23 Outubro 2017
Cid Benjamin
Reflexões sobre a tragédia de Goiânia
Pessoal, é preciso mais humanidade e menos ímpeto acusatório diante dessa tragédia ocorrida na escola de Goiânia. Como se sabe, nela, um adolescente matou dois colegas e feriu outros tantos, usando a pistola de um de seus pais, ambos da PM.
É preciso ter claro que todos, absolutamente todos, os envolvidos no caso são vítimas.
Vejamos por partes.
Compreender que são vítimas os mortos e feridos no episódio é muito fácil. É algo imediato.
É, também, fácil compreender que seus pais e parentes igualmente são vítimas.
Mas é preciso não parar por aí.
O menino que teria sido alvo de “bullying” e, num gesto de descontrole e insanidade, atirou nos colegas, também é vítima.
Vamos botar a mão na consciência. O moleque tem apenas 14 anos. O que será de sua vida daqui em diante? Provavelmente ele estará marcado pela sociedade.
Não bastasse o estigma, provavelmente também guardará esse trauma até o fim de seus dias.
Pois amigos meus, queridos, têm se referido ao garoto como “bolsonarinho”. Isso porque ele, em algum momento, teria feito elogios ao deputado fascista.
Menos, gente.
Ou será que vamos fazer como nos Estados Unidos, onde crianças são condenadas à prisão, como se adultos fossem?
Antes de endossar o mar de acusações ao adolescente que atirou, é bom recordar as palavras do pai de um dos alunos mortos, que, num gesto de grandeza humana, o perdoou, recusando-se a se somar aos que o lincham.
E as vítimas não param por aí. Há outras.
Imaginemos – por um instante que seja - como estarão os pais do menino que atirou. Imaginemos seu drama. Como será ver um filho querido como protagonista de um episódio assim?
Pois bem, pai e mãe do garoto são policiais militares. E, como se não bastasse a tragédia que assolou as suas vidas, estão também entrando no rol dos acusados. O que se diz é que não teriam sabido guardar, escondida e segura, a arma do crime. Com isso seriam parcialmente culpados pelo acontecido.
Sou filho de um oficial do Exército que, como qualquer dos seus colegas, tinha em casa uma pistola. Ela não ficava à vista (como também não ficava nesse caso de Goiânia), mas, tanto eu, como meus dois irmãos, sabíamos onde era guardada.
Condenar os pais porque o filho encontrou a pistola é aumentar seu drama. Vamos nos colocar no lugar deles por um instante que seja.
Isso é desumano.
Estamos diante de uma enorme tragédia. Mais do que sair acusando A, B ou C, é preciso refletir sobre a cultura da violência na sociedade (da qual faz parte o próprio bullying, diga-se).
É preciso estender a mão aos envolvidos – a todos eles – e buscar soluções e propostas que tornem menos frequentes situações como esta.
Essa linha de conduta não é só mais humana.
É também mais eficaz.
Cid Benjamin
Ah, os juízes....
Silvio Pedrosa
Sobre o conceito de populismo, as invectivas de Jessé Souza são tão despropositadas que ele passa completamente ao largo de uma polêmica (essa, sim, travada entre dois lados legitimados por sua própria prática intelectual) fundamental para a discussão do conceito. Desde, pelo menos, o fim da década de 1980, o conceito de populismo tem enfrentado muitas críticas da historiografia sobre o varguismo e a chamada "experiência democrática" brasileira entre 1945 e 1964. Um dos fundamentos dessa crítica é justamente a recusa da explicação da dominação social através de uma noção analiticamente pobre como a de "manipulação das massas" (que, segundo a explicação populista weffortiana, determinaria a dominação e instrumentalização do povo por líderes carismáticos). Não sou especialista no período, mas o primeiro trabalho a recusar essa explicação e oferecer uma interpretação alternativa me parece ter sido o de Ângelo de Castro Gomes, "A invenção do trabalhismo" (1987), sobre a construção da popularidade da figura de Vargas junto à classe trabalhadora. Se Jessé Souza ao menos fizesse ideia sobre a existência do debate, talvez fosse mais cuidadoso ao recusar o conceito de populismo como mera ideologia e, ao mesmo tempo, se valer da mesma noção de "manipulação das massas" para explicar fenômenos políticos contemporâneos tais como as mobilizações de junho de 2013 e a favor do impeachment. O açodamento em recusar in totum tradições inteiras do pensamento social brasileiro como "meras ideologias" termina por fazer com que o próprio autor se veja apoiado na mesma bengala analítica frágil que aqueles autores que ele próprio julga ter explicado e superado.
Gustavo Gindre
Que Lula, em 2008, editou um decreto presidencial apenas para beneficiar a Oi e que, nesse mesmo período, a Oi injetou alguns milhões na Gamecorp (empresa que tem como sócio um dos filhos de Lula), TODO MUNDO no setor de telecomunicações sabia.
Agora, a Folha traz a denúncia de que uma coisa estava relacionada com a outra. É preciso mais do que a matéria da Folha para provar. Mas a hipótese é forte.
Fernando Altemeyer Junior
Unidos com quem? com os donos do poder ou com os pobres das ruas? precisa explicar nos mínimos detalhes. Tem gente se fazendo de sonso. E dando e recebendo presentes das mãos dos corruptos e corruptores. Tá difícil a coisa aqui abaixo da linha do Equador. Faltam Franciscos e sobram Amasias.
Fernando Altemeyer Junior
A homilia nasce da Palavra de Deus. O pregador é menor que a mensagem. Quem brilha é Deus e não a roupa do padre.
Silvio Pedrosa
Subscrevo todos os pingos nos is desse artigo de Giuseppe Cocco e Bruno Cava.
"Nós ficamos aqui com o cattivo maestro e não com a fração da esquerda que, diante do levante de junho de 2013, se escandalizou a ponto de formular uma pergunta que só faz sentido do ponto de vista da potestas: 'por que eles se revoltam?'.
Quando, na realidade, da perspectiva constituinte, a pergunta era e continua sendo: 'por que não se revoltam o tempo todo, por que não rechaçam a servidão?'. São esses intelectuais que, no mesmo momento em que concediam entrevistas e proferiam palestras classificando as 'multidões' de fascistas – chegando a elencar no rol de acusados os intelectuais ligados ao próprio Negri e, pasmem, a Michel Foucault e Giorgio Agamben –, reforçaram o consenso repressivo que alimenta a polícia mais assassina do mundo. Enfim, não estamos interessados nos barões do rabinato da esquerda, suas análises sob encomenda e seu líder ungido.
Nós ficamos com os malditos."
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