X, Y e Z, três gerações desiludidas com o futuro do Brasil. Entrevista especial com Ilton Teitelbaum

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Por: Patricia Fachin | 21 Outubro 2016

“Estamos diante de mais uma geração de brasileiros que talvez não veja o Brasil dar certo. Essa é a questão, estamos indo para mais uma geração: a X já não viu, a Y não está vendo e a Z começa a não ver. É esse o desencanto que leva as pessoas a baixar a guarda. Eles olham para trás e veem que a coisa não vai dar certo; portanto, Nelson Rodrigues tinha razão”, diz Ilton Teitelbaum, coordenador da pesquisa “O jovem brasileiro e o futuro do país”, que entrevistou 1.700 jovens brasileiros com idade entre 18 e 34 anos, das classes B e C.

Segundo Teitelbaum, as respostas dos jovens à pesquisa refletem a desilusão e o desencanto que eles sentem em relação ao futuro do país, e as crises política e econômica são “o fator gerador” desse sentimento. “Esses jovens nasceram em uma época sem inflação, na era digital e por isso sonhavam que o Brasil poderia ser uma potência mundial. Como isso não aconteceu, gerou um impacto no pensamento deles, de tal modo que muitos pensam que em 10 anos não gostariam mais de estar no país”, diz. Esse sentimento, pontua, não é apenas geracional, mas diz respeito ao modo como várias gerações têm se sentido em relação à falta de perspectiva no Brasil, e “o fato é que há pouco orgulho em ser brasileiro, muito em função dessas questões políticas e econômicas, dessa instabilidade que sempre nos persegue”, lamenta.

Um dos dados que tem chamado a atenção na pesquisa é que 36% dos entrevistados gostariam de mudar para o exterior. Estados Unidos e Inglaterra destacam-se como os “destinos tradicionais”, mas a novidade “é o fato de os jovens terem interesse pela Alemanha, por ser a Europa que dá certo, e pelo Canadá, por esse ser, talvez, a versão light dos Estados Unidos, uma América menos América, uma América mais europeia”, informa o pesquisador na entrevista a seguir, concedida por telefone à IHU On-Line.

Apesar do desapontamento com o futuro, os jovens entrevistados destacam as políticas sociais como algo positivo feito no país nos últimos anos. “Estamos diante de uma geração que cresceu sob as benesses ou a boa influência de políticas de distribuição de renda. Não esqueçamos: Minha Casa Minha Vida, Fies ou ProUni fizeram com que muita gente estudasse. Nesse momento em que a discussão sobre livre mercado saltita para todos os lados, não podemos esquecer que a base da pirâmide foi beneficiada, sim, pelo período que agora se tenta denegrir”, pontua.

Ao comentar o resultado da pesquisa, Teitelbaum frisa que a pergunta que se coloca é: “Será que os jovens mudam o sistema ou o sistema que mudará os jovens? Também terminamos a pesquisa perguntando para onde vamos”. E acrescenta: “Acredita-se que um esforço coletivo é o que levará o Brasil para frente, mas ninguém confia em ninguém. O fato é que ou começamos a trabalhar no sentido de ser, efetivamente, uma nação, ou nosso futuro será muito igual ao passado recente e ao passado mais passado, vamos repetir a mesma coisa, porque o Brasil não consegue se planejar como um país e não consegue se fazer uma nação”.


Ilton Teitelbaum (Foto: Bernardo Speck | PUCRS)

Ilton Teitelbaum é bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, e mestre em Administração, com ênfase em Marketing pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Atualmente leciona na PUCRS.

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Como foi realizada a pesquisa “O jovem brasileiro e o futuro do país”? Qual é o perfil e a idade dos entrevistados?

