Para impedir os abusos é preciso que as mulheres estejam presentes na formação dos padres

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21 Setembro 2018

A intelectual italiana e coordenadora do suplemento feminino do L'Osservatore Romano, Lucetta Scaraffia, pediu uma “mudança radical” na Igreja.

A reportagem é publicada por Cooperativa.cl, 20-09-2018. A tradução é de André Langer.

Ela pediu ao Papa Francisco para que “escute as mulheres”.

O problema é que “eles não estão acostumados a ter mulheres do lado. Nem pensam nisso”, acrescenta Scaraffia.

A intelectual italiana e coordenadora do suplemento feminino do jornal vaticano L'Osservatore Romano, Lucetta Scaraffia, disse à agência Efe que para resolver o problema da pedofilia no clero é preciso que as mulheres estejam mais presentes na formação dos sacerdotes.

Scaraffia é, desde 2012, a coordenadora do suplemento mensal Donne, Chiesa Mondo (Mulheres, Igreja, Mundo), que revolucionou com sua publicação a comunicação do Vaticano, pois, primeira vez, uma publicação se dedicada exclusivamente a ouvir a voz das mulheres.

Asseguram que o Papa Francisco tem essa intelectual católica, com um passado de não crente e que sempre se define como feminista, em alta estima.

Em entrevista à Efe, Scaraffia fez-se novamente porta-voz de sua luta há anos: a necessidade de que as mulheres sejam ouvidas em todo o mundo católico e também dentro do Vaticano, e abordou o escândalo dos abusos sexuais por parte de religiosos.

Para esta historiadora e jornalista, faz-se necessária “uma mudança radical na formação dos sacerdotes” para enfrentar o problema dos abusos.

E esta formação precisa começar com uma “mudança na relação que os padres têm com as mulheres e começar a ter mulheres em uma posição superior, como professoras, conferencistas... assim como estudar menos teologia e mais história”.

“Necessita-se ter maior contato com a realidade” nos seminários, assegura.

Para Scaraffia, a abolição do celibato não resolveria o problema, porque, recorda, “a maior parte dos casos de abusos sexuais de crianças e adolescentes acontece nas famílias”.

Scaraffia denuncia, além disso, que, assim como no mundo secular, na Igreja católica, também existe o “arrivismo” e “os homens veem as mulheres como aquelas que lhes querem tirar o posto” e, por isso, “não se vê com bons olhos a entrada das mulheres nas hierarquias eclesiásticas”.

O problema é que “eles não estão acostumados a ter mulheres do lado. E nem pensam nisso”, acrescenta.

Para a autora, juntamente com Silvina Pérez (diretora da edição em espanhol do L'Osservatore Romano), do livro Francisco. O Papa americano, é importante que o Pontífice argentino continue falando sobre a importância de ouvir e legitimar as mulheres.

Francisco está tentando fazer todo o possível para quebrar essas resistências, porque não há dogmas, não há problemas teológicos, que impedem a mulher de ser porta-voz do Vaticano ou responsável por um dicastério, mas é preciso que as mulheres reivindiquem a presença na Igreja”, explica.

Nas páginas do seu suplemento, Scaraffia denunciou há alguns meses as condições de muitas religiosas relegadas a ser as “senhoras da limpeza” nas residências de padres, bispos e cardeais. “Essas mulheres não se tornaram freiras para limpar as casas, mas para evangelizar”, critica.

Scaraffia pede ao Papa Francisco para que “escute as mulheres”. “O importante não é dar cargos para as mulheres, mas escutá-las. Nas reuniões em que se debate sobre a Igreja, é preciso chamar as mulheres. Dar-lhes a dignidade de interlocutoras”, destaca.

Porque, assevera, quando se ouve e conhece as mulheres, “não há a necessidade de ter ‘cotas’”, e “chamá-las para ocupar cargos importantes é uma consequência espontânea”.

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