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23 Mai 2017

Francisco, fiel à linha que está levando em frente desde que foi eleito, não dá nada por óbvio e está modelando um Colégio Cardinalício cada vez mais expressivo da universalidade da Igreja e próximo da sua visão de mundo.

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 22-05-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Os cardeais que ele criou pessoalmente nesses quatro anos, muitas vezes “forasteiros”, até mesmo desconhecidos para a maioria, já estão superando numericamente aqueles criados pelo seu antecessor, Bento XVI, 49 a 51. A Igreja de periferia, um pouco desestruturada e um pouco de base, avança.

No dia 28 de junho, festa de São Pedro e São Paulo, o Papa Bergoglio colocará o barrete vermelho em cinco cardeais. Também desta vez, parece que a lista foi escrita pessoalmente, sem consultar nenhum dos seus colaboradores mais próximos, ouvindo apenas o seu coração.

A primeira surpresa relativa ao anúncio vem da Espanha: trata-se de Juan José Omella, o vigário da diocese de Barcelona. Depois, Jean Zerbo, um bispo de Mali que sempre se interessou por integração e diálogo com os muçulmanos, em uma país-dobradiça, atravessado por fundamentalismos.

A lista inclui o bispo sueco Anders Arborelius, Louis-Marie Ling Mangkhanekhoun, do Laos, e o auxiliar da Diocese de San Salvador, Gregorio Rosa Chávez, um dos artífices do acordo de paz alcançado em 1992.

No mês passado, depois que o cardeal Sistach, de Barcelona, completou 80 anos, os eleitores tinha caído para 116. Era necessário nivelar o número e chegar a 120, o que Francisco fez com um certo entusiasmo, sem esperar ter mais postos para contentar cidades cardinalícias que estão à espera de um cardeal, como, por exemplo, Palermo, Bolonha, Veneza.

Com o passar do tempo, torna-se cada vez mais claro que o papa argentino privilegia as periferias do mundo, em vez dos lugares de grau, inseridos na tradição. Como se Francisco quisesse deixar claro para os católicos de todo o mundo que é hora de mudar, que os velhos esquemas tornariam a leitura do mundo atual praticamente impossível, dadas as contradições, os horizontes mudados, a osmose das dinâmicas culturais em andamento.

“Desejo anunciar que, na quarta-feira, 28 de junho, realizarei um Consistório para a nomeação de cinco novos cardeais. A sua proveniência de diversas partes do mundo manifesta a catolicidade da Igreja espalhada por toda a terra, e a atribuição de um título ou de uma diaconia na Urbe expressa o pertencimento dos cardeais à Diocese de Roma, que, segundo a conhecida expressão de Santo Inácio, preside na caridade todas as Igrejas.”

A escolha dos três nomes

O mesmo vento de novidade abalou a Conferência Episcopal Italiana (CEI). Francisco definitivamente arquivou a práxis da nomeação do presidente, um privilégio que era reservado apenas para o episcopado italiano, já que todas as outras conferências elegem a própria cúpula.

A partir dessa segunda-feira até quarta-feira, mais de 200 bispos italianos se reúnem no Vaticano para escolher uma terna de nomes. Bagnasco se aposenta, e Bergoglio pediu a todos para não darem origem a “panelinhas”. Mas, nos bastidores, as preferências ligadas a velhos esquemas ainda parecem sobreviver.

Os bispos, pela primeira vez, deverão eleger três nomes a serem submetidos ao papa, a quem cabe a tarefa de escolher (ou, eventualmente, pôr de lado as propostas). Diversos nomes já surgem no horizonte em termos de credibilidade e densidade: Bassetti, de Perugia, Zuppi, de Bolonha, Santoro, de Taranto, Meini, de Fiesole. Nestes tempos, porém, é impossível fazer previsões. O forasteiro está sempre ao dobrar da esquina.

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