A prefeita "rebelde" que prefere os refugiados aos turistas

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14 Janeiro 2017

Menos turistas, mais refugiados: enquanto a Espanha celebra o afluxo recorde de 75 milhões de estrangeiros (e de 77 milhões de euros) em 2016, Barcelona aponta para o título de “cidade-refúgio” e corta as novas licenças para hotéis e pousadas no centro histórico. Mas as pesquisas dizem que, se fosse feita uma nova eleição amanhã, Ada Colau seria reeleita prefeita. Em Bruxelas, há quem aposte que ela será a próxima inquilina do Moncloa, a primeira mulher a guiar o governo na história da democracia espanhola.

A reportagem é de Elisabetta Rosaspina, publicada no jornal Corriere della Sera, 13-01-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Se ela realmente alimentasse essa ambição, Colau, 42 anos, à frente da cidade de Gaudí há um ano e meio, que cresceu na era dos Indignados, nas barricadas da “Plataforma das Vítimas das Hipotecas”, dissimula bem: “Tornar-se ‘alcaldesa’ para mim foi uma meta, não um degrau na ascensão ao poder”.

Mas uma revista de Bruxelas, Politico Europe, coloca-a entre as cinco primeiras das 28 personalidades que “irão moldar, agitar, agitar” o Velho Continente em 2017. “As classificações devem ser tomados com cuidado. Talvez, eles me escolheram porque eu sou jovem, um rosto novo da política, e represento a tentativa que está se espalhando por toda a Europa de modernizar as administrações municipais, em resposta à crise da democracia formal.”

Eis a entrevista.

Sobre o que você discutiu com a sua colega de Roma, Virginia Raggi, quando se encontraram em dezembro?

Queremos retomar as relações, suspensas desde os tempos de Francesco Rutelli e Joan Clos i Matheu. Temos muito em comum: não viemos dos partidos tradicionais e somos as primeiras prefeitas das nossas cidades. Falamos sobre política para os refugiados e para a moradia.

Comecemos pelos refugiados?

A Espanha deve fazer muito mais. Dos 17.000 refugiados que ela tinha se comprometido a receber, ela acolheu menos de 600. Barcelona se propôs como cidade-refúgio. Estamos prontos para hospedar aqueles que fogem da guerra, para trabalhar com as ONGs, para criar casas sociais e centros temporários, para garantir a todos saúde e educação. Mas o governo central de Madri nos impede.

Como você explica o sucesso de alguém como Marine Le Pen, que quer excluir os imigrantes ilegais das escolas e hospitais?

Aterrorizante. Se a Europa se fechar, vai marcar o seu fim. A guerra entre pobres mata o projeto europeu, fundado mais do que nunca na guerra, na violência, na desumanização. Esquecemo-nos de que somos todos filhos de exilados: os espanhóis durante a Guerra Civil, os italianos sob o fascismo.

Sim, mas onde se encontram as casas e os recursos para todos?

Perguntemos aos bancos que foram resgatados com dinheiro público! O Estado salva os especuladores, mas não as pessoas das quais a água e a eletricidade é cortada por empresas que embolsam milhões.

Você multou os bancos proprietários de imóveis vazios.

Sim. Mais de 500 apartamentos reapareceram no mercado. O centro de Barcelona não pode se tornar um parque temático para turistas. São necessárias casas para os residentes e taxas razoáveis, de cujo pagamento a prefeitura está pronta para atuar como fiadora com pequenos produtores.

A propósito, você é inquilina ou proprietária?

Eu prefiro o aluguel. Porque ou você é rico, e não é o meu caso, ou você se endivida pela vida inteira.

É verdade que Barcelona vai produzir uma moeda local?

Isso acontece em muitas cidades europeias. Poderia ser uma moeda eletrônica, que, dentre algumas vantagens, apoie os pequenos negócios, penalizados pelos centros comerciais.

Ou talvez seja um primeiro passo para a independência?

Eu não sou nacionalista nem separatista, mas acho que os catalães têm o direito de se expressar. Um referendo permitiria que se estudassem novas organizações: do Estado federal à independência, mas Madri se recusa a abrir a discussão. Pessoalmente, eu votaria em uma república da Catalunha confederada a uma república espanhola.

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