CNBB, novas Diretrizes e mundo urbano

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05 Setembro 2019

"A ação evangelizadora da Igreja trata de levar em consideração as novas linguagens desse universo que se estende e se amplia por todo o planeta. O desafio está em traduzir a Boa Nova de Jesus Cristo para a cultura, a visão de mundo e os valores de uma maioria que, mais e mais, incorpora em seu cotidiano a forma de vida urbana. Esse universo múltiplo e plural, polifônico e polissêmico requer uma adaptação permanente dos conteúdos evangélicos essenciais", escreve Alfredo J. Gonçalves, padre carlista e assessor das Pastorais Sociais.

Eis o artigo.

A abordagem das novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023 traz dois aspectos de grande atualidade e relevância: primeiro, o fato de levar em conta o contexto do “mundo urbano atual, cuja mentalidade está presente no campo e na cidade” (Cfr. n. 10); segundo, a metáfora da casa/comunidade como eixo ao redor do qual gira toda a ação evangelizadora (Cfr. n 33). O documento 109 da CNBB foi aprovado em maio de 2019, na 57ª assembleia geral da instituição, que também elegeu uma nova presidência.

O processo de urbanização, há décadas praticamente consolidado nos países centrais, vem se acentuando com grande velocidade nos países periféricos e emergentes. Em boa parte destes últimos, a capital abriga um terço ou até mesmo a metade dos cidadãos do respectivo país, como México, Peru, Argentina, Guatemala, Chile, e assim por diante. No Brasil, desde o censo de 1970, a população urbana supera a população rural, chegando hoje a mais de 80% dos cidadãos. No mundo, foi no ano de 2007 que os moradores da cidade passaram a representar mais de 50% da população total do globo. O século XXI se apresenta como um século urbano por excelência.

Convém não esquecer que, como assinala o documento em questão, “a mentalidade urbana” não se restringe aos moradores das pequenas, médias e grandes cidades, ou às metrópoles e megalópoles. Ela se encontra cada vez mais presente também nas regiões mais longínquas da zona rural. Tal constatação vale sobretudo para nos tempos atuais, onde a Internet, a televisão, o celular e o vaivém contínuo de migrantes rompem todas as barreiras. Numa palavra, o universo urbano inclui, mas vai além das periferias e confins da cidade. Os limites geográficos da mentalidade urbana não coincidem com as fronteiras entre campo e cidade.

Por isso é que a ação evangelizadora da Igreja trata de levar em consideração as novas linguagens desse universo que se estende e se amplia por todo o planeta. O desafio está em traduzir a Boa Nova de Jesus Cristo para a cultura, a visão de mundo e os valores de uma maioria que, mais e mais, incorpora em seu cotidiano a forma de vida urbana. Esse universo múltiplo e plural, polifônico e polissêmico requer uma adaptação permanente dos conteúdos evangélicos essenciais. A “fidelidade criativa” – para usar uma expressão conhecida – deve acompanhar as mudanças históricas em seu ritmo cada vez mais forte e alucinante. Não se trata de imitar o que deu certo no campo ou no passado, e sim de recriar os métodos e atividades, de acordo com os desafios da urbanização presente. Nesse sentido, imitar pode se tornar a pior forma de seguir, uma vez que os desafios da história mudam em velocidade vertiginosa.

No que diz respeito à metáfora da casa/comunidade, por sua vez, ela nos remete à experiência dos primeiros cristãos, narrada nos Atos dos Apóstolos. Casa de portas sempre abertas, seja como lugar de entrada, mas também como lugar de saída; lugar de acolhida, mas também lugar de envio. Imagem da Igreja reunida e, ao mesmo tempo, da “Igreja em saída”, de acordo com a feliz expressão do Papa Francisco na Exortação Apostólica Evagelii Gaudium, publicada em novembro de 2015. De resto, a imagem se presta tanto para a convivência na inteira comunidade eclesial quanto para a vivência comunitária na vida religiosa e consagrada.

Restam duas observações referentes aos aspectos assinalados. De um lado, no objetivo geral da ação evangelizadora, ganham grande importância as comunidades eclesiais missionárias no ambiente urbano, ao sublinharem que “Deus habita esta cidade” (Sl 47/48). De outro lado, a casa/comunidade ergue-se sobre quatro pilares fundamentais: a palavra, o pão, a caridade e a ação missionária (nº 33), os quais correspondem, respectivamente, à iniciação cristã na catequese, à mesa da partilha na liturgia eucarística, ao amor fraterno e familiar, e à missão na complexa diversidade do mundo urbano.

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