A curiosa e insólita carta de cardeal chileno Francisco Javier Erràzuriz

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12 Março 2018

O arcebispo emérito de Santiago, Cardeal Francisco Javier Errázuriz, de acordo com o National Catholic Reporter, em um artigo assinado pelo especialista em Vaticano Joshua J.McElwee, enviou uma curiosa e insólita carta à Pontifícia Comissão para a América Latina e a alguns Presidentes das conferências episcopais, carta na qual o cardeal tece várias considerações sobre a recente viagem ao Chile do Papa Francisco (18-21 janeiro) considerada por muitos seriamente prejudicada e desvalorizada por causa do odioso caso do bispo Osorno, mons. Juan Barros, acusado de encobrir os abusos sexuais de seu guia espiritual, o padre Fernando Karadima.

O comentário é de Luis Badilla, publicada por Il sismografo, 09-03-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

É curioso e deve ser esclarecido de imediato que o Cardeal Errázuriz, que também foi acusado por algumas vítimas de ter participado nas supostas operações de blindagem para proteger o bispo Barros, juntamente com o atual arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati, tenha sentido a necessidade de enviar essa carta de quase seis laudas para inúmeras pessoas. Para quê? Para explicar que em sua opinião a viagem do Papa foi um acontecimento pastoral extraordinário, "de grande entusiasmo e admiração" pelo Papa. A questão Barros, tão presente e visível nos dias da visita papal, foi "uma nuvem que jogou sombra sobre a visita".

Em seguida, o cardeal chileno direciona sua indignação - e não poderia ser de outra forma - contra a imprensa, aliás, contra a má imprensa que obviamente não teria dado uma informação boa e precisa. Não só. O cardeal Francisco Javier Errázuriz - membro do Conselho dos 9 cardeais que ajudam o Papa no estudo e elaboração das reformas – também manifesta sua indignação com o próprio bispo Barros, que sempre protegeu no passado, criticando-o porque não soube perceber a magnitude do problema do momento (ou seja, ele próprio e o seu caso). Para o cardeal, o bispo Barros foi imprudente e pouco inteligente porque teria tentado utilizar a sua fama para defender-se com entrevistas e outras intervenções, obscurecendo parcialmente a presença do Papa e, principalmente, dando ele próprio ênfase midiática ao seu caso. O cardeal Francisco Javier Errázuriz vai mais longe e critica com elegância a própria Conferência Episcopal, que em sua opinião não foi capaz de proteger o Papa da agressividade da imprensa com bispos próximos em condições de defendê-lo. Depois disso, o cardeal acrescenta, lembrando o grande profissionalismo do porta-voz do Papa, João Paulo II, o espanhol Joaquín Navarro Valls: "Ele era capaz de conter os jornalistas e fazia isso com elegância e talvez tivesse convencido os jornalistas que Barros não concederia mais entrevistas" porque o foco da visita era o Papa, o seu magistério e as suas ações. Um porta-voz assim, resumindo, teria orientado a imprensa entre fatos centrais e fatos marginais.

Sendo esse o caso, pelo menos do ponto de vista do Cardeal Errázuriz, no Chile tudo o que aconteceu por ocasião da visita do Santo Padre, em especial a questão Karadima-Barros, seria culpa da imprensa, da sua agressividade e de sua falta de profissionalismo, bem como daqueles que tinham o dever de proteger o Papa.

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