''Assim eu aproximarei o Vaticano da rede''. Entrevista com Greg Burke

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27 Junho 2012

"Esperemos que eu possa fazer alguma coisa. Eu me dou conta das dificuldades e não tenho motivos para ser presunçoso": assim fala o jornalista norte-americano Greg Burke (foto), 52 anos, que foi nomeado "assessor para a comunicação" e que terá um escritório dentro da Secretaria de Estado vaticana.

A reportagem é de Luigi Accattoli, publicada no jornal Corriere della Sera, 25-06-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Burke ultimamente era correspondente em Roma para o canal Fox News e anteriormente tinha sido correspondente para outras agências e para a revista Time. Uma sugestão sua – quando trabalhava para a Time – esteve na origem da atribuição da qualificação de "homem do ano de 1994" a João Paulo II por parte da revista.

Um mês depois, esse reconhecimento estava ao lado de Burke no avião que levava o papa e os jornalistas para Manila, quando alguém gritou para Wojtyla, "Santidade, a Time o escolheu como homem do ano...". "Já é passado, já é passado", respondeu João Paulo II dissimulado, e dissimulado também se mostrava Burke, quando se esquivava dos elogios dos colegas: "Não sou eu quem decide o homem do ano".

É razoável imaginar que no Vaticano tenham se lembrado desse episódio de boa vizinhança com a mídia quando buscaram um remédio para os casos de "má comunicação" ocorridos em tempos recentes. Burke é um homem do Opus Dei, um jornalista profissional, um norte-americano.

Eis a entrevista.

Você foi escolhido porque é norte-americano, e dos EUA sempre vem a primeira crítica à comunicação vaticana...

É verdade que eu sou norte-americano, mas também é verdade que eu tenho a cidadania italiana há um mês. Não houve ligação entre as duas coisas: quando eu estava praticando para a cidadania italiana – vivo em Roma há 24 anos –, eu ainda não sabia dessa possibilidade. Eu recebi a cidadania no dia 4 de maio, e a proposta do Vaticano chegou um mês depois. A decisão ocorreu depois do dia 10 de junho.

O que você se propõe a fazer?

Eu vejo a comunicação da Santa Sé como um grande navio que manobra lentamente. Certamente não entrarei nessa máquina como fazem os fuzileiros navais. Sei que tenho que entrar com prudência. Sei que é um desafio para mim. Há um quarto de século, eu me ocupo, como jornalista, das atividades da Santa Sé e agora será interessante para mim ver essas atividades por dentro.

Você tem um plano de ação?

Eu não tenho planos nem ilusões, mas espero poder dar uma mão para que essa antiga máquina comunicativa possa dar alguns passos à frente. Eu considero a minha própria nomeação como um passo e digo isso objetivamente, sem levar em conta a minha pessoa. A minha nomeação revela a percepção da necessidade de prestar atenção aos meios de comunicação não só no momento da comunicação, mas ainda no da preparação do que será comunicado. Eu não sou um especialista em relações públicas, mas sei que o que os jornalistas buscam. Estou acostumado a monitorar o cenário informativo. Tenho alguma formação para entender como vai cair uma palavra que se diz ou uma notícia que se dá. Eu posso dizer: fiquemos atentos a isso, lembremo-nos daquilo.

Um leigo entre os padres não é como uma ovelha entre os lobos?

Espero que não, mas sei muito bem que eu não entro nesse ambiente tão exigente com as vestes de um padre ou de um bispo e, além disso, para esse mundo eu também sou jovem. Eu prevejo que alguns não vão admitir ouvir um "jovem leigo". Porque se tratará justamente disso: eu posso dar conselhos, mas não vou ter competências decisionais.

Pode-se dizer que você foi imposto pelos bispos norte-americanos irritados com a má imagem midiática que vem de Roma...

Quem diz isso se equivoca. Existe um aspecto norte-americano nesse episódio, mas não tem a ver com a minha proveniência. Refere-se sobretudo à dominância anglófona no mundo da internet. Não seria justo nem verdadeiro que alguém diga: os norte-americanos sabem aquilo que os curiais não sabem, portanto, entreguem o assunto nas mãos de um norte-americano. Mas é verdade que o que a Cúria diz e faz – talvez em latim, ou em inglês clássico – dirige-se hoje a um mundo que fala o inglês da internet. Eu vou ajudá-los a levar em conta esse mundo.

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