As reformas de Francisco com o “método Guadalupe”

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Por: Jonas | 20 Novembro 2013

“Se tivesse que resumir a missão da Igreja, após Aparecida e em sintonia com o ‘fenômeno Francisco’, diria que devemos nos apoiar mais na religiosidade de nossos povos, desenvolver um trabalho teológico com um maior conteúdo ecumênico, renovar as comunidades de base, potencializar a opção pelos jovens, afirmar a primazia da graça e do diálogo permanente com a cultura”, afirma o cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga (foto), coordenador do grupo de conselheiros do Papa, em entrevista concedida a Alver Metalli e publicada por Vatican Insider, 19-11-2013. A tradução é do Cepat.

 
Fonte: http://goo.gl/K8luix  

Eis a entrevista.

“Missão continental” resume uma tarefa, um impulso, algo que se encontra na natureza profunda da Igreja...

Eu acredito que é muito importante voltar ao ímpeto missionário dos inícios da evangelização na América Latina. Neste sentido, acredito que a figura de São Paulo é a mais rica para definir esta urgência. Gostei profundamente do ano dedicado à sua figura, proclamado pelo papa Bento, em 2008. Tratei de aprofundar, de conhecer melhor o apóstolo, de concentrar-me nele e em seu ímpeto. Dei-me conta da insuficiência missionária que estamos vivendo. Dormimos um pouco sobre os louros da prosopopeia da América Latina como continente católico, com a consequência de que se desdobra, sem desejar conscientemente, em uma pastoral de manutenção. No entanto, qualquer postura não pode ser preservada estaticamente, nem mesmo uma postura mais avançada em relação a qual já se chegou. Para mantê-la é necessário um impulso, caso contrário, há um regresso inexorável até a ruína e o fracasso nos objetivos propostos.

Neste sentido, não acredito que se trate de um momento positivo, favorável...

Para mim é um dos melhores momentos que poderíamos viver. Porque nos dá a possibilidade de compreender, de tomar consciência, portanto, de crescer. O Senhor nos disse e nos repete, com a liturgia do Advento que se aproxima, que é hora de despertar do sono, que este é o momento para perceber todos os desafios que temos diante de nós, que não é possível continuar perambulando meio adormecidos. Devemos recuperar o coração missionário de São Paulo.

Você chegará a Roma, dentro de poucos dias, para retomar com os demais cardeais o trabalho que o Papa lhes encarregou para a reforma da Cúria vaticana. Quais indicações, pontos de partida, ideias destes dias de trabalho, à sombra da Basílica de Guadalupe, você levará consigo?

O mais belo é que este encontro tenha sido realizado perto da Mãe. Nós não estamos reunidos, aqui, como um bom clube de católicos que se propõe encontrar algumas soluções particulares para problemas de sua época. Os problemas existem, e como...

De quais destes problemas a Igreja deve se ocupar, neste momento histórico da América Latina?

A dependência econômica e a desigualdade social continuam sendo as grandes pragas de nossos países. Enquanto uma parte da população satisfaz as próprias necessidades e pode se permitir o esbanjamento, outra, a maioria, vive na pobreza extrema. A educação nas mãos de um setor privilegiado da sociedade continua sendo o maior parasita para o progresso da América Latina...

Contudo, você disse que o objetivo da reunião não era encontrar soluções...

Claro, porque estamos reunidos como homens de fé, que aos pés da Virgem de Guadalupe querem recuperar a consciência de suas ações, desta “nova evangelização” tão urgente, para chegar ao encontro pessoal com Cristo. Nós não buscamos uma ideia sobre Jesus, uma doutrina sobre o Filho de Deus, mas uma pessoa que nos renova o mandato com o qual termina o Evangelho de Mateus: “vão por todo o mundo e anunciem a boa notícia”.

Parece-me que é também um dos critérios para o trabalho das reformas, para o qual você e os demais cardeais foram convocados pelo Papa...

É um dos pontos que Francisco está recordando constantemente e de uma maneira inapelável. Se tivesse que resumir a missão da Igreja, após Aparecida e em sintonia com o “fenômeno Francisco”, diria que devemos nos apoiar mais na religiosidade de nossos povos, desenvolver um trabalho teológico com um maior conteúdo ecumênico, renovar as comunidades de base, potencializar a opção pelos jovens, afirmar a primazia da graça e do diálogo permanente com a cultura.

A consulta que o Papa colocou em andamento, no início de novembro, com as 38 perguntas sobre questões morais, familiares, éticas, etc., foi bem recebida? Você sabe se os destinatários, pelo menos na América Latina, colocaram-se a trabalhar sobre estes pontos com o espírito que o Papa pediu?

Eu vi numerosos casos, escutei muitas realidades. Falaremos disso em nossa próxima reunião, no início de dezembro. O prazo para tirar conclusões vai até o final de janeiro, mas posso dizer uma coisa: o enfoque que o Santo Padre concedeu à consulta me agradou muitíssimo. Ele não quer que a consulta seja dirigida apenas aos que “cantam no coro”, deseja, na medida do possível, chegar além das fronteiras conhecidas, para que também sejam envolvidos os que não são crentes, mas que possuem coisas para dizer, porque a situação da família lhes toca de perto.

Mais uma vez mais, um critério de abertura, missionário...

Sem dúvida alguma.

Você acredita que consultas, assim como a que o Papa colocou em prática, são métodos que podem ser estendidos para outros assuntos, para outros problemas, para outras situações ou âmbitos do viver?

A reforma da instituição do Sínodo dos Bispos que o Papa tem em mente vai nesta direção. Que o Sínodo não ocorra apenas a cada três anos, para simplesmente redigir um documento sobre uma temática concreta, mas que se torne um organismo permanente que possa responder consultas sobre diferentes temas e questões.

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