Eutanásia em hospitais católicos da Bélgica: convocação ao Vaticano para os Irmãos da Caridade

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04 Outubro 2017

O superior René Stockman anuncia ter contatado Roma depois da decisão do conselho administrativo da ordem de permitir o fim da vida sob certas condições nas suas estruturas. Três Irmãos da Caridade foram convocados ao Vaticano.

A reportagem é publicada por Vatican Insider, 03-10-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O superior-geral dos Irmãos da Caridade, René Stockman, anunciou em um comunicado que “relatou às autoridades competentes do Vaticano a situação atual do dossiê relativo à aplicação, sim ou não, da eutanásia nos complexos hospitalares dos Irmãos da Caridade na Bélgica”.

Afirma-se em uma declaração em francês publicada no site da ordem: “Como a organização dos Irmãos da Caridade decidiu, na sua reunião de 11 de setembro passado, não modificar o seu texto de orientação sobre a aplicação da eutanásia e, portanto, quer permitir a eutanásia sob certas condições nos seus hospitais e, desse modo, se opõe ao pedido do Vaticano de se conformar com a doutrina católica, e como os esforços de se chegar a uma conciliação na Bélgica não obtiveram o resultado desejado, a organização dos Irmãos da Caridade será convidada pelo Vaticano a se expressar sobre a sua visão, e depois será tomada uma decisão definitiva”.

Desse modo, conclui a nota, “concede-se uma última chance à organização dos Irmãos da Caridade na Bélgica para se conformar à Doutrina da Igreja Católica. O Vaticano, no entanto, informa que nada muda na sua demanda inicial de respeitar a vida de modo absoluto em todas as circunstâncias, de acordo com a doutrina católica”.

Todo o caso começou na primavera europeia, quando o conselho administrativo, formado por três irmãos e diversos leigos, aprovou um novo regulamento que permite que os médicos de 15 hospitais pratiquem a eutanásia, considerando-a um “ato médico”.

A Bélgica legalizou a eutanásia em 2002, segundo país do mundo depois da Holanda. Em 2014, a possibilidade da morte assistida foi estendida a menores que têm males incuráveis, desde que sejam capazes de tomar uma decisão racional sobre as suas vidas.

O superior, René Stockman, que vive em Roma, primeiro tentou dissuadir os três coirmãos do conselho administrativo favoráveis à introdução da eutanásia. Depois, dirigiu-se à Conferência Episcopal da Bélgica, que reiterou a sua oposição a essa prática. Por fim, ele teve uma série de reuniões no Vaticano. Da Santa Sé, veio o apoio à sua posição e o pedido de que os três irmãos recuassem até o fim de agosto.

De sua parte, a organização dos Irmãos da Caridade continua defendendo o seu texto de orientação sobre a eutanásia “em caso de sofrimento psíquico em pacientes não terminais”, como reitera em um comunicado emitido pelo conselho administrativo dos hospitais, em que se ressalta que o documento ético foi redigido “segundo o pensamento cristão que nós aplicamos na nossa organização”, levando em conta “as mudanças e as evoluções da nossa sociedade” e considerando também “o reconhecimento do caráter excepcional e proporcional da visão da ética, as escolhas de acordo com a consciência, a deontologia e a ideologização”.

O comunicado também explica que os Irmãos tentaram “reunir os dois lados em torno de uma mesa, mas isso ainda não produziu resultados”, e que continuam “pedindo para poder entrar em diálogo, para nos permitir comentar o nosso texto de orientação e as nossas argumentações”.

De acordo com o comunicado, o texto – publicado na primavera europeia – “continua defendendo a ideia de que a vida merece ser defendida e que nós não aderimos pura e simplesmente ao argumento da autonomia”. O que mobiliza, no entanto, é a preocupação “de administrar o melhor tratamento possível ao paciente”.

“Levamos muito a sério a dor insustentável e irremediável, assim como os pedidos de eutanásia por parte dos nossos pacientes”, explicam os Irmãos da Caridade. “Também tentamos proteger a vida e garantimos que a eutanásia não seja praticada senão quando não há outras soluções, e isso a fim de oferecer ao paciente um tratamento razoável”.

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