Igreja da Inglaterra acaba com investimentos em combustíveis fósseis altamente poluentes

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04 Mai 2015

A Igreja da Inglaterra retirou seu dinheiro investido em dois dos combustíveis fósseis mais poluentes, como parte daquilo que chamou de "sua responsabilidade moral de proteger o mundo dos pobres do impacto do aquecimento global".

A reportagem é de Adam Vaughan, publicada pelo jornal britânico The Guardian, 30-04-2015. A tradução é de Claudia Sbardelotto.

Em uma medida aprovada pelo conselho da Igreja na quinta-feira, foi encerrado o investimento de 12 milhões de libras em areias de alcatrão de petróleo e carvão térmico - a primeira vez que a Igreja impôs restrições de investimento por motivos da mudança climática.

O enorme fundo de investimento da Igreja de cerca de 9 bilhões de libras e a liderança na mudança climática têm como alvo uma campanha global que apela para que as organizações parem de investir em empresas de combustíveis fósseis. Ativistas saudaram a medida, o que eles disseram ser a "extrema unção" para as duas indústrias.

"Essa política está enviando um sinal muito claro sobre os investimentos da Igreja", disse Edward Mason, diretor de investimentos responsável pela pelos comissários da Igreja".

"Essa é uma política muito abrangente, que aspira a colocar a Igreja na vanguarda dos investidores institucionais, destacando a urgência da transição para uma economia de baixo carbono e desempenhando o nosso papel como investidores".

A política da Igreja da Inglaterra sobre as mudanças climáticas está em vigor desde 2008, mas a nova política, resultado de uma avaliação de dois anos, marca uma postura muito mais ousada e mais intervencionista da Igreja.

Agora, serão excluídos investimentos futuros em quaisquer empresas que tiverem mais de 10% de seu lucro advindo do carvão térmico - utilizado para a geração de eletricidade - e do óleo das areias petrolíferas.

O cientista do clima James Hansen advertiu que seria o "fim do jogo" para os esforços de deter o perigoso aquecimento global se as areias petrolíferas do Canadá, terceira maior reserva de petróleo do mundo, forem totalmente exploradas.

A Igreja alegou que não se afastou de todos os combustíveis fósseis, como alguns ativistas queriam, porque o envolvimento com algumas empresas de petróleo e de gás produziram resultados, tais como a adoção de uma resolução liderada pela Igreja sobre a mudança climática por parte da BP em sua reunião anual no início deste mês.

"Empresas como as grandes companhias de petróleo e de gás são importantes participantes no mundo dos negócios e no mundo político, e nós gostaríamos que elas fossem parte de um apelo construtivo para a transição para uma economia de baixo carbono", disse Mason. A Igreja tem cerca de 101 milhões de libras investidas na Shell e 91,9 milhões na BP.

Mas a Igreja deixou claro que irá encerrar o investimento quando o compromisso não funcionar.

"O compromisso das empresas é algo que vamos levar em consideração para demonstrar o sucesso. Se o envolvimento com as empresas não é produtivo, a política deixa claro que o desinvestimento está lá como um último recurso", disse Mason.

O cônego e professor Richard Burridge, vice-presidente do grupo de consultoria ética de investimentos, responsável pela revisão, disse: "A Igreja tem uma responsabilidade moral de falar e agir tanto com relação à gestão ambiental quanto com relação à justiça para com os pobres do mundo que são mais vulneráveis ​​à mudança climática".

Christine Allen, diretora de política e assuntos públicos da organização de caridade Christian Aid, disse que saudava a iniciativa, mas que espera que a Igreja aborde seus investimentos em outros combustíveis fósseis no futuro.

"A Igreja da Inglaterra deu a 'extrema unção' para a indústria do carvão e das areias petrolíferas. A mensagem deve ser ouvida alta e claramente: essas indústrias não têm lugar em um futuro sustentável, e, finalmente, outros combustíveis fósseis também não", disse ela.

Bill McKibben, ambientalista proeminente que já havia criticado a Igreja da Inglaterra por demorar em atender os pedidos do arcebispo emérito anglicano Desmond Tutu em favor do desinvestimento, aplaudiu a nova política.

"Esaa é a primeira grande reviravolta na luta pelo desinvestimento, uma instituição que inicialmente se recusou a se mexer e, em seguida, em boa forma cristã, viu a luz".

"A Igreja da Inglaterra merece muito crédito - ela está avaliando os sinais dos tempos, como diz a Bíblia, e começando a mostrar a sua preocupação com as regiões mais pobres e mais vulneráveis ​​da humanidade e da criação", disse ele.

O jornal The Guardian está atualmente realizando a sua própria campanha na questão das alterações climáticas, convidando o Wellcome Trust e a Fundação Bill e Melinda Gates para desinvestir em combustíveis fósseis.

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