A rixa franciscana que apagou a verdadeira história do Santo de Assis

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21 Outubro 2016

A dificuldade, totalmente humana, de viver de modo cristão em pobreza é o escandaloso paradoxo da Igreja Católica, relançado em grande estilo pelos escândalos e pela corrupção do papado ratzingeriano, que depois desembocou na clamorosa renúncia de Bento XVI e, por fim, na eleição do pauperista Bergoglio.

A reportagem é de Fabrizio D'Esposito, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 17-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O papa argentino, como jesuíta, escolheu o nome de Francisco, e justamente o Santo de Assis é o protagonista do último livro da historiadora Chiara Mercuri: Francesco d’Assisi. La storia negata [Francisco de Assis. A história negada] (Laterza, 216 páginas).

História negada porque, no capítulo franciscano de Paris de 1266, foi decidido transmitir uma imagem estereotipada de Francisco, imaterial e angelical, muito distante da verdade sobre a vida do santo mais revolucionário e incômodo do catolicismo.

A partir daquele momento, a única biografia oficial foi a de Boaventura de Bagnoregio, teólogo e geral da Ordem. Boaventura também ordenou apagar os antigos manuscritos sobre o fundador, especialmente aqueles redigidos pelos companheiros do Santo de Assis.

Na realidade, como reconstrói a talentosa Mercuri, em 1266, registra-se o ápice de uma longa luta interna que começou em 1219, quando Francisco partiu para as Cruzadas e percebeu com dor e resignação que a sua Ordem de frades, que já havia se difundido por toda a Itália e por toda a Europa, não só fugiu do seu controle, mas também se voltou contra ele.

Uma rixa provocada pela Regra considerada rígida demais sobre a pobreza e sobre a propriedade, em que a caridade prevalece sobre a cultura e sobre a doutrina dos livros.

Muitas e notáveis são as intuições da pesquisa da historiadora: o confronto, por exemplo, entre os freis leigos (bobos da corte de Deus) e freis sacerdotes e literatos (o próprio Francisco era apenas diácono) e que, com a vitória destes últimos, leva a desnaturalizar a mensagem franciscana baseada na pobreza e na minoridade.

Até, justamente, a decisão de Boaventura de fazer do fundador um santo "ignorante", mero e inconsciente invólucro humano da deslumbrante vontade divina. Mas nem todos os companheiros de Francisco destruíram as suas intuições...

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