Ilton Teitelbaum – A pesquisa deste ano, que corresponde à edição futuro, é mais uma edição de um projeto que vem sendo realizado desde 2012, intitulado Projeto 18-34. Iniciamos esse projeto na grande Porto Alegre, a fim de compreender como os jovens se relacionavam com o dinheiro. Na verdade, a origem do Projeto era pesquisar a geração canguru, aqueles jovens que moram com os pais versus aquelas gerações que queriam sair de casa. A pesquisa acabou evoluindo e passou a comparar, dentro da então geração y, os jovens mais novos, que têm entre 18 e 24 anos, e os mais velhos, que têm entre 25 e 34 anos.

Em 2013, o foco da pesquisa foi investigar os sonhos e aspirações desses jovens, e realizamos uma edição nacional da pesquisa sobre consumo, hábitos e lazer dos jovens. As principais aspirações deles eram viajar e conhecer o mundo, depois ser feliz no trabalho e, em terceiro lugar, formar família. Dadas essas informações, ao final dessa pesquisa, surgiu a questão: O que é família para eles? Com isso nasceu a edição de 2015 da pesquisa, que foi o Projeto Família. Ao final desse projeto, surgiu outra grande pergunta: O que será o Brasil na mão dessas pessoas? Foi aí que se teve a ideia de pesquisar o futuro, que é justamente a edição deste ano.

O perfil da pesquisa, portanto, é entrevistar jovens que têm entre 18 e 34 anos, de classes B e C. Trata-se de uma pesquisa de produção regional, segundo o IBGE, e na edição deste ano foram analisados 1.700 questionários.

IHU On-Line - O senhor ficou surpreso com o resultado da pesquisa, já que boa parte dos jovens pretende sair do país? Quais são os dados mais relevantes da pesquisa deste ano?

Ilton Teitelbaum – São três os dados mais importantes: a política adquiriu uma importância para esse público, especialmente por conta da crise política que estamos passando desde 2013; o segundo aspecto diz respeito ao engajamento, pois a grande maioria se sente engajada, mas desconfia do engajamento alheio, desconfia que os outros são “engajados de sofá”, ou seja, só participam pela internet; e o terceiro ponto foi que 40% dos jovens pensam em ir embora do país.

O nosso complexo de vira-lata é endêmico, o Brasil nunca conseguiu se livrar disso desde que o Nelson Rodrigues inventou o termo, em 1950

O último dado está relacionado à desilusão, porque essa é a primeira crise para boa parte desses jovens que são da geração Z, que têm entre 18 e 22 anos. Esses jovens nasceram em uma época sem inflação, na era digital e por isso sonhavam que o Brasil poderia ser uma potência mundial. Como isso não aconteceu, gerou um impacto no pensamento deles, de tal modo que muitos pensam que em 10 anos não gostariam mais de estar no país.

O nosso complexo de vira-lata é endêmico, o Brasil nunca conseguiu se livrar disso desde que o Nelson Rodrigues inventou o termo, em 1950, depois da derrota para o Uruguai na Copa do Mundo. E o fato é que há pouco orgulho em ser brasileiro, muito em função dessas questões políticas e econômicas, dessa instabilidade que sempre nos persegue.

IHU On-Line – O senhor compreende esse desencanto e essa desilusão como algo geracional ou momentâneo, por conta da atual situação econômica e política do país, ou como algo que faz parte da história do Brasil, porque não é a primeira vez que gerações sentem essa desilusão? Diria que o resultado da pesquisa teria sido outro no primeiro governo lula, onde havia uma euforia e inclusive uma expectativa de melhoria de vida?

Ilton Teitelbaum – O problema não são as gerações, o problema é o país. Uma geração é um grupo de pessoas que sofre a influência de um ambiente, por isso esses jovens são digitais, por isso eles são ansiosos e por isso alguns deles têm dificuldades de relacionamento. A geração Z está muito mais parecida com a X, que é a minha: são focados em carreira, com alguma ambição, mas os jovens de hoje são extremamente digitalizados e têm dificuldade de se relacionar.

