16 Junho 2017
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.
A pura face
(Foto: Faustino Teixeira | Arquivo Pessoal)
Como encontrar-te depois de ter perdido
Uma por uma as tardes que encontrei
Ó ser de todo o ser de quem nem sei
Se podes ser ao menos pressentido?
Não te busquei no reino prometido
Da terra nem na paixão com que eu a amei
E porque não és tempo não te dei
Meu desejo pelas horas consumido
Apenas imagino que me espera
No infinito silêncio a pura face
Pr´além de vida morte ou Primavera
E que a verei de frente e sem disfarce
Fonte: Sophia de Mello Breyner Andresen. Obra poética. Lisboa: Assírio & Alvim, 2015, p. 463
Sophia Andresen | Foto: Blog Elfikurten
Sophia de Mello Breyner Andresen (1919 – 2004): Considerada uma das mais importantes poetisas portuguesas do século passado e a primeira mulher lusitana a receber o Prêmio Camões, mais importante honraria literária da língua portuguesa, pela obra Livro Sexto (1962). Também é reconhecida por seus contos e por escrever histórias infantis. Traduziu Dante Alighieri e Willian Shakespeare e integrou a Academia das Ciências de Lisboa. É vista como uma figura expressiva da política liberal, que apoiava o movimento monárquico e denunciava o Regime Salazarista. É autora de diversas publicações, entre elas, Contos Exemplares (1962), A Menina do Mar (1958), O Cavaleiro da Dinamarca (1964), 11 Poemas (1971) e Musa (1994).
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Sophia Andresen na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU