Tariq Ramadan é suspenso da Universidade de Oxford após ser acusado de estupro

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08 Novembro 2017

Após dias de polêmicas e protestos por parte dos estudantes que pediam que a reitoria tomasse uma posição, a universidade anunciou a suspensão do seu professor de estudos islâmicos contemporâneos. Sociólogo Morin: “Estou enojado com o linchamento midiático”.

A reportagem é publicada por La Repubblica, 07-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Hollywood. Atores. ONU. Mundo da política. E agora a universidade. Oxford, para ser específico, no Reino Unido, onde o professor Tariq Ramadan, o estudioso-estrela do Islã, foi acusado de estupro na França e de abusos sexuais contra uma ex-estudante na Suíça.

Na França, o Ministério Público de Paris investiga por “estupro, agressão sexual, violências e ameaças de morte”, após a denúncia, do dia 20 de outubro passado, da ex-salafita que se tornou escritora e militante da laicidade, Henda Ayari, que disse ter sido violentada às margens de uma convenção muçulmana em Lyon, em 2012.

“Não tenho como pagar grandes advogados, mas vou até o fim, a qualquer custo”, escreveu ela no seu perfil no Facebook. “Se, por muitos anos, eu fiquei em silêncio, foi por medo de represálias, porque, quando eu disse que o denunciaria, ele me ameaçou, me dizendo que alguém poderia fazer algo com meus filhos.”

Ex-salafita, a mulher, em novembro de 2015, decidiu retirar o véu que trazia desde os seus 21 anos e de denunciar o marido fundamentalista. “Eu sei que ele vai me bater com os seus inúmeros apoios e que estou prestes a atravessar uma grande tempestade, mas não pretendo mais me calar, muito menos recuar em nome de todas as mulheres vítimas”, concluiu Ayari, que, desde então, tornou-se presidente da associação feminista Libératrices.

Uma segunda denúncia por estupro chegou poucos dias depois, por parte de Christelle, uma francesa convertida ao Islã, que preferiu permanecer anônima por medo de retaliações.

Em resposta, Tariq Ramadan apresentou uma denúncia por difamação e dirigiu-se à Justiça para parar aquela que ele definiu como a “máquina de lama” orquestrada “pelos meus inimigos de sempre”.

Nessa segunda-feira, o sobrinho do fundador do Movimento da Irmandade Muçulmana no Egito – considerado uma espécie de guru nos ambientes islâmicos – apresentou uma denúncia por difamação contra as indiscrições do jornal La Tribune de Genève sobre os supostos abusos contra quatro estudantes menores de idade na época em que ele lecionava na Suíça.

Depois de dias de polêmicas e protestos por parte dos estudantes que pediam que a reitoria tomasse uma posição, a Universidade de Oxford anunciou a suspensão do seu professor de estudos islâmicos contemporâneos.

Uma decisão, explicam os responsáveis acadêmicos, “tomada em comum acordo” e com “efeito imediato”, que deve permitir que Ramadan “responda às graves acusações” das quais é objeto.

A Oxford informou que reconhece a “gravidade das acusações contra o professor Ramadan” e ressaltou “a importância da correção e dos princípios da justiça e do justo processo”, afirmando que “um afastamento concordado não implica nenhuma presunção ou aceitação de culpa e permite que o professor Ramadan enfrente as acusações extremamente sérias feitas contra ele, as quais ele nega categoricamente”.

Nos últimos dias, o Charlie Hebdo, o jornal satírico semanal cuja redação foi dizimada nos atentados parisienses de janeiro de 2015, publicou uma charge em que o estudioso, retratado com um enorme falo, afirma ser “o sexto pilar do Islã”. O título escolhido pelo semanário é: “Estupro, a defesa de Tariq Ramadan”. Nas redes sociais, levantou-se uma campanha de insultos contra o jornal, com muitas ameaças de morte, a ponto de o diretor, Riss, ter que apresentar denúncia à polícia.

Enquanto isso, o ex-primeiro-ministro Manuel Valls aproveitou o caso para protestar contra a “duplicidade” de Ramadan, acusando a mídia, com referência particular a alguns jornalistas famosos como Edwy Plenel, de ter dado voz e crédito ao controverso estudioso.

O sociólogo Edgar Morin, que debateu com Ramadan em diversos livros publicados na França, disse-se “enojado” com o “linchamento midiático” contra o seu ex-colega.

Nos últimos dias, acabaram na “forca” das redes sociais um ex-ministro de François Mitterrand, Pierre Joxe, e Cristophe Arend, deputado do partido de Emmanuel Macron, La République en Marche.

* * *

Veja aqui uma das postagens de Henda Ayari sobre o caso, em sua página no Facebook, no dia 5 de novembro, às 19h04:

Si j'ai longtemps gardé le silence avant de parler ce n'est pas pour rien...Je ne souhaite à aucune femme de vivre un seul jour ce que je traverse depuis quinze jours (insultes, harcèlement, menaces, calomnies,...)

C'est très difficile mais j'encourage toutes les victimes à parler car la parole est libératrice, et elle en vaut vraiment la peine ! J'ai confiance en la justice et je sais que je n'ai rien à me reprocher à part le fait d'avoir dit la vérité. Merci encore à toutes les personnes qui m'apportent leur soutien dans cette période difficile de ma vie...Pardonnez moi de ne pas pouvoir vous répondre à chacun mais je reçois beaucoup trop de messages pour répondre à tous et à toutes alors un grand MERCI à celui ou celle qui m'a soutenu en public ou en privé et qui se reconnaitra…

Votre soutien m'apporte beaucoup plus que vous ne pouvez l'imaginer, c'est grâce à vous que je tiens encore debout ! Je ne suis plus seule cette fois ! Merci encore à toutes et à tous !

Je vous aime mes ami(e)s !

Henda

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