24 Setembro 2021
Os planos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha de dar à Austrália a tecnologia necessária para submarinos com propulsão nuclear vão contra os esforços de desarmamento globais, disse o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano.
A reportagem é de Catholic News Service, 22-09-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
“A Santa Sé é contra o rearmamento”, disse ele a repórteres no dia 22 de setembro. “Esforços têm sido e estão sendo feitos para eliminar as armas nucleares, porque não são a forma de manter a paz e a segurança no mundo, mas criam ainda mais perigos para a paz e conflitos.”
“Não podemos deixar de nos preocupar” com o anúncio feito em meados de setembro pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e pelo primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse o cardeal.
Parolin, o cardeal Jean-Claude Hollerich de Luxemburgo, presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia, e o cardeal Peter Turkson, presidente do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, falaram no dia 22 de setembro em uma conferência sobre “Valores cristãos e o futuro da Europa”, promovido pelo Partido Popular Europeu.
Questionado sobre a participação em um evento promovido por um partido político, o purpurado disse que muitos membros do partido se descrevem como cristãos, assim como suas pautas, de modo que é importante que os representantes da Igreja tenham uma chance de explicar o que consideram como questões urgentes e soluções responsáveis.
“No cristianismo, não escolhemos apenas aquilo de que gostamos ou achamos confortável”, disse ele, mas, “no cristianismo, é preciso aceitar tudo.”
Não é como “ir ao supermercado e levar isto e aquilo”, disse o cardeal. Essa escolha corre o risco de manipular a religião “para fins políticos”.
Os repórteres também perguntaram a Parolin sobre os comentários que o Papa Francisco fez aos jesuítas durante a sua viagem à Eslováquia. De acordo com uma transcrição divulgada no dia 21 de setembro pela revista La Civiltà Cattolica, o papa disse que algumas pessoas esperavam que ele morresse em meados deste ano, quando foi submetido a uma cirurgia de cólon.
E o papa continuou: “Sei que houve até encontros entre prelados, que pensavam que o papa estava mais grave do que se dizia. Estavam preparando o conclave”.
“Honestamente”, disse Parolin, “não senti que houvesse esse clima”, embora alguns pareçam ter dito ao papa que a atmosfera era essa.
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Cardeal Parolin se diz preocupado com acordo sobre submarinos nucleares australianos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU