“Está na hora de implementar o que dizia o Vaticano II sobre os leigos”

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10 Julho 2017

“O futuro da Igreja depende dos leigos” e esse futuro começa já. O cardeal Kevin Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, está mais do que convencido de que “este é o momento na vida da Igreja em que realmente podemos tentar implementar aquilo de que já falava o Vaticano II: o papel dos leigos”.

A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 08-07-2017. A tradução é de André Langer.

Em uma entrevista concedida à revista America, o cardeal norte-americano – que reside no Vaticano desde agosto do ano passado – lamenta os “mal-entendidos e a confusão” que cercaram em um momento ou outro o apelo conciliar de que todo o Povo de Deus deve assumir o protagonismo que lhe corresponde como batizados. Mal-entendidos que, às vezes, produziram até “lutas internas” entre diferentes sensibilidades na Igreja – para não dizer que nos fizeram “perder muito terreno e muito tempo” – mas que, com o exemplo do Papa Francisco, já parecem águas passadas.

“Os leigos têm uma vocação a desempenhar na Igreja, e estou firmemente convencido de que o futuro da Igreja depende deles”, disse o cardeal bem quisto e afável, inclusive em seu antigo cargo como bispo de Dallas. “Sempre senti a necessidade de promover os leigos dentro da Igreja e dentro da sua organização”, acrescenta.

Desejo este de dar voz aos fiéis comuns que, como conta o cardeal, o Papa Francisco compartilha plenamente. “Cada vez que o vejo em cerimônias ou eventos, sempre se aproxima e se interessa para saber como vão as coisas”, revela Farrell. “Ele está muito interessado em saber como vai tudo”.

E em relação a como vão as coisas no plano dos funcionários do dicastério, o prefeito revela que, após duas novas contratações nos últimos meses – do padre brasileiro Alexandre Awi Mello como secretário e da leiga consagrada espanhola Marta Rodríguez como diretora do departamento de assuntos da mulher – agora está mergulhado na busca de um leigo ou uma leiga para coordenar a seção da família.

“Gostaria de poder contar para este departamento com um homem ou uma mulher que esteja casado/a e que tenha uma família, porque teria mais credibilidade e, além disso, você deve ter alguém no comando que entenda a vida e a família, a moralidade e todo o resto”, afirma o cardeal Farrell.

Em relação ao trabalho, por outro lado, Farrell não duvida em destacar que o enfoque em seu dicastério está firmemente fixado no apelo de Francisco para ser “uma Igreja em saída, uma Igreja missionária”. Sobretudo nas visitas ad limina, onde “temos que ouvir o que está acontecendo, assimilar o que os bispos nos contam e não ter respostas preparadas de antemão”. “Às vezes, no passado, nós [os oficiais do Vaticano] nos precipitávamos em responder e dizer aos bispos o que eles tinham que fazer”, lamenta.

Este novo método no Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida – de “ouvir” os bispos e “entrar em diálogo” com eles – já produziu importantes frutos, declara o cardeal. Sobre a Amoris Laetitia, por exemplo, em relação à qual, revela, após oito visitas ad limina, “nenhum [bispo] teve nada de negativo” a dizer. “Ela está sendo muito bem recebida na Igreja”, disse Farrell com respeito à exortação apostólica, embora esteja consciente de que alguns não concordam com seu conteúdo.

“A maioria dos bispos a acolhe bem, mas há alguns deles que têm medo de abrir-se a uma Igreja que é mais acolhedora e mais misericordiosa”, disse o cardeal. “Creio que, às vezes, gostariam que as coisas fossem preto no branco, mas a vida humana nem sempre é assim. Queremos respostas imediatas, respostas fáceis, mas elas não existem”.

E no que diz respeito ao seu “chefe”, o Papa, o cardeal Farrell revela que este período de quase um ano que esteve ao seu lado no Vaticano só o fez aprofundar seu respeito por um homem que considera “muito pensativo, profundamente espiritual, carinhoso e envolvido”.

“Ele me impressiona”, confessa o cardeal, como poucos o impressionaram no passado: “no sentido de ser como Cristo”.

“Ele não é uma pessoa midiática nem um homem do espetáculo”, aprofunda Farrell. “Mas o que faz... com todos, quando está falando com você: é como se você fosse a única pessoa em todo o mundo pela qual tivesse que se preocupar”. O segredo, acrescenta o prefeito, de “por que é tão popular”: sua maneira “atrai e faz as pessoas voltarem à Igreja”.

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