03 Novembro 2017
Jesus viu as multidões, subiu à montanha e sentou-se. Os discípulos se aproximaram, e Jesus começou a ensiná-los:
«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes os aflitos, porque serão consolados.
Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia.
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes, porque será grande para vocês a recompensa no céu. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vocês».
Leitura do Evangelho segundo Mateus 5,1-12a. (Correspondente a Comemoração Dia dos Fiéis Defuntos, ciclo A do Ano Litúrgico)
O comentário é de Ana Maria Casarotti, Missionária de Cristo Ressuscitado.
Uma felicidade diferente
Neste domingo, somos convidados/as a celebrar o Dia dos Fiéis Defuntos. Somos convidados a fazer memória de tantas pessoas queridas que viveram ao nosso lado num momento determinado e agora estão no céu, junto a Deus, vida que não morre mais.
Fazer memória deles convida-nos a acrescentar nossa confiança e nossa fé no Senhor Ressuscitado e sua presença cheia de vida no meio de nós. Ele ressuscitou e por isso nós acreditamos que os irmãos/as defuntos têm sua mesma sorte: viver!
Celebrar esta festa nos leva a recordar nossa finitude humana, e também alimentar nossa esperança no banquete da vida que não tem fim, onde nos reencontraremos com todos os nossos seres amados já defuntos.
Ninguém pode descrever sua experiência particular da morte. Todo ser humano sabe que esta vida é finita, mas para os cristãos, a morte é uma passagem para a Vida que não acaba. É o momento onde se abre a porta para o reencontro com Deus e todos nós, seus filhos e filhas amados, nossos familiares, amigos/as, conhecidos.
Hoje é um dia especial para lembrar cada um e cada uma deles/as e agradecer sua vida, a possibilidade de receber sua riqueza, ser beneficiários de sua bondade e alegria. Acreditar na vida eterna acrescenta nossa crença e nossa confiança em Jesus Ressuscitado e o convite a participar de sua mesma Vida. Nossos irmãos defuntos já estão vivos em Deus. Mas isto não nos exime de sentir a dor que traz a partida de uma pessoa querida que não estará mais partilhando nossa vida diária.
Neste domingo, os cemitérios de nossas cidades estarão cobertos de flores, que manifestam o amor e o respeito que sentimos pelos nossos/as irmãos/as defuntos/as.
É um gesto que busca, de alguma forma, aproximar-nos daqueles/as que já partiram. A dor da perda nos faz ofertar o carinho que nos aproxima dessas pessoas.
Algumas religiões convidam as pessoas a esquecer-se dessa pessoa e quase impedem de sentir a dor de sua ausência. Há tantas coisas lindas vividas com essa pessoa que não é preciso esquecer nem apagar. Pelo contrário. Sua lembrança traz aos poucos tantas coisas bonitas, alegria partilhada, seu jeito de viver, o carinho recebido, que faz muito bem fazer memória de tudo isso.
Neste dia, a leitura que a Igreja nos oferece é o texto conhecido como as Bem-aventuranças. É o primeiro discurso, conhecido como o “Sermão da Montanha” (Mt 5- 7).
Jesus sobe a uma montanha, considerada para o mundo antigo um lugar sagrado. Moisés subiu nove vezes à montanha do Sinai e nela recebeu os preceitos da Lei judaica. Jesus sobe junto com o povo e senta-se junto com eles. Jesus continua, assim, o seu papel de “novo Moisés”.
Jesus convida seus discípulos a serem felizes, mas uma felicidade diferente, até difícil de entender. É possível que os aflitos, os que têm fome e sede de justiça sejam felizes? Quando e onde serão saciados? Os que são perseguidos por causa da justiça também são felizes?
Na época de Jesus e também hoje nossa sociedade apresenta um modelo de felicidade totalmente contrário à proposta de Jesus.
Lembremos o texto que narra o evangelho de Lucas sobre o homem que é levado pela ambição. Considera que depois de “guardar todo o trigo, junto com os bens recolhidos pela colheita”, ele “possui um bom estoque, uma reserva para muitos anos”, então pode “descansar, comer e beber” e, como consequência, fica feliz e alegre pelo resto de sua vida!
Essa é a ideia geralmente difundida sobre a felicidade, uma vida alegre. Jesus convida seus discípulos a uma felicidade oposta e até discordante com a sociedade em geral.
Podemos perguntar-nos: Onde está o fundamento da felicidade que propõe Jesus?
Sem dúvida não está em possuir muitos bens, levar uma vida acorde com as propostas da sociedade em geral: ser respeitado e até considerado superior, ou apreciado por todo o mundo, comer nos melhores lugares. Hoje podemos agregar: senhorear as melhores marcas, roupa, celulares, comidas, amizades, e assim uma lista interminável que cada dia acrescenta mais instrumentos.
Jesus realiza um chamamento pouco atrativo, mas que tem um segredo no seu interior que é preciso descobrir.
As bem-aventuranças declaram felizes os pobres caracterizados de oito maneiras, pois neles o Reino de Deus já se faz presente como dom e graça de Deus no meio de nós e apesar de nós.
As bem-aventuranças nos informam, assim, onde devemos olhar para descobrir os sinais da presença deste Reino no mundo em que vivemos.
Jesus nos chama para sermos felizes no caminho do reino.
Leia mais
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Uma felicidade diferente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU