''As mudanças climáticas são uma questão de fé'', afirma cardeal

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19 Dezembro 2011

As mudanças climáticas são uma questão de fé, porque lidam com a criação de Deus e com a pobreza, disse o cardeal hondurenho Óscar Rodríguez Maradiaga, de Tegucigalpa.

A reportagem é de Cindy Wooden, publicada no sítio Catholic News Service, 13-12-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O cardeal, presidente da Caritas Internationalis, estava em Durban, na África do Sul, para a conferência internacional promovida pela ONU sobre mudanças climáticas entre os dias 28 de novembro a 9 de dezembro. Ele comentou a conferência no dia 13 de dezembro com os jornalistas no Vaticano.

A Caritas Internationalis, uma confederação de 165 organizações de caridade católicas nacionais, fornece ajuda de emergência e ajuda ao desenvolvimento por todo o mundo. Mas também ensina os católicos sobre a doutrina social da Igreja, defendendo e educando as pessoas sobre questões de justiça e paz, disse o purpurado.

Em um momento em que tantas pessoas no mundo estão morrendo de fome, era importante para a Cáritas estar em Durban "porque uma das causas da fome são as mudanças climáticas e, especialmente, as atitudes irresponsáveis com relação à criação", disse o cardeal Rodríguez.

Para a Igreja Católica, afirmou, as mudanças climáticas não são apenas uma questão de "termômetros ou de análises científicas. Estamos falando de seres humanos e dos sofrimentos dos seres humanos".

Os católicos precisam saber que as mudanças climáticas são reais e são um problema que deve ser enfrentado, disse o cardeal. A forma como as pessoas tratam o meio ambiente deve mudar rapidamente, "não depois de todas as consequências e as tragédias que virão", explicou.

"É uma questão de fé, porque, desde o início da Bíblia, você vê como a criação foi confiada aos seres humanos" para a sua administração, não para a sua exploração, disse.

Embora a conferência de Durban não tenha levado a um compromisso forte e legalmente vinculante para reduzir as emissões de gases do efeito estufa dentro de um prazo específico de tempo, ela levou a promessas internacionais para continuar trabalhando para esse objetivo.

Com a economia internacional em ruínas, o cardeal Rodríguez disse que a equipe da Cáritas não esperava uma "mágica" de Durban, mas sim que a conferência fosse um sinal da crescente sensibilidade pública à necessidade real de mudança.

"É claro que os problemas são grandes. Para nós, um dos compromissos será continuar educando" os católicos e outras pessoas de boa vontade sobre a sua responsabilidade para com a criação e com os outros seres que vivem no planeta.

O cardeal hondurenho disse que a globalização "não é um palavrão", mas, se as pessoas a virem apenas como um processo de expansão dos mercados e das finanças, ela não vai ajudar a comunidade humana.

"É necessário globalizar a solidariedade", disse.

O cardeal Rodríguez é membro do Conselho Pontifício Justiça e Paz, que, no final de outubro, publicou uma nota sobre as causas e possíveis soluções para a crise econômica global. A nota pedia a criação de uma autoridade financeira global e de uma nova ordem financeira marcada por uma maior partilha e solidariedade com os pobres.

O cardeal descreveu a declaração do conselho como um "bom esforço" que foi "desacreditado pelo mundo financeiro, porque eles não querem que algumas questões sejam tocadas", para que não limitem a sua capacidade de agir da forma como têm feito.

A atual crise econômica global "não é apenas uma crise financeira, é uma crise ética", disse o cardeal.

Parte da resposta deve ser a austeridade voluntária, que é um princípio e uma virtude cristãos, afirmou.

"Podemos ser livres se formos mais independentes do consumismo", o que, por sua vez, liberta as pessoas para serem mais generosas com seus vizinhos que têm menos.

A CIDSE, uma aliança internacional de agências católicas de desenvolvimento com sede na Bélgica, disse que os "ganhos incrementais" do pacote de medidas acordadas nas negociações de Durban não fazem muito para evitar as perigosas mudanças climáticas e seus impactos sobre os países em desenvolvimento.

Embora a implementação do Fundo do Clima Verde acordado nas negociações seja "um passo importante para uma eficiente ferramenta para a adaptação climática e a mitigação das mudanças climáticas para os países em desenvolvimento", ela "não será de nenhuma ajuda, se não houver confiança e o dinheiro previsível alojado dentro dela", disse o comunicado.

"É da responsabilidade dos países desenvolvidos dar garantias sobre as fontes" que irão preencher o fundo, disse.

A CIDSE observou ainda que as comunidades pobres, que são "menos responsáveis" pelos níveis insustentáveis das emissões de gases de efeito estufa no mundo, estarão ainda mais em risco.

Um acordo global sobre a redução das emissões só irá ajudar a resolver a crise climática se for legalmente vinculante "e só será justa se as metas de redução das emissões forem definidas com base na contribuição histórica de cada país para os níveis atuais de gases do efeito estufa", afirmou.

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