pai e mãe e com a sua esposa tornar-se-ão uma só carne’. Porque são imagem e semelhança de Deus. Sois ícones de Deus: a família é ícone de Deus. O homem e a mulher: são precisamente a imagem de Deus. Ele disse-o, não sou eu quem o diz. E isto é grandioso, é sagrado". Neste ponto deparamo-nos com o segundo nó controverso desse esplêndido discurso: a questão das chamadas famílias arco-íris, que teriam sido completamente apagadas pelas palavras de Francisco. O tema liga-se ao que foi dito até aqui sobre a família como "ícone de Deus."

É evidente que Francisco considere a estrutura familiar tradicional de tipo heterossexual aquela que, strictu sensu, melhor encarna a imagem que emerge na Bíblia do núcleo familiar. Dito isso, porém, ele não pretende apagar nem negar nada, não emite qualquer juízo ou condenação ética, não sobe na cátedra, como poderia, mas aceita um dado de realidade, ou seja, a existência inquestionável de famílias "diversificadas" , para descrever as quais adota a categoria da "analogia." Em nenhuma passagem do discurso, ele nega que esse variegado planeta arco-íris seja composto por famílias. Ele poderia simplesmente chamá-las de "uniões", mas toma cuidado para não fazê-lo. Essas são certamente famílias, mas por "analogia", afirma Francisco. O conceito de "analogia" é inclusivo, não exclusivo, indica comensurabilidade, proporção, relação. Francisco o usa para descrever o fenômeno das chamadas famílias arco-íris justamente para acolher, entrar em relação, descrever com amor. Como são famílias por analogia, aquelas formadas por árvores e estrelas, do mesmo modo analógico, devem ser consideradas famílias aquelas arco-íris. Em outras palavras, a família tradicional (homem / mulher), deputada pela biologia para manter em vida a espécie e considerada na Bíblia "ícone de Deus", de acordo com o pensamento de Francisco deve ser considerada família stricto sensu; as outras tipologias de convivência, em sua articulação variegada, também constituem famílias, mas o são por serem determinadas e organizadas em analogia com o modelo primário.

A análise de Francisco, é claro, pode não ser compartilhada, mas, como se vê, está muito longe da negação e eliminação total das famílias arco-íris, como foi argumentado nestes dias e, como é afirmado na imprensa fundamentalista de direita. Nunca é formulada qualquer condenação preconceituosa, aliás, parece-me que exista um reconhecimento e aceitação da estruturação familiar própria da sociedade atual.

Crianças como um dom. O discurso de Francisco continua sobre os filhos que são "o maior dom. Os filhos devem ser recebidos como vêm, como Deus os manda, como Deus permite — até quando são doentes". Chegamos, então, ao último dos pontos controversos do discurso papal, aquele inerente à questão do aborto. Aqui novamente o discurso é claro e muito diferente de como foi exemplificado pela imprensa. Eis a passagem que causou maior alvoroço: "No século passado o mundo inteiro escandalizou-se pelo que os nazistas fizeram para obter a pureza da raça. Hoje fazemos o mesmo, mas com luvas brancas". É evidente, portanto, que Francisco não tem a intenção de se referir ao aborto em geral, como situação dramática que algumas mulheres se encontram a viver, sobre o que ele não diz nada nesta circunstância, mas o uso exasperado da prática abortiva para fins eugenéticos. Esta hipótese é confirmada pela explícita menção a Esparta, cidade guerreira da Grécia antiga, onde era costume selecionar as crianças nascidas por rígidos critérios eugênicos.

De fato, os mais fracos e com malformações, ou seja, não aptos ao uso das armas, eram expostos e deixado para morrer nas encostas do Monte Taigeto, tristemente famoso, adotando uma prática entendida hoje como atroz e unanimidade condenada. Francisco faz referência direta aos sentimentos desagradáveis que as lições sobre a vida de Esparta, feitas pelos professores de história, produziam em sua mente de jovem estudante. Portanto, tanto a referência ao nazismo, como aquela a Esparta demarcam, sem dúvida, a área problemática em que se move a argumentação de Francisco, ou seja, a utilização exasperada e apressada da prática abortiva com um propósito puramente eugenético, orientado a evitar o nascimento de indivíduos com “possíveis” patologias ou simples anomalias divergentes da chamada "normalidade". As palavras de Francisco são claras e não deixam margem para dúvidas: "Porventura, questionais-vos por que já não se veem anões pelas ruas? Porque o protocolo de muitos médicos — tantos, mas não todos — é perguntar: ‘Nasce com defeito?’”

É óbvio que, sobre este ponto, pode-se discutir longamente, mas nesta circunstância, as ideias expressas por Francisco sobre a questão do aborto sono bem mais profundas das reduções e das banalizações jornalísticas que acabamos lendo.

Passar tempo com os filhos. A este respeito Francisco mais uma vez evoca em sua memória e recorda uma pergunta feita por seu professor de filosofia, que havia questionado à classe: “’Qual é o critério diário para saber se um homem, um sacerdote é maduro?’. Respondíamos algumas coisas... E ele: ‘não, algo mais simples: uma pessoa adulta, um sacerdote, é maduro se for capaz de brincar com as crianças’ Este é o teste. E a vós digo: dedicai tempo às crianças, aos vossos filhos, brincai com os vossos filhos.”

Os avós. O discurso de Francisco sobre a família termina de maneira inesperada, lembrando a importância dos avós: "Falei sobre as crianças como tesouro de promessa. Mas há outro tesouro na família: os avós. Por favor, cuidai dos avós! Fazei com que os avós falem, que as crianças falem com os avós. Acariciai os avós, não os afasteis da família porque incomodam, porque repetem as mesmas coisas. Amai os avós e que eles falem com as crianças.".

As palavras de Francisco assumem, no final, um viés de pungente sensibilidade, olhando para os componentes mais fracos e frágeis da família: crianças e avós. À sua fraqueza e fragilidade são confiadas às futuras sortes das famílias, chamadas pelas inevitáveis urgências sociais a uma experiência de acolhimento cada vez mais aberta e sempre menos nuclear e autorreferencial.

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