Respondendo a tua pergunta, diria que não é um efeito geracional, mas talvez os jovens de hoje sejam mais deprimidos, tenham mais ansiedade e, portanto, menos resiliência, menos tolerância à frustração, porque vivem em um mundo em que tudo é muito rápido e porque são filhos de gerações que tentaram compensar uma série de coisas dando a eles o que não tiveram. Parte desses jovens representam ¼ de primeiros universitários da família, filhos de gente pobre, em que todo mundo se juntou para tentar fazer com que esse cara estudasse.

Então, não é uma questão de efeito geracional, eles estão tendo, nesse momento, o impacto do país em que se vive. Talvez, por isso, a reação deles em um mundo globalizado, de fronteiras menores, seja a de dizer: “Eu não quero mais ficar aqui”. A minha geração foi para a rua pedir Diretas, a minha geração não foi para a rua com pautas, e eles foram para a rua protestar.


*Uma vez que não há consenso sobre os anos limítrofes de cada geração, a tabela apresenta uma média simples das datas mais comuns, exibindo na legenda concepções mais abrangentes e mais restritas de cada caso. (Fonte: Wikipedia)

IHU On-Line - O senhor diria que o Brasil é um país que oferece poucas condições para que haja melhoria de vida efetiva de geração para geração?

Ilton Teitelbaum – Esse é um problema de países subdesenvolvidos. A Argentina e o Uruguai sofrem a mesma coisa, e basta ver que existem 30 milhões de mexicanos morando nos Estados Unidos, e um Uruguai e meio morando fora do Uruguai. Nos momentos de crise, os argentinos foram embora do seu país. Os argentinos não têm dinheiro dentro do país, e o grande problema da Argentina é que o sistema financeiro não existe, porque eles nunca acreditaram na moeda. O problema, portanto, é de países que nunca conseguem dar certo, e o que estamos vendo é um recorte, nesse momento, dessa geração dizendo: “Agora o mundo está menor, eu estou vendo o problema pelas redes sociais e quero ir para o mundo que dá certo, quero ir para o Canadá”.

IHU On-Line - Canadá, EUA, Reino Unido e Alemanha são os destinos mais citados pelos jovens entrevistados. Eles comentam o que diferencia esses países do Brasil e por quais razões gostariam de morar neles?

Ilton Teitelbaum – Estados Unidos e Inglaterra são destinos absolutamente tradicionais. O que é novo na pesquisa é o fato de os jovens terem interesse pela Alemanha, por ser a Europa que dá certo, e pelo Canadá, por esse ser, talvez, a versão light dos Estados Unidos, uma América menos América, uma América mais europeia. Parece que não é tão fácil assim entrar no Canadá, mas existe uma ilusão de que é mais fácil entrar lá do que nos Estados Unidos.

Depois de tanto tempo estudando gerações, insisto: vivemos muito sob o efeito do ambiente, e as reações também são típicas de quem acabou sendo criado dentro de um ambiente e até preparado para que tudo desse certo. Claro que no primeiro governo Lula, se eu fizesse esse tipo de pesquisa, não daria esse tipo de resultado, mas nós não estamos no primeiro governo Lula, estamos depois da metade do segundo governo da Dilma. Um período em que as coisas não deram certo, que não se fez a transição do Bolsa Família para o Bolsa Empreendedor, que não se investiu em estrutura, não se preparou o Brasil para crescer e, mais do que isso, se descobriu, como diria George Orwell, que “ao fim e ao cabo os porcos todos foram caminhar em dois pés e tomar whisky com os seres humanos”, ou seja, todos ficaram muito parecidos, como mostra A revolução dos bichos.

IHU On-Line – A partir da pesquisa é possível identificar que visão geral esses jovens têm do cenário político e econômico?

