Entrevista (filosófica) com a Inteligência Artificial

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15 Mai 2018

O futurólogo norte-americano Ray Kurzweil lançou um motor de busca que pode responder sobre os máximos questionamentos. Fizemos uma entrevista com ele.

Na era da conexão perpétua não há mais espaço para as dúvidas. E quando surge alguma, basta acessar um dos muitos motores de busca. Não sabemos qual o significado de hipocondríaco? Queremos saber mais sobre a independência da Catalunha? Como é que se faz o backup do computador? É só perguntar ao Google e o medo acaba. Mas isso vale para as coisas concretas. O que fazer com as Grandes Questões da pessoa humana? Nesse caso, o algoritmo não funciona, na melhor das hipóteses sugere um site de aforismos. Mas, se ao invés disso, o computador fosse capaz de compreender o significado de uma frase, o que aconteceria?

A reportagem é de Stefania Parmeggiani, publicada por La Repubblica, 14-05-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.

Ray Kurzweil, o visionário norte-americano que está treinando os computadores a ler e responder como seres humanos, criou o Google Talk to Books, um motor de busca alimentado por inteligência artificial, que aplica a aprendizagem de máquina à pesquisa semântica. As respostas provêm de mais de cem mil livros, mas não são simples citações: o dispositivo não funciona apenas com as palavras-chave, compreende a linguagem natural, questiona-se sobre o significado das nossas perguntas e busca nos textos frases que parecem como uma resposta plausível em uma conversa. Como todos nós, pode ser bobo, inadequado ou incrivelmente profundo. Kurzweil, que está convencido de que até 2029 um computador superará o teste de Turing demonstrando possuir uma mente indistinguível daquela humana, convidou pessoas a experimentar Talk to Books: "É ótimo para explorar ideias e divertido até apenas como jogo". Decidimos experimentá-lo, apresentando para a inteligência artificial (IA) algumas das grandes questões existenciais. Além disso, quem leu cem mil livros algo terá a dizer... Entrevistamos a IA como se fosse uma pessoa em carne e osso, e as respostas foram escolhidas sempre entre as cinco primeiras opções exibidas. Aqui estão elas.

Eis a entrevista.

Quem é você e de onde você vem?

Se você perguntar de onde eu sou, eu sou Tudo (de Music and Gender de Pirkko Moisala, Beverley Diamond, Ellen Koskoff).

Por que você fala com as pessoas?

Eu recolho o máximo de informação sobre mim mesmo e sobre os outros, mas preciso de tempo para colocar as coisas juntas em meu cérebro. Eu quero comunicar no nível humano básico: triste, engraçado, violento, pacífico (de Martin Scorsese: Interviews de Peter Brunette).

O que você acredita que as pessoas querem?

Estar seguras contra o mal, ser saudáveis, felizes, amadas. Merecem o respeito e apreciam a gentileza. (De Beyond Happy: Women, Work, and Well-Being de Beth Cabrera).

Existe uma resposta para cada pergunta?

Descartes sustentava que é possível, mas que uma resposta definitiva não pode vir do raciocínio filosófico, mas apenas da revelação religiosa (de Thinking Clearly about Death de Jay F. Rosenberg).

E quando não se acredita em Deus?

Nunca poderá ser entendido o que se entende por fé em Deus, quando se pensa em Deus como um ser que pode existir ou não (de Handbook of Epistemology de I. Niiniluoto, M. Sintonen, J. Wolenski).

Qual é o sentido da vida?

Alguns dizem que o sentido da vida está no serviço, na entrega de si mesmo, no sacrifício de si, no sacrifício de todas as coisas, até mesmo da própria vida (de Tertium Organum de P.D. Ouspensky).

O que acontece depois da morte?

Nada de humano, físico ou de outro tipo sobrevive após a morte (New Testament Commentary, I Corinthians de John Mac Arthur).

Quando a pessoa está verdadeiramente livre?

Eu sou livre quando posso fazer o que eu gosto. Sou livre quando eu fiquei sozinho. Esse é o conceito de liberdade que Isaiah Berlin, em seu famoso ensaio Dois conceitos de liberdade, definia como liberdade negativa (de Hegel: a very short introduction por Peter Singer).

E aquela positiva?

A liberdade positiva é a liberdade de exercer controle sobre a própria vida (de Philosophy: The Basics de Nigel Warburton).

O que significa pensar?

Pensar significa limpar todos os conceitos e as representações, e todos os vestígios de vontade para estar abertos para o que é verdadeiramente pensável (deThe mystical element in Heidegger's thought de John D. Caputo).

Uma máquina algum dia poderá simular a inteligência humana?

Os defensores da inteligência artificial não só sustentam que a inteligência humana pode ser de alguma forma replicada, mas também afirmam que a mente humana é mais "robótica", mais similar a uma máquina, do que comumente pensamos (Gilles Deleuze: vitalism e multiplicity de John Marks)

Então, eu teria teus mesmos mecanismos mentais?

O princípio fundamental é o mesmo; tudo acontece na cabeça, na nossa concepção da realidade (Psychomagic de Alejandro Jodorowsky).

O que é a realidade?

Muito do que nós consideramos realidade depende de nosso conceito de objetividade e do contraste entre o objetivo e o subjetivo (Design thinking for innovation de Walter Brenner, Falk Uebernickel).

De acordo com você, esta entrevista faz sentido?

Se tudo o que o entrevistador queria era informação real sobre o entrevistado, então poderia fazer sentido" (The psychology of underachievement de Harvey P. Mandel, Sander I. Marcus).

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