Ante o Crucificado

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11 Abril 2019

 A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 22,14 - 23,56 que corresponde ao Domingo de Ramos, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Preso pelas forças de segurança do Templo, Jesus não tem mais dúvidas; o Pai não escutou seus desejos de continuar a viver; seus discípulos fogem procurando sua própria segurança. Está sozinho. Seus projetos desaparecem. Espera-O a execução.

O silêncio de Jesus durante Suas últimas horas é esmagador. Contudo, os evangelistas recolheram algumas das Suas palavras na cruz. São muito breves, mas às primeiras gerações cristãs ajudava-as a recordar com amor e gratidão o Jesus crucificado.

Lucas recolheu as palavras que diz quando está crucificado. Entre estremecimentos e gritos de dor, ele consegue pronunciar umas palavras que descobrem o que está no Seu coração: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Assim é Jesus. Pediu aos seus que “amem os vossos inimigos” e “rogai pelos vossos perseguidores”. Agora é ele quem morre perdoando. Converte Sua crucificação em perdão.

Esta petição ao Pai por aqueles que o crucificam deve ser ouvida como o gesto sublime que revela a misericórdia e o perdão insondável de Deus. Esta é a grande herança de Jesus à Humanidade: Nunca desconfieis de Deus. Sua misericórdia não tem fim.

Marcos recolhe um grito dramático do crucificado: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Estas palavras pronunciadas no meio da solidão e o mais total abandono são de uma sinceridade esmagadora. Jesus sente que Seu amado Pai O está abandonando. Por quê? Jesus se queixa do Seu silêncio. Onde está? Por que se cala?

Este grito de Jesus, identificado com todas as vítimas da história, pedindo a Deus alguma explicação de tanta injustiça, abandono e sofrimento, permanece nos lábios do Crucificado, reivindicando uma resposta de Deus para além da morte: Deus nosso, por que nos abandonas? Nunca vai responder aos gritos e gemidos dos inocentes?

Lucas recolhe uma última palavra de Jesus. Apesar da Sua angústia mortal, Jesus mantém até o fim a Sua confiança no Pai. As Suas palavras são agora quase um sussurro: “Pai, nas tuas mãos entrego Meu espírito”. Nada nem ninguém foi capaz de separá-lo Dele. O Pai tem animado com Seu Espírito toda Sua vida. Terminada Sua missão, Jesus deixa tudo em Suas mãos. O Pai quebrará Seu silêncio e O ressuscitará.

Esta semana santa, vamos celebrar nas nossas comunidades cristãs a paixão e a morte do Senhor. Podemos também meditar em silêncio ante Jesus crucificado, mergulhando nas palavras que ele mesmo pronunciou durante Sua agonia.

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