Migrante assassinado na Itália: "É claríssima a matriz racista"

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11 Julho 2016

O padre Vinicio Albanesi não para por um momento. Telefonemas, encontros, problemas que se sobrepõem. O homicídio de Emmanuel Chidi Namdi é mais uma mina terrestre em um campo cuja cotidianidade já é difícil por definição.

A reportagem é de Mario Di Vito, publicada no jornal Il Manifesto, 08-07-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Padre de fronteira, é fundador da Comunidade de Capodarco e presidente da Fundação Caritas in Veritate, que dá acolhida a 150 refugiados e requerentes de asilo. Uma manhã institucional junto com o ministro do Interior, Angelino Alfano – que chegou à cidade para presidir o Comitê para a Ordem e a Segurança na prefeitura –, depois perguntas, entrevistas, câmeras sempre ligadas.

No dia seguinte à agressão da Via Veneto, o padre Albanesi logo entrou em campo falando, sem meios termos, de gesto racista e identificando precedentes na série de cartas-bomba colocados nos últimos meses na frente de algumas paróquias de Fermo, coincidentemente aquelas em que os migrantes são normalmente acolhidos.

Eis a entrevista.

Padre Vinicio, como a comunidade está reagindo ao homicídio de Emmanuel?

Muitos estão tentando interpretar esse gesto como uma briga banal que acabou mal, mas a matriz racista é claríssima. Muitos continuam mantendo atitudes agressivas, quase intimidatórias. É claro, isso não contribui para o bem da nossa comunidade.

Como está Chimiary, a esposa de Emmanuel?

A jovem está muito mal. Por outro lado, ela está aqui sozinha e não conhece ninguém: a sua família foi exterminada pelo Boko Haram, depois ela perdeu dois filhos durante a viagem entre a Nigéria e a Itália, e agora não tem mais nem o marido. Ela diz que quer morrer. Tivemos que ajudá-la também com psicólogos nestes dias. É uma situação muito difícil: ela estudou medicina na Nigéria, nós gostaríamos de fazer com que ela continue os estudos, porque esse é o único gancho que temos para fazer com que ela volte a viver e esperar. Mas não será fácil fazer com que ela reconheça na Itália os estudos que fez na África, mas vamos tentar assim mesmo.

Como o restante da comunidade nigeriana de Fermo reagiu a esse caso?

Aqui acolhemos cerca de 15 jovens da Nigéria. Estão muito abalados, chocados com aquilo que aconteceu. Aqui, nós tentamos mantê-los unidos. Na noite de quarta-feira, fizemos uma vigília muito bonita, quase secular. Veio tanta gente, e eu acho que isso ajudou os jovens a se sentirem menos sozinhos. Realmente é necessária a ajuda de todos, porque devemos sair dessa história como comunidade, não como indivíduos.

O governo está hoje em Fermo para fazer sentir a sua proximidade neste momento.

Sim, Angelino Alfano veio, expressou a sua solidariedade e nos fez sentir a sua proximidade. Matteo Renzi [primeiro-ministro italiano] também me telefonou e dizia ter me conhecido há 13 anos, quando ele era escoteiro. Ele disse que o governo não vai nos abandonar.

Vocês planejaram alguma iniciativa para os próximos dias?

Atualmente, ainda não. Estamos esperando também para entender quando podemos fazer o funeral de Emmanuel. Depois, vamos enterrá-lo no cemitério de Capodarco, onde a fundação tem alguns nichos.

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