18 Outubro 2018
Fernando Altemeyer Junior
Funcionárias da Cúria Metropolitana usam dedos para apontar armas. Chegamos ao fundo do poço. Destroçaram o Evangelho de Cristo. São o braço direito de um cardeal. Deveriam ser exemplo e não escândalo. Deus tenha piedade.
Hoje na Cúria do cardeal Orani Tempesta, na arquidiocese do Rio de Janeiro. Afronta total à dignidade humana, a Doutrina Social, ao Catecismo, à verdade e à lucidez. Cegueira moral. Decrepitude. Imoralidade total. Deus tenha piedade. Estamos horrorizados.
Bruno Lima Rocha
Agora baixou o espírito maligno até na Diocese do Rio de Janeiro. A TFP comemora, Herodes também.
Gustavo Gindre
Marcos Nobre é um dos melhores analistas de política do Brasil atual. E ele escreveu hoje um texto que eu me arrisco a interpretar.
A primeira parte do texto é clássica. Bolsonaro surge na falência da Nova República. Naquele momento onde o velho morreu e o novo ainda não nasceu.
Esse é o momento onde as pessoas estão profundamente assustadas e dispostas a fazer qualquer coisa para sobreviver. É como uma noite muito escura na floresta. Esse é, no dizer de Gramsci, o momento onde nascem os monstros.
Foi assim, por exemplo, que Hitler surgiu como liderança na Alemanha.
Mas o Marcos Nobre introduz um elemento novo nessa análise.
Hitler, por exemplo, tinha algo para oferecer como superação desse momento. O mundo ariano podia ser totalmente distorcido, mas era uma utopia. Diante de uma noite escura, Hitler oferecia um novo amanhã (obviamente apenas para quem não fosse eliminado, mas isso é outra história).
Segundo a interessante análise do Marcos Nobre (que eu me arrisco a interpretar), Bolsonaro não tem rigorosamente nada a oferecer, nem mesmo uma utopia distorcida e monstruosa.
Sendo assim, para que Bolsonaro continue fazendo sentido ele precisa prolongar ao máximo a noite escura. Quanto maior for o caos e a insegurança, maior a necessidade de um Bolsonaro.
Se isso for verdade, o governo Bolsonaro pode ser um período de intensa mobilização contra um eterno inimigo. Sempre haverá uma ameaça, um risco premente, uma possibilidade de tudo se acabar. Um situação de risco constante, que mantenha as pessoas sempre com medo de perder ainda mais.
Se isso for verdade, nós seremos o inimigo que o tiozinho do WhatsApp vai querer eliminar.
Marcelo Castañeda
O Pablo Ortellado escreveu um artigo com mais dois pesquisadores no The New York Times, propondo limites ao Whatsapp frente ao que acontece no processo eleitoral brasileiro. Além de ter a proposta negada pela empresa, teve como reação a hashtag mais popular no Twitter Brasil nesta tarde: #CensuraPetista. Dá pra ver onde paramos quando consideram o Ortellado petista. Para os apoiadores de Bolsonaro, tudo que é contrário ao que fazem vira petismo, comunismo, não há apelo a razão que salve a discussão. Quanto a proposta, ainda acho que uma discussão sobre regulação seria mais eficaz, mas como e quando essa discussão vai ocorrer, em especial se Bolsonaro ganhar?
Gustavo Gindre
Um dos mercados mais duramente atingidos pelo crise de 2014 pra cá foi o livreiro. Pois agora parece que bateu um pânico em empresários do setor.
Luiz Schwarcz, presidente do Grupo Companhia das Letras, está articulando um abaixo-assinado que pede o voto em Haddad com medo do que pode significar um governo Bolsonaro para o mercado livreiro.
Idelber Avelar
Chegando de umas horinhas de luta quixotesca no WhatsApp. A sensação é que o massacre está se ampliando, sensação talvez ainda imperceptível para aqueles cujo único contato com a campanha é sua bolha autorreferente e já decidida no Facebook.
Não gosto de choramingo, mas uma avaliação das dificuldades é necessária. A campanha de Haddad manda sinais contraditórios. De manhã, Haddad declara que nunca pensou no PSDB quando falou em frente democrática, apenas em PT, PSOL, PCdoB, PDT, Pros (disse isso justo no momento em que eu conversava com um eleitor tucano! Tomei o link no meio das fuças e enfiei a viola no saco). De tarde, Haddad declara que vê o liberalismo com bons olhos e que um liberal com preocupações sociais como Marcos Lisboa seria um bom nome para a Fazenda. Qual dos dois Haddads eu devo defender? Nem o PT tá sabendo se quer perder com o primeiro ou com o segundo.
Ora, eu consigo defender uma candidatura que se apresente como liderança de um bloco de esquerda. Também consigo defender uma candidatura que se apresente como líder de um bloco democrático amplo, contra uma ameaça fascista. O que eu não consigo defender é uma barata tonta.
Enquanto isso, os bolsominions produzem memes e vídeos na velocidade da luz, montam esquetes e piadas das quais até eu mesmo acabo rindo às vezes, e nos massacram no WhatsApp. Virou passeio.
Futebolisticamente, já virou um Barcelona x Mamoré. Nós somos o Mamoré, é claro. Só que o zagueiro do Mamoré está com o joelho arrebentado, se arrastando em campo. Não dá pra substituí-lo porque todos os reservas foram embora, brigados com o técnico. O companheiro de zaga dele foi expulso. E o volante levou uma bolada nos olhos e ficou cego, está rodando como barata tonta na meia-lua. E no momento vêm cinco atacantes do Barcelona tabelando pra cima da gente.
Eu não sei de quanto vai ser a goleada, mas em termos de campanha eu nunca vi um massacre igual.
Roldão Arruda
O QUEM VEM POR AÍ.
1. A Associação Brasileira dos Produtores de Soja, apontada como uma das maiores do setor rural, apresentou documento a Bolsonaro reivindicando o seguinte: a) posse de arma nas propriedades rurais; b) fim do licenciamento ambiental; c) nenhuma ampliação de terras indígenas.
2. Antonio Nabhan Garcia, da União Democrática Ruralista (UDR), é um dos nomes cotados para o Ministério da Agricultura, caso o seu amigo Bolsonaro vença a eleição. Em entrevista à Folha, ele defendeu mais desmatamento na Amazônia. Também disse que o aquecimento global é "muito discutível" e explicou: “Criaram muita fantasia, muita lenda em cima, nesse processo ideológico dessa esquerda que tentou dominar o mundo.”
3. Entrevistei Nabhan várias vezes quando cobria a questão agrária para o Estadão. Não conheço líder ruralista que odeie mais o MST do que ele.
4. Leio no Estadão que, se eleito, Bolsonaro vai fundir a pasta do Meio Ambiente com a pasta da Agricultura. É o sonho dos ruralistas. Também existe a possibilidade de transferir para a Agricultura as questões da demarcação de terras indígenas e da reforma agrária. Seria o sonho perfeito.
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