Se Castro e o Vaticano estão muito mais próximos do que se imagina

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19 Mai 2015

"Depois foi a vez dos bispos cubanos que, com suas exigências imperativas fizeram entrar a Igreja numa crise institucional de tal monta que impeliu até o núncio Luigi Centoz, poucas semanas antes do desembarque dos anticastristas na Baía dos Porcos, a reentrar em Roma", afirma Filippo Di Giaccomo, em artigo publicado pelo sítio La Repubblica e republicado pelo sítio Il Sismografo, 17-05-2015. A tradução é de Benno Dischinger

Eis o artigo.

Aos 10 de maio, também Raul Castro se dirigiu ao Vaticano para encontrar o Papa. Seu irmão Fidel o havia precedido em Roma aos 19 de novembro de 1998, para aquela que pareceu ser uma “visita histórica”. 

Na realidade, o líder máximo em São Pedro chegara na ponta dos pés, simbolicamente, já em fins de agosto de 1991, quando, através de seu embaixador, enviou uma grande coroa de flores para os funerais do arcebispo Cesare Zacchi, por muito tempo núncio apostólico em Cuba. Cada ano, no dia 24 de agosto, aniversário da morte do bispo, Fidel Castro continua a enviar flores sobre a tumba do amigo, na capela dos canônicos de São Pedro no Verão. E, quando ainda estava vivo (de 1975 a 1991 foi presidente da Pontifícia Academia Eclesiástica, a escola dos diplomatas vaticanos), o chefe de Estado cubano em cada ano, no Natal, lhe presenteava uma gigantesca caixa de cigarros. Em 1960, no momento da conquista do poder por parte dos barbudos, o então monsenhor Zacchi era conselheiro de nunciatura ao lado do núncio Luigi Centoz.

Aquela que o conselheiro teve que enfrentar não foi por certo uma bela página para a Igreja cubana: Cuba tinha sido por muito tempo um refúgio para os religiosos escapados da guerra civil espanhola, e a chegada a Havana de milícias revolucionárias lançou a imensa maioria deles numa espécie de pânico que os induziu a abandonar precipitadamente e, sem motivo, a ilha e as obras que estavam animando. Depois foi a vez dos bispos cubanos que, com suas exigências imperativas fizeram entrar a Igreja numa crise institucional de tal monta que impeliu até o núncio Luigi Centoz, poucas semanas antes do desembarque dos anticastristas na Baía dos Porcos, a reentrar em Roma. João XXIII se enfureceu e os puniu confinando-lhe a vida no papel secundário de vice camerlengo. Em 1967, todavia, embora não previsto pelo regulamento do corpo diplomático, Paulo VI elevou o conselheiro-encarregado dos negócios Cesare Zacchi a bispo e, fato não comum, o neo-présule se fez consagrar em Havana, na catedral da capital cubana.

Durante a longa querela sobre a “teologia da libertação” que, desde o fim dos anos 1970 aos inícios de 2000, agitou a Igreja, muitos se perguntaram por que Fidel Castro, não obstante a amizade com expoentes de pico da ala pró-marxista do pensamento teológico latino-americano, jamais tenha querido inculturar na ilha as categorias e as hipóteses.

Aos 19 de maio, a Caritas Internationalis estará na Expo de Milão com 167 representantes e 60 “convidados”, isto é, os chefes e os ativistas de referência no interior do movimento No Global. De Seattle 1995, data de nascimento do movimento, a Milão 2015, enquanto a esquerda ocidental marchava para os mercados financeiros, a Igreja caminhava para os pobres.

Será por acaso, mas parece que Fidel tenha sido o primeiro a ter olhos para ver quanto estava acontecendo.

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