30 Agosto 2018
Protestamos contra o leilão de energia A-6, que pode contratar esse poluente para assombrar o futuro do nosso país.
A reportagem é de Rodrigo Gerhardt, publicada por Greenpeace, 29-08-2018.
Nossos ativistas enfrentaram uma manhã fria e ainda escura do inverno gaúcho para realizar o enterro simbólico do carvão e mandar uma mensagem clara ao governo brasileiro: queremos o fim da fonte de energia mais poluente do mundo até 2030. O carvão, que moveu a Revolução Industrial e está diretamente ligado ao aquecimento global, deve ficar aonde ele pertence: no solo e no passado.
Nossos governantes, porém, parecem personagens de novela que, congelados no tempo, acordaram do século 19 sem a ideia do que sejam energias limpas e renováveis, e insistem em investir no atraso. No próximo leilão de energia que deve ser realizado nesta sexta-feira (31), dos 59 GW cadastrados para entrar em operação até 2024, metade (29,5 GW) é de origem fóssil. Além de térmicas a gás, incluem também duas novas usinas a carvão no sul do país, uma no Rio Grande do Sul e outra em Santa Catarina.
Sim, são exatamente as térmicas que, quando ligadas, elevam a tarifa de energia para a bandeira vermelha, muito mais cara, que você paga na sua conta de luz, para não falar dos vários impactos que elas trazem para o meio ambiente, para a saúde das pessoas e, no caso das movidas à carvão, até para a crise hídrica, por serem grandes consumidoras de água.
“Chega de energia suja!”
Por isso, com um caixão, uma lápide e a mensagem “Chega de energia suja”, nossos ativistas realizaram um protesto pacífico em frente à termelétrica Presidente Médici, no município de Candiota, a 400 km de Porto Alegre. Candiota foi escolhida como exemplo, pois concentra a maior reserva de carvão mineral no país (a hulha, de péssima qualidade) e o maior parque de usinas térmicas, além de ser a região onde será instalada uma das novas usinas com possibilidade de contratação no leilão, a UTE Ouro Negro.
“O governo insiste em permitir o crescimento do número desse tipo de usina no país enquanto observamos um movimento global no sentido contrário. Vários países dependentes do carvão, como França, Reino Unido, Canadá e México, já assumiram compromissos de abandonar essa fonte poluente até 2030”, afirma Marcelo Laterman, nosso especialista em Energia, que participou do protesto.
Segundo ele, este é um período factível para que possamos fazer uma transição realista em direção às fontes renováveis. Por isso, quereremos a mesma coisa. E a não contratação de novas térmicas a carvão é apenas o primeiro passo para que o Brasil também possa dar fim a todas as sua usinas em operação também até 2030. “No entanto, a contratação de uma nova usina agora pode garantir que ela funcione pelo menos até 2049”, afirma Laterman.
O carvão representa hoje apenas 2,3% da matriz energética brasileira, mas é responsável por 20% das emissões de CO2. É uma tecnologia ultrapassada de geração de energia que em nada contribui para o desenvolvimento de um país mais moderno, limpo e seguro. Se você também quer um Brasil melhor, ajude-nos a fortalecer esse movimento para que o governo assuma o compromisso pelo fim do carvão até 2030.
Leia mais
- Energia para quê e para quem? A matriz energética do Brasil em debate. Revista IHU On-Line Nº 236
- Alternativas energéticas em tempos de crise financeira e ambiental. Revista IHU On-Line Nº 285
- Com carvão, mister Trump?
- Casa Branca reduz regulação ambiental de usinas elétricas e exalta uso do carvão
- Entidades criticam Sartori por negociar carvão com empresa responsável por Fukushima
- Por que empresas de carvão dos EUA querem manter pacto do clima?
- Trump exalta carvão ao derrubar plano de Obama contra mudança climática
- De olho no carvão do RS, China quer reduzir uso do mineral em sua matriz energética
- ONGs pedem que Brasil tire incentivo ao uso de energia baseada em carvão
- Câmara aprova incentivo a térmicas a carvão
- Ibama embarga usina a carvão no Rio Grande do Sul por irregularidades ambientais
- Reino Unido fechará usinas de carvão em 2025
- Carvão e petróleo devem ficar no passado
- 'Carvão, 'o patinho feio da matriz energética'. Uma fonte controvertida. Entrevista especial com Roberto Heemann
- Superar a dependência do petróleo e construir uma matriz energética 100% renovável
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Um funeral para o carvão - Instituto Humanitas Unisinos - IHU