16 Julho 2018
Foto: Editora Expressão Popular
Está chegando às livrarias "Solidariedade Não Tem Fronteiras - a história do grupo Clamor, que acolheu refugiados das ditaduras sul-americanas e denunciou os crimes do Plano Condor". Nele, a jornalista inglesa Jan Rocha conta a história de um grupo de pessoas que se organizou em 1978 para proteger fugitivos das ditaduras militares da Argentina, Uruguai e Chile.
A informação e o comentário é de Elio Gaspari, jornalista, publicada por Correio do Povo, 14-07-2018.
O Clamor começou com Jan Rocha e outras duas pessoas. Ela era correspondente da BBC e seu livro mostra que quando tudo parece perdido, a ação de umas poucas pessoas escreve uma história de valor e vitória. Elas foram ajudadas pela valentia dos cardeais D. Paulo Evaristo Arns (São Paulo) e D. Eugenio Salles (Rio), mais o apoio do Alto Comissariado da ONU para Refugiados. Pode-se estimar que ampararam mais de 5.000 fugitivos.
O grupo Clamor, de São Paulo, também denunciava os campos de concentração da Argentina. Numa história emocionante, "Maria" achou, no Chile, as crianças Anatole e Vicky, deixadas numa rua de Valparaíso pela máquina de assassinos que matara seus pais em Buenos Aires. Os fugitivos escondiam-se no Brasil usando codinomes, mas hoje pode-se contar que "Maria" é a psicóloga Mariela Salaberry e vive em Montevidéu.
Trata-se de um livro barra pesada quando narra o que acontecia na Argentina e no Uruguai. Da sua leitura emerge uma peculiaridade da ditadura brasileira à época. O governo e o Itamaraty toleravam a ação da ONU e dos cardeais, enquanto o Centro de Informações do Exército e o Dops gaúcho colaboravam com os generais sequestrando fugitivos que mais tarde seriam executados.
Leia mais
- Brasil, a construção interrompida. Revista IHU On-Line, N° 439
- 1964. Um golpe civil-militar. Impactos, (des)caminhos, processos. Revista IHU On-Line, N° 437
- Meio século depois, líderes da Operação Condor seguem sem punição
- Preso em Madri um dos principais implicados no Uruguai na ‘Operação Condor’
- Dom Paulo Evaristo Arns: Símbolo da luta contra a ditadura
- Entre a história e a memória, a atuação dos bispos católicos durante a ditadura civil-militar brasileira
- Conhecendo a ESMA, o maior centro argentino de tortura e extermínio
- Prisão perpétua para os responsáveis pelos “voos da morte” na ditadura argentina
- Cordobazo: o levante de estudantes e trabalhadores contra a ditadura na Argentina de 1968-69. Entrevista especial com Néstor Pitrola
- Como consultar os arquivos da Igreja sobre a ditadura militar argentina
- Argentina fecha o círculo do crime mais cruel da ditadura
- Argentina. Integrante do governo Macri minimiza crimes da ditadura
- Tristes memórias da ditadura uruguaia. A geração do silêncio
- Ditadura uruguaia e o risco da "justiça nunca mais"
- Juízes chilenos pedem perdão por suas “omissões” na ditadura de Pinochet
- Chile. Justiça para Víctor Jara, vítima da ditadura
- Chile. Há a confirmação de que houve voos da morte durante a ditadura de Pinochet
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
O Clamor venceu - Instituto Humanitas Unisinos - IHU