Em visita a Assis, Francisco ouve confissões, pede a todos que perdoem os outros

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05 Agosto 2016


Papa Francisco reza na Porciúncula, capela dentro da Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, 4 de agosto. (CNS foto/L’Osservatore Romano)

Celebrando como a misericórdia de Deus vem sendo experienciada por 800 anos em uma minúscula igreja de pedra em Assis, o Papa Francisco disse que as pessoas precisam experimentar o perdão divino e começar a aprender como perdoar os outros.

“O mundo tem necessidade de perdão; demasiadas pessoas vivem fechadas no rancor e incubam ódio, porque incapazes de perdão, arruinando a vida própria e a dos outros, em vez de encontrar a alegria da serenidade e da paz”, disse o papa nesta quinta-feira, 04-08-2016, durante uma visita à tarde à Basílica de Santa Maria dos Anjos.

A informação é publicada por Catholic News Service, 04-08-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Antes de falar sobre a importância da confissão e do perdão, Francisco colocou um buquê de rosas vermelhas e brancas no altar e rezou em silêncio por 10 minutos na Porciúncula, capela de pedra no construída dentro da basílica.

A capela beneditina do século IX foi confiada a São Francisco de Assis no início dos anos 1200. Quando São Francisco sentiu Deus chamando-o para reconstruir a sua Igreja, ele primeiro pensou que o significado era reconstruir a capelinha.

São Francisco restaurou a capela em 1207 e dois anos depois fundou, aí, a sua ordem religiosa. Essa capela é tão importante para a família franciscana que, quando chegara hora de construir uma igreja maior, a nova basílica foi erguida em torno da capela deixando-a intacta.

Mas o motivo por que o Papa Francisco a visitou na quinta-feira e o motivo por que milhares de pessoas viajam para lá todo mês de agosto é o “Perdão de Assis”, indulgência plenária oferecida aos visitantes que estão sinceramente arrependidos de seus pecados, que vão se confessar, receber a Eucaristia, recitam o Credo e rezam pelas intenções do papa como um sinal de sua unidade com a Igreja.

Na história franciscana, foi Deus quem autorizou São Francisco a oferecer a indulgência de Assis – redução de um castigo que alguém, com razão, deveria suportar por causa de pecados cometidos.

Ajoelhado em oração, São Francisco pediu ao Senhor que concedesse o pleno perdão para aqueles que viessem à Porciúncula e confessassem os seus pecados. O Senhor concordou. No dia seguinte – 2 de agosto de 1216 –, o Papa Honório III concordou.

Ainda que não estivesse escrito no texto preparado e havia sido mencionado na agenda do Vaticano para a visita, o Papa Francisco terminou a sua fala em Assis pedindo aos frades franciscanos e bispos presentes para irem a um dos confessionários e se colocassem disponíveis para oferecer o sacramento da reconciliação. Ele vestiu uma estola roxa e ouviu confissões antes de fazer uma visita a franciscanos em uma enfermaria nas proximidades.

Antes ainda, Francisco perguntou aos que estavam reunidos diante da Porciúncula: “Que poderia o Pobrezinho de Assis pedir de mais belo do que o dom da salvação, da vida eterna com Deus e da alegria sem fim, que Jesus nos conquistou com a sua morte e ressurreição?”

“A via mestra a seguir para alcançar o tal lugar no Paraíso é, sem dúvida, a estrada do perdão”, é aquela que Jesus prometeu a seus seguidores, segundo o papa. “Que grande presente nos deu o Senhor ao ensinar-nos a perdoar, para tocar quase sensivelmente a misericórdia do Pai!”

Em sua breve alocução, o papa fez uma reflexão sobre a parábola do “servo implacável” presente no Evangelho de São Mateus.

Como aquele servo, falou Francisco, muitos cristãos sentem ter uma dívida com Deus, uma dívida que não podem jamais pagar. “Quando nos ajoelhamos aos pés do sacerdote no confessionário, repetimos o mesmo gesto do servo da parábola (…). Dizemos: ‘Senhor, tem paciência comigo!’”
E o Senhor assim o faz, disse ele. Repetidamente as pessoas confessam os mesmos pecados, e Deus as perdoa.

“O problema surge, infelizmente, quando nos encontramos com um irmão que nos fez uma pequena ofensa”, continuou o papa.

De novo, muitas pessoas agem como o servo na parábola, que, depois de pedir clemência, vai aos que devem a ele e exige que o paguem imediatamente.

“Aqui temos todo o drama das relações humanas”, disse o papa. “Quando estamos em dívida com os outros, pretendemos misericórdia; mas, quando são os outros em dívida conosco, invocamos justiça”.

“Esta não é a reação do discípulo de Cristo, nem pode ser este o estilo de vida dos cristãos”, completou. “Jesus ensina-nos a perdoar, e a fazê-lo sem limites”.

O perdão de Deus é como uma carícia”, disse, “tão diferente do gesto” de um punho ameaçador acompanhado das palavras: “Paga o que me deves!”.

“O perdão de que São Francisco se fez canal na Porciúncula”, disse o Papa Francisco, “continua ainda a ‘gerar paraíso’ depois de oito séculos”.

“Neste Ano Santo da Misericórdia, torna-se ainda mais evidente como a estrada do perdão pode, verdadeiramente, renovar a Igreja e o mundo”, completou. “Oferecer o testemunho da misericórdia, no mundo atual, é uma tarefa a que nenhum de nós pode subtrair-se”.

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