Os Jesuítas. De Pedro Arrupe a Arturo Sosa

Arturo Sosa olhando imagem de Pedro Arrupe (Fonte: Religión Digital)

05 Julho 2021

 

A partir do socorro às vítimas da bomba atômica, em Hiroshima, “a experiência de tocar, querendo curar tantas feridas humanas, as corporais, as religiosas, as raciais, as sociais, as políticas, as econômicas e as ecológicas, tornou-se, de forma permanente e habitual, o objetivo, a prioridade e a preferência motivadora e orientadora de toda a vida e obra de Pedro Arrupe”, escreve Romàn Espadas, jesuíta, fazendo memória histórica do processo de discernimento da missão da Companhia de Jesus, em artigo publicado por Religión Digital, 27-06-2021. A tradução é do Cepat.

 

Eis o artigo.

 

Nessas breves notas históricas, terei essas fontes permanentes de informação:

 

1. Uma história dos jesuítas: De Inácio de Loyola a nossos dias, do Padre John O’Malley, S.J;

2. Los Jesuitas. Del Vaticano II al Papa Francisco, de Gianni La Bella;

3. Pedro Arrupe, General de la Compañía de Jesús. Nuevas aportaciones a su biografía, de Gianni La Bella;

4. Arrupe. Una explosión en la Iglesia, de Pedro Miguel Lamet;

5. Conferências e entrevistas de Pedro Miguel Lamet sobre o Padre Arrupe;

6. Minha própria percepção dos fatos em questão, pois entrei na Companhia de Jesus em 1957.

 

A intenção essencial dessa retomada histórica é buscar entender e avaliar o processo de discernimento e de práticas históricas, por meio do qual nós, jesuítas, conseguimos “ver claras em Cristo” nossas atuais Preferências Apostólicas.

 

Inácio de Loyola (Fonte: Religión Digital)

 

Os inícios e uma longa história

 

Após um longo e complexo processo de conversão e transformação espiritual apostólica, experimentado pelo basco Inácio de Loyola, após receber um grave ferimento a bala em uma perna na batalha de Pamplona, no dia 20 de maio de 1521, Inácio e seus primeiros companheiros solicitaram ao Papa Paulo III ser reconhecidos como Ordem religiosa da Igreja Católica. Esse propósito foi alcançado no dia 27 de setembro de 1540, data em que a Companhia de Jesus foi oficialmente reconhecida.

 

Pedro Arrupe e Inácio de Loyola (Fonte: Religión Digital)

 

A partir daí, a Companhia de Jesus inicia uma longa e muito diversificada história que a faz chegar, com 36.000 membros, ativa e presente em todo o mundo, ao Concílio Vaticano II (1962-1965), que a conduz a abrir as portas e as janelas de suas casas e obras apostólicas aos sinais dos tempos: a liberdade, a criatividade, a diversidade, a pluralidade, a globalidade, a secularidade...

 

P. Juan Bautista Janssens (Fonte: Religión Digital)

 

Em 1964, morre o belga Padre Jean-Baptiste Janssens, Superior Geral dos Jesuítas naquele momento.

 

A Companhia de Jesus convoca a Congregação Geral XXXI para escolher o novo Superior Geral e buscar moldar a Companhia aos delineamentos que o Concílio Vaticano II está fazendo à vida religiosa.

 

Pedro Arrupe, o sorridente, acolhedor e empreendedor provincial basco do Japão é convocado a participar como eleitor e legislador dessa Congregação Geral XXXI. Este jesuíta basco não retornará ao Japão até 1971, e desta vez será em visita, como Superior Geral da Companhia de Jesus.

 

Pedro Arrupe: testemunha e profeta da radiação atômica de Hiroshima

 

Pedro Arrupe nasceu em Bilbao, em 14 de novembro de 1907 e, em 1927, após dois anos universitários de Medicina, em Madrid, entrou na Companhia de Jesus, em Loyola, onde faz o seu noviciado e cursa estudos de Humanidades.

 

Estuda Filosofia na Bélgica e Teologia na Holanda e é ordenado sacerdote em 1936. Faz sua etapa final de formação jesuítica, a Terceira Provação, nos Estados Unidos e, em 1938, chega ao Japão como missionário, esforçando-se para aprender a língua e a cultura japonesa, incluídas a cerimônia do chá e a caligrafia japonesa.

 

Pedro Arrupe (Fonte: Religión Digital)

 

Sendo mestre de noviços, no dia 6 de agosto de 1945, sofre em Hiroshima a dor e o massacre provocados pela bomba atômica, experiência que o permite escrever seu trágico texto Eu vivi a bomba atômica.

 

As radiações atômicas não o alcançaram, mas precisou se levantar do chão, lançado pela força expansiva da explosão. A pouca distância de sua casa, começou a ver os cadáveres e a ouvir os dolorosos gemidos de tantas pessoas transformadas em feridas humanas.

 

“Quando parou de chover telhas, cacos de vidro e vigas e cessou o estrondo, levantei-me do chão e vi, na minha frente, o relógio, ainda pendurado na parede, parado: parecia que o pêndulo havia travado. Eram oito e quinze. Aquele relógio silencioso e imóvel foi um símbolo para mim. A explosão da primeira bomba atômica pode ser considerada um acontecimento acima da história. Não é uma lembrança, é uma experiência perpétua, que não para com o tic-tac do relógio...”.

 

Imediatamente, Arrupe, o ex-candidato à médico, transformou sua casa-noviciado em um improvisado, mas cuidadoso hospital de primeiros socorros, onde limpava fraternalmente os feridos corpos de muitos japoneses e japonesas.

 

Fonte: Religión Digital

A partir daquele momento, a experiência de tocar, querendo curar tantas feridas humanas, as corporais, as religiosas, as raciais, as sociais, as políticas, as econômicas e as ecológicas, tornou-se, de forma permanente e habitual, o objetivo, a prioridade e a preferência motivadora e orientadora de toda a vida e obra de Pedro Arrupe.

 

Entre 1958 e 1965, como primeiro provincial jesuíta em um Japão empobrecido e maltratado pela guerra, viaja pelo mundo buscando ajudas econômicas e colaboradores jesuítas. Em 1959, eu o conheci e escutei em Havana, onde conseguiu uma significativa ajuda econômica e que dois jesuítas cubanos voassem para o Japão com ele: Arturo Chirino e Miguel Pichardo.

 

Pedro Arrupe (Fonte: Religión Digital)

 

O Arrupe que chega a Roma para participar da eleição do novo Superior Geral da Companhia de Jesus não é um desconhecido para os 230 eleitores que precisarão escolher um adequado sucessor de Inácio de Loyola. Muitos o ouviram pessoalmente e leram suas Memórias e Eu vivi a bomba atômica.

 

Logo, na terceira rodada da eleição, o basco Arrupe é eleito como o vigésimo oitavo sucessor do também basco Inácio de Loyola para acompanhar e conduzir, com esperança e renovação, a caminhada histórica de seus companheiros jesuítas.

 

Neste momento, desejando compartilhar a forma testemunhal e profética de Arrupe desempenhar sua difícil tarefa como Superior Geral dos Jesuítas, agradeço e compartilho as acertadas contribuições de Gianni La Bella, em Los Jesuitas. Del Vaticano II al Papa Francisco, do Padre Pedro Lamet, S.J, em Arrupe. Una explosión en la Iglesia, e do Padre Urbano Valero, S.J, em El proyecto de renovación de la Compañìa de Jesùs (1965-2007).

 

(Fonte: Religión Digital)

 

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