''Há resistência, mas o papa nos ensina a dizer 'não' a formas perversas de poder e corrupção''

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18 Junho 2013

Contra a anunciada reforma da Cúria do Papa Francisco "há sinais de resistência, até mesmo bastante fortes", que assumem a forma "de fofocas, de insinuações e até de ameaça e descontentamento". Mas o Papa Bergoglio, diante dos "dois grandes temas candentes da relação com o poder-dinheiro, de um lado, e do poder-moralidade pessoal, de outro", que surgiram nos últimos meses, "está nos ajudando muito a dizer 'não' a todas as formas perversas de poder e de corrupção". A afirmação é do padre Rocco D'Ambrosio, professor de Política Filosofia e Ética Política da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, comentando as palavras que foram atribuídas ao papa no dia 14 de junho sobre a presença de um lobby gay e de uma corrente de corrupção no Vaticano.

A reportagem é de Nina Fabrizio, publicada pela agência Ansa, 15-06-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Quando perguntado se há resistências à anunciada reforma da Cúria por parte do Papa Bergoglio, D'Ambrosio observa: "Eu acredito que há sinais e até bastante fortes. Em um contexto de uma comunidade de fé religiosa como a católica, eles podem tomar o caminho do diálogo, do debate no respeito, ou, quando são silenciados, tomam o caminho da fofoca, das insinuações, até mesmo formas de ameaça e de descontentamento. Vemos diversos traços desse segundo modo na intervenção de Vittorio Messori no programa Porta a Porta do dia 14 de junho".

Eis a entrevista.

Quais são os temores que uma reforma do papa pode levantar?

Uma série de eventos nos últimos meses do pontificado de Bento XVI nos levam a considerar dois grandes temas candentes: a relação com o poder-dinheiro, de um lado, e a relação poder-moralidade pessoal, de outro. Eu acredito que o estilo evangélico do Papa Francisco está nos ajudando muito não só a dizer 'não' a todas as formas perversas de poder, seja em termos de dinheiro, seja em termos de moralidade pessoal, mas também está nos ajudando a aprofundar as raízes espirituais desses males. O livro de Bergoglio sobre a corrupção é iluminador a esse respeito, reconfortante e muito preciso ao dizer 'não' a todas as formas de corrupção no mundo e na Igreja.

De que modo o Papa Francisco guiará a Igreja nesta sua fase?

O Papa Bergoglio é um jesuíta no sentido mais profundo do termo. A sabedoria dos jesuítas leva a ter grande tenacidade nas reformas e escuta nos conselhos. A sua força não é apenas a capacidade de governo pessoal, mas também a vontade de compartilhar a responsabilidade em diversos níveis.

O que esperam os fiéis que lotam em grandes números os encontros com o papa?

Uma metáfora muito importante é a da linguagem. Quando o papa fala é imediatamente compreendido por pessoas que não têm superestruturas ideológicas. Ele fala para inteligências simples e profundas, que o entendem imediatamente, enquanto há uma rejeição por parte daquelas pessoas que pensam na fé em termos ideológicos, de superestrutura, de tradições que não sabem se renovar. Quanto mais ele agrada aos de longe, como pessoas e como inteligências profundas, menos ele agrada aos de perto, que perderam o frescor da fé.

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