Ilton Teitelbaum – A última parte da pesquisa é quantitativa e aparecem contradições: eles dizem que têm planos e que vão arriscar e lutar por eles até o fim, eles acreditam no empreendedorismo, seja no sentido de ser dono do próprio negócio, seja por necessidade de ser empreendedor na própria carreira. Por outro lado, existe um desencanto e aí entra essa salvaguarda de dizer que, se nada der certo, vão embora do país.

A questão política e econômica, nesse caso, não é comentada, ela é o fato gerador de tudo isso que estamos vendo. Mas observamos, pelo que eles manifestaram, que o comportamento deles é muito pautado por 2013. Foi quando, na avaliação deles, o país começou a não dar certo, aí tiraram o governo, colocaram outro que eles nem gostam tanto assim, e a leitura é a de que estamos mais uma vez diante de mais uma geração de brasileiros que talvez não veja o Brasil dar certo. Essa é a questão, estamos indo para mais uma geração: a X já não viu, a Y não está vendo e a Z começa a não ver. É esse o desencanto que leva as pessoas a baixar a guarda. Eles olham para trás e veem que a coisa não vai dar certo; portanto, Nelson Rodrigues tinha razão.

IHU On-Line – O senhor comentou que eles têm simpatia pelo empreendedorismo. Essa é uma geração que apostaria mais no livre mercado ou preferiria que houvesse uma intervenção estatal nos rumos da economia, por exemplo?

Essa é uma geração que ainda é de esquerda e centro-esquerda; não estamos diante de uma geração de liberais

Ilton Teitelbaum - Essa é uma geração que ainda é de esquerda e centro-esquerda; não estamos diante de uma geração de liberais. Se olharmos – e perguntamos isso –, ainda tem uma grande maioria que foi forjada em ser de esquerda e ser por esquerda. Tem uma preponderância de mais de 50% de jovens que se consideram de esquerda e centro-esquerda, principalmente por suas experiências de vida, e o desencanto com o PT, não me parece, por enquanto, ter afetado a posição deles. Mas há uma divisão entre eles, de aproximadamente 52% a 48%, que representa, inclusive, a divisão que existe hoje no Brasil.

IHU On-Line - Os jovens que querem sair do país são também de esquerda e centro-esquerda?

Ilton Teitelbaum - Esse cruzamento não foi feito. Segundo os dados, 64% dos jovens dizem que não querem sair do país, mas chama a atenção que 36% querem. Eles ainda estão esperando que as coisas se resolvam, se dispõem a ajudar, mas também dizem que o governo tem que ajudar.

IHU On-Line – Aparece na pesquisa, por exemplo, em relação ao futuro, o que seria uma vida adequada para essa geração em termos de trabalho e renda?

Ilton Teitelbaum – Não. Dessa vez não perguntamos quanto eles querem ganhar. Mas a partir da análise dos dados das edições, posso dizer que estamos diante de uma geração que não almeja ficar rica, mas que quer ganhar o suficiente para ter acesso aos pequenos luxos. O jovem de hoje não é um jovem patrimonialista; ele é despojado, quer ter pequenos luxos ou prazeres e, acima de tudo, poder viver e compartilhar experiências. Com isso, vem a história de viajar e conhecer o mundo.

Alguns anos atrás, talvez hoje isso esteja um pouco mais amenizado, o jovem se dispunha a abrir mão do emprego para poder passar um tempo fora, mas naquela época tínhamos pleno emprego, diferente de hoje. Alguns dizem – eu ainda não trabalhei em cima desses dados – que a geração Z puxa mais para o lado da X. Não sei se isso se confirma em relação ao patrimonialismo também, mas em relação à ambição e ao foco na carreira, sim.

IHU On-Line – Qual é o significado de morar fora do país, para eles?

Ilton Teitelbaum – Morar fora do país vem como um todo, inclusive como oportunidade de continuar estudando. Um dos jovens disse que gostaria de estudar fora do país porque teria mais chances. Ele parou de estudar porque o pai não tinha mais como pagar a faculdade de Direito.

Eles fazem uma comparação entre o que é bom lá e ruim aqui, ou seja, lá eles têm mais distribuição de renda, mais estrutura e mais condições humanas, e aqui só é bom porque o brasileiro é legal; e o melhor do Brasil é o brasileiro. Por outro lado, um ponto destacado por eles são as políticas sociais. Estamos diante de uma geração que cresceu sob as benesses ou a boa influência de políticas de distribuição de renda. Não esqueçamos: Minha Casa Minha Vida, Fies ou ProUni fizeram com que muita gente estudasse. Nesse momento em que a discussão sobre livre mercado saltita para todos os lados, não podemos esquecer que a base da pirâmide foi beneficiada, sim, pelo período que agora se tenta denegrir.

IHU On-Line - Qual a opinião dos jovens em relação ao ProUni?

Ilton Teitelbaum - Quando perguntamos o que tem de bom no Brasil, as políticas sociais são um dos pontos destacados. Eu não sei se eles as veem como algo 100% positivo ou como algo que ainda se salva; eles estão com uma visão muito negativa do Brasil.

IHU On-Line - O que se pode esperar em relação ao futuro do país a partir desses dados, em que boa parte de jovens que poderiam contribuir para o país pensam em deixá-lo?

Ilton Teitelbaum – Terminamos a pesquisa com a seguinte pergunta: será que os jovens mudam o sistema ou o sistema que mudará os jovens? Também terminamos a pesquisa perguntando para onde vamos. Acredita-se que um esforço coletivo é o que levará o Brasil para frente, mas ninguém confia em ninguém. O fato é que ou começamos a trabalhar no sentido de ser, efetivamente, uma nação, ou nosso futuro será muito igual ao passado recente e ao passado mais passado; vamos repetir a mesma coisa, porque o Brasil não consegue se planejar como um país e não consegue se fazer uma nação. Estamos sempre divididos, sempre temos o problema de uma elite que acha que o povo não sabe votar; de um povo que desconfia de uma elite; de uma esquerda que não gosta da direita, de uma direita que não gosta da esquerda. O Brasil faz carnaval junto muito bem, mas temos demonstrado que somos um país em que, na hora que deveríamos nos unir, sempre nos separamos.

IHU On-Line - O que seria fundamental para construir essa ideia de nação que não existe?

Todas as pessoas têm que acreditar um pouco mais que vai dar certo, mas o problema é que ninguém mais está conseguindo acreditar que dará certo

Ilton Teitelbaum – Temos uma crise de confiança, precisaríamos ter um governo que representasse, que demonstrasse um plano, precisaríamos de um empresariado que parasse de achar que tudo que não é ele que faz, está errado, especialmente aqui no Rio Grande do Sul, onde estamos na “república dos caranguejos”. Então, estamos sempre generalizando tudo. O grande ponto seria começar a entender o mundo sob os olhos dos outros, tendo um pouco mais de empatia. Fala-se, fala-se, mas o que vemos é sempre o outro que não presta e eu sou o que faço certo. Vemos os jovens reproduzindo isso.

Eu não tenho a solução, se tivesse, essa seria a resposta de 1 milhão de dólares. Ter um futuro passa por conseguir congregar e ter uma ideia de “pegarmos todos juntos”, só que para isso temos que acreditar no país, no governo. Seja com Estado mínimo ou Estado máximo, o povo precisa acreditar no governo que tem. Confesso, sinceramente, que não sei se tem solução. Já fui muito mais otimista em relação a isso, já peguei várias bandeiras nessa vida, mas cansei um pouco. O mais triste não sou eu; estou olhando pelos olhos dos outros e estou vendo muita gente “baixando o farol”. A expressão é antiga, mas cabe ser usada aqui: uma agenda mais positiva talvez fosse necessária. Todas as pessoas têm que acreditar um pouco mais que vai dar certo, mas o problema é que ninguém mais está conseguindo acreditar que dará certo.

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