ONU critica Bolsonaro por defender mineração na Amazônia

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27 Junho 2019

Relatório especial também alertou para um possível “apartheid climático” criado pelo aquecimento global, criticando a ineficácia das políticas atuais

A reportagem é publicada por Veja e reproduzida por Amazônia.org, 26-06-2019.

O aquecimento global aumenta o risco de um “apartheid climático” em que apenas os mais ricos poderiam pagar para escapar do calor e da fome causados pela elevação das temperaturas, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).

O documento ainda condena o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por “silenciar ativamente” a ciência do clima, e critica o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, por prometer abrir o território da Floresta Amazônica para a mineração.

Autor da pesquisa, Philip Alston, o relator especial das Nações Unidas sobre a pobreza extrema e os direitos humano, ainda afirmou que os impactos do aquecimento global devem minar não apenas os direitos básicos à vida, água, comida e moradia mas também a democracia e as constituições.

Ele critica os passos “evidentemente inadequados” adotados pela própria ONU e por governos, organizações não governamentais e empresas, argumentando que eles são “totalmente desproporcionais em relação à urgência e magnitude desta ameaça.”

“Os direitos humanos podem não sobreviver à elevação iminente”, concluiu o especialista em seu relatório para o Conselho de Direitos Humanos (HRC).

Apesar das conclusões negativas, Alston também mencionou desenvolvimentos positivos na questão climática, como a vitória de ambientalistas em processos contra órgãos públicos e empresas de combustíveis fósseis, o ativismo da adolescente Greta Thunberg e o movimento europeu Extinction Rebellion.

O estudo do relator especial será apresentado formalmente ao HRC em Geneva, na Suiça, na próxima sexta-feira, 28.

“As mudanças climáticas colocam em risco os últimos 50 anos de progresso em desenvolvimento social, saúde global e redução da pobreza”, detalha o texto.

Prejuízos

Ainda segundo o documento, os países em desenvolvimento devem bancar 75% dos custos da crise, apesar de serem responsáveis por apenas 10% da emissão de dióxido de carbono mundial, um dos componentes mais prejudiciais ao meio ambiente.

“O risco de descontentamento nas comunidades, do crescimento da desigualdade e de privações ainda maiores entre alguns grupos deve estimular o nacionalismo, a xenofobia, o racismo e outras reações. Manter uma abordagem equilibrada aos direitos civis e políticos será extremamente complexo.”

Alston ainda falou sobre o agravamento das divisões sociais com o aquecimento global. Em um cenário de “apartheid climático”, os ricos pagariam para fugir dos impactos enquanto o resto do mundo seria “deixado para sofrer.”

“Quando o Furacão Sandy atingiu Nova York em 2012, ele prejudicou os habitantes vulneráveis e com baixa renda, sem acesso a energia e ao sistema de saúde, enquanto as instalações de grandes empresas estavam protegidas por milhares de sacos de areia e munidas de energia do seu próprio gerador.”

O relatório do especialista ainda afirma que os tratatos internacionais pelo clima estão sendo ineficientes e que até mesmo depois do Acordo de Paris, aprovado em 2015 por 195 países, a temperatura global ainda deve subir cerca de 3°C. “Os estados ignoraram todos os avisos e limites científicos e o que já foi considerado um aquecimento catastrófico hoje é o cenário mais otimista possível.”

Alston ainda defendeu que as mudanças necessárias nas sociedades e economias podem ser uma oportunidade de melhorar a vida das pessoas pobres. “Esta crise pode ser um catalisador para os países cumprirem com os direitos sociais e econômicos que continuam ignorando, incluindo o acesso a seguridade social e à comida, saúde pública, abrigo e trabalhos salubres.”

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