06 Agosto 2020
"O texto carece de uma pergunta: por que a fé na ressurreição dos mortos é muito mais forte entre os muçulmanos do que entre os cristãos?", questiona Piero Stefani, filósofo, biblista italiano, especialista em judaísmo e em diálogo judaico-cristão, e ex-professor das universidades de Urbino e de Ferrara, em artigo publicado por La Lettura, 02-08-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
Alla fine il nulla? Sulla resurrezione e la vita eterna
Gerhard Lohfink
É possível falar em breve sobre a vida após a morte? Rabelais conseguiu com duas palavras quando a definiu como o "grande talvez". Então a grande interrogação é o êxito final? Depende.
O idoso biblista jesuíta Gerhard Lohfink publicou uma obra com um título questionador, acompanhada por um subtítulo afirmativo: Alla fine il nulla? Sulla resurrezione e la vita eterna (em tradução livre, No final, o nada? Sobre a ressurreição e a vida eterna, tradução de Valentino Maraldi, Queriniana, p. 288 e 34).
A presença de um sonoro não permanece implícita. A tese de fundo está ligada a um aut aut: ou o nada ou a ressurreição e vida eterna, tertium non datur.
Na realidade, o terceiro é dado na mente de muitos. De fato, a primeira parte do livro se empenha a declarar a insuficiência de respostas antigas repropostas hoje em uma nova chave: dispersar-se na natureza, sobreviver nos descendentes, confiar na transmigração das almas. Todos paliativos não convincentes.
O nada, então? Não, porque existe a mensagem bíblica. No entanto, para a maior parte da Bíblia, ou seja, para quase todo o Antigo Testamento, não há nenhuma ressurreição: o que importa é apenas a salvação, principalmente coletiva, na vida terrena.
Israel não é o Egito, que era obcecado com a vida após a morte. A visão cristã da ressurreição dos mortos não nega o panorama judaico.
Para Lohfink, o empenho para transformar a história de acordo com a mensagem de Jesus é um depósito para entrar na vida que nunca terá fim. No entanto, o texto carece de uma pergunta: por que a fé na ressurreição dos mortos é muito mais forte entre os muçulmanos do que entre os cristãos?
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