22 Agosto 2019
Roberto Romano Da Silva
Comentando 'Ele está deixando os outros trabalharem', diz Gerdau sobre Bolsonaro”.
A Bayer, a Siemens, a Coca Cola, a Ford, a BMW, a IBM, a GE e muitas outras empresas também agradeceram a um dirigente político que as "deixou trabalhar". O dirigente em questão chamava-se Adolf Hitler. Ele deixou descendentes no mundo e no Brasil. Os empresários gratos a ele também fizeram sua ninhada. Parece que Sr. Gerdau a integra, pelas suas afirmações. RR
Ana Paula Freitas-Madruga
"A Medida Provisória 881, a chamada MP da Liberdade Econômica, possui dispositivos que autorizam ações de desmatamento automático por empreendedores, caso órgãos do meio ambiente venham a atrasar a emissão de licenças ambientais. Ficam dispensadas ainda de pedidos de licenças casos que sejam considerados de baixo impacto."
Caio Almendra
Bolsonaro disse que as ONGs de proteção à Amazônia colocaram fogo na Amazônia só para difamar seu governo.
Eu tenho outro suspeito que faz tanto sentido quanto as ONGs. Eu acho que foi o corpo de bombeiro para valorizar a profissão de apagar fogo.
Gustavo Gindre
A Oi é uma empresa inviável. Ela tem obrigação de colocar telefone fixo em todo o Brasil (exceto o estado de São Paulo, duas cidades no Paraná e umas oitenta cidades no entrocamento entre quatro estados: São Paulo, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul). E acaba concorrendo contra gigantes transnacionais que ficam só no filé mignon.
Seus donos anteriores sabiam disso, lucraram enquanto puderam e largaram o osso. Os governos anteriores sabiam disso e fizeram vista grossa. Agora a empresa está em recuperação judicial e os prejuízos só aumentam.
No Congresso há um projeto que resolve o problema da Oi. Ela simplesmente deixa de ser obrigada a cumprir essas obrigações.
O problema com esse projeto é que ninguém sabe o que fazer com a imensa parcela do território brasileiro que não dá retorno financeiro para uma operadora de telecomunicações. Resolve-se o problema da Oi, mas condena-se uma parte do Brasil a viver um apagão.
O que está por detrás disso (e que vai aparecer agora na privatização dos Correios) é que uma parte do Brasil é irrelevante para o mercado.
Gustavo Gindre
Eu faço um post sobre o lobby do Eduardo Bolsonaro para a AT&T.
Sujeito entra no post e fala que o Bolsonaro está certo e que tem que acabar com as barreiras para a AT&T vir para o Brasil.
Eu respondi que não há barreira alguma, inclusive a AT&T já está no Brasil há anos. Ela é a dona da Sky Brasil. O lobby do Bolsonaro é sobre outra coisa.
Aí o sujeito diz sim que existe barreiras e que uma empresa de telecomunicações é obrigada a cobrir 99% do território (sei lá de onde ele tirou isso).
Eu respondo que isso é mentira. Que existem mais de 100 provedores de acesso construindo redes no Brasil, alguns operando em uma única cidade no interior.
Ele responde que estava se referindo às celulares.
Eu respondo que é mentira. A Nextel só tem rede própria no Grande Rio e na Grande São Paulo. E que a Surf Telecom (que contrata a rede da TIM para que outras empresas coloquem suas marcas, como Magazine Luiza e Correios) construiu rede própria apenas na cidade de São Paulo.
O cara cola um texto do Instituto Mises dizendo que a Romênia (!!!) é o paraíso da concorrência nas telecomunicações porque lá são totalmente liberais, diferente do Brasil.
Eu mostro que a Romênia tem quatro empresas de celular (Vodafone, Orange, Telekon e Digi.mobil) igual as quatro brasileiras (Claro, Vivo, TIM e Oi).
O sujeito escreve Misses, põe um coração e some.
Vejam que não se trata de defender o modelo atual de telecomunicações, muito pelo contrário. Mas como debater com alguém que não tem a menor ideia do que está falando, mas que é irredutível diante dos fatos? Como reagir quando os fatos não significam mais nada?
Faustino Teixeira
Uma das questões que divide a academia no campo das ciências da religião diz respeito ao tema do "tato religioso" ou do valor da experiência na abordagem acadêmica da religião. Para nós que trabalhamos a mística, não há como se furtar ao tema da experiência. Aliás, o grande místico Bernardo de Claraval (1090-1153), cuja festa foi celebrada ontem - 20/08/19 -, trata desta questão como passo fundamental de compreensão da mística. É o que se pode denominar a função da experiência e dos sentidos espirituais.
O seu marco referencial é o Cântico dos Cânticos. É um livro que será um embaraço, como diz Bernard McGinn, "se não encontra um leitor que seja capaz de traduzi-lo num livro de experiência espiritual". Em sua clássica obra sobre os sermões sobre o Cântico dos Cânticos, Bernardo começa o Sermão III falando sobre a importância da experiência: Hodie legimus in libro experientiae (Hoje lemos no livro da experiência). E aí convida o leitor a entrar em si mesmo e examinar com profundidade a sua consciência. Só assim o leitor será capaz de entender com pertinência o que diz o Cântico dos Cânticos no capítulo primeiro. "Me beije com os beijos da sua boca" (Ct 1,1).
Num famoso trecho de seu Sermão sobre o Cântico, com base na descrição de Orígenes, Bernardo descreve a visita do Verbo na alma (SCC 74, 5-7). É um texto belíssimo.
O abade de Claraval insiste na necessidade da experiência pessoal como caminho para se compreender a mensagem. É algo que nos provoca a todos, os estudiosos de ciências da religião. Como trabalhar a mística desconectando-se desta experiência? É algo para ser debatido com vigor e ternura. Como mostra McGinn, "o apelo de Bernardo à experiência pessoal como condição sine qua non para entender sua mensagem deve provocar certa hesitação no intérprete que não é místico, já que ele ressalta os LIMITES de qualquer compreensão meramente acadêmica ou teórica da apaixonada doutrina do abade". Tudo isso dá pano para manga...
Faustino Teixeira
No semestre passado dediquei-me ao tema da mística feminina, num curso realizado no PPCIR/UFJF. Uma das místicas estudadas foi Hildegard Bingen. Impressionante a produção desta autora do início do século XII, que morreu em 1179. Era conhecida por suas visões místicas, que começaram desde os 3 anos de idade. Mas clássica é a sua visão ocorrida em 1141, que vem descrita na sua obra Scivias (Conhece os caminhos do Senhor). Ela tinha na ocasião 42 anos de idade e viu o céu se abrir numa luz fulgurante, que invadiu seu coração. Eram visões que não tinha em sonho, mas em plena vigília, com a "mente pura" e os olhos e ouvidos atentos. E dizia que era assim que Deus queria. Foi encorajada por São Bernardo de Claraval a divulgar suas visões, sendo também autorizada pelo papa Eugênio III no Sínodo de Tréveris (1147-1148).
Ela se via como um "frágil ser humano, ingênuo e ignorante", mas irradiava seu pensamento sem temor, demonstrando um impressionante conhecimento do texto do Saltério, dos evangelhos e outros livros. E isto, sem ter recorrido a uma escola regular, sendo o seu aprendizado aprofundado no mosteiro sob a instrução de Juta e também do monge Volmar.
Não há como negar o seu traço revolucionário, com o exercício da palavra numa época dominada pelo saber masculino. Rompe os esquemas tradicionais para se firmar com singularidade na espiritualidade e cultura de sua época.
Escreveu diversas obras, sendo uma das mais importantes, o livro Scivias, que descreve suas visões ou mensagens recebidas de Deus. Foi sua primeira obra teológica, iniciada em 1147 e concluída em 1151, quando então expõe com clareza 26 visões, expostas em três livros. Depois vieram outras obras, como o Livro dos méritos da vida (1158-1163) e o Livro das divinas obras (1163-1174). Apresentava nessa última obra, por exemplo, a ideia do ser humano como centro do cosmos.
Outra publicação importante foi no campo da medicina naturalista. Nessa obra "são examinados quatorze elementos, duzentas e treze variedades de plantas, sessenta e três árvores, vinte e seis minerais, quarenta e cinco mamíferos, trinta e seis peixes, setenta e duas aves, dezoito repteis e oito metais", tudo isso com a finalidade médica. A mística "defende que boa parte das doenças dos homens resulta da perda da harmonia entre corpo e alma, que forma o homem, e deste com a natureza". Ela buscava entender o todo do ser humano e não apenas a enfermidade específica. Entendia que a enfermidade não é senão uma "degeneração da vida humana, um déficit de força vital ou do que ela chama ´viriditas` (vigor)". Esta formação na medicina recebeu também no mosteiro, que funcionava na época como um hospital. Era ali que as pessoas conseguiam uma das poucas oportunidades de encontrar cuidados médicos. Defendia como poucos a complementaridade entre o ser humano e a natureza.
Além disso, ela era também uma grande musicista, compositora e dramaturga. Chegou a compor setenta e sete canções litúrgicas para uso no mosteiro, mesmo sem ter estudado música, como ela dizia.
Era também uma grande oradora, tendo por isso sofrido muita hostilidade do mundo masculino por toda a sua vida. E corajosa... Relata-se que ele chegou a enterrar em seu mosteiro, quando era abadessa, um jovem revolucionário que havia sido excomungado. Resistiu a todos dizendo que o jovem podia repousar em terra santa pois morrera "em graça e em comunhão com Deus".
Por fim, a visão ousada de Hildegarda sobre a feminilidade e o direito do prazer sexual feminino. Segundo um dos estudiosos da mística, Peter Stearns, ela defendia o prazer no ato sexual por parte da mulher, tendo feito a primeira descrição de um orgasmo feminino no seu livro: Livro das causas e remédios das enfermidades II. Dizia ali que "o prazer na mulher é comparável ao sol que com seu calor aquece a terra com doçura, suavidade e constância, de sorte que nascem frutos, porque se o sol queimasse a terra intensamente prejudicaria os frutos mais do que beneficiaria. Assim também o prazer da mulher tem um calor agradável e suave, de forma que assim concebe e dá luz à sua prole".
Fernando Altemeyer Junior
CF2020. Santa Dulce dos pobres convertendo a Igreja burguesa e calada em Igreja viva, em missão ao lado dos empobrecidos e lascados. Igreja viva, do jeito de Francisco, com coragem e audácia. Ad maiorem Dei gloriam